O órgão foi nomeado em homenagem ao anatomista italiano Marquês Alfonso Giacomo Gaspare Corti[2] (1822–1876), que conduziu a pesquisa microscópica do sistema auditivo dos mamíferos e o descobriu em 1850.[3]
Esse órgão é encontrado apenas em mamíferos.[4] Nos humanos, o órgão de Corti se desenvolve da 9ª semana à 30ª semana de gestação.[5] Ela evoluiu a partir da papila basilar encontrada em todos os tetrápodes, com exceção de algumas espécies derivadas que a perderam.[4]
Sabe-se que a pressão sonora produzida pelo estribo, ossículo que faz contato direto com a cóclea, pode gerar sensações auditivas diferentes. Fisiologicamente, entende-se que áreas diferentes da cóclea são acionadas dependendo da frequência do som emitido. Quando a frequência é mais alta (aguda), a região basal da cóclea, ou mais perto do estribo é estimulada. Quando a frequência do som tem natureza mais baixa (grave), a área do ápice da cóclea sofre esse estímulo.[7]
Essa estrutura é formada por alguns tipos de células:[8][9]
Células ciliadas internas: são as principais receptoras auditivas. Tem função de transformar a energia mecânica em energia elétrica, se comunicando com o nervo coclear;
Células ciliadas externas: são células amplificadoras. Influenciam padrões de vibração da membrana basilar através de se encurtamento e alongamento;
Células de sustentação;
Aferências neuronais;
Membrana tectória: recobre o órgão e é responsável pela deflexão e hiperflexão das células ciliadas durante a vibração da membrana basilar (é sobre a membrana basilar que se situa o órgão de Corti).[10]
As células ciliadas internas, células ciliadas externas e as células de sustentação estão fixadas na membrana basilar, sendo que as células ciliadas externas mais longas se fixam a membrana téctoria, enquanto as mais curtas não fazem contato direto. Com determinado estímulos, algumas das células mais curtas se alongam e tocam a membrana tectória fazendo links e abrindo canais para a troca de íons. Essas conexões quando rompidas podem levar ao rompimento de fluxo sanguíneo e como consequência à apoptose ou morte celular programada[11].[12]
O tipo mais comum de deficiência auditiva é a perda auditiva sensorioneural. Esta inclui como uma das principais causas da redução da função no órgão de Corti. Especificamente, a função de amplificação ativa das células ciliadas externas é muito sensível a danos causados por exposição ao trauma de sons excessivamente altos ou a certas drogas ototóxicas, sendo os antibióticos aminoglicosídeos[13] os mais estudados.[14] Também, é importante ressaltar que o envelhecimento é uma causa natural da perda auditiva sensorioneural.[15]
Uma vez que as células ciliadas externas estão danificadas elas não regeneram, e o resultado é uma perda auditiva de crescimento anormal de intensidade (conhecido como o recrutamento) na parte do espectro que as células danificadas são responsáveis.[16] As causas para a lesão do órgão de Corti são diversas, porém destacam-se ruído abrupto e intenso e exposição ao ruído (PAIR[17]). Essas lesões têm como consequência zumbidos e até tonturas, dado o fato da proximidade da cóclea e do órgão vestibular (responsável pelo equilíbrio). O principal público acometido por esse tipo de lesão auditiva são os trabalhadores industriais expostos a ruídos fortes e a ruídos constantes o dia inteiro. O diagnóstico nesses casos requer uma equipe multidisciplinar composta por um médico otorrinolaringologista e um fonoaudiólogo, porém esses casos tornam-se complexos devido a negligência ao ruído ambiental. Muitos pacientes ficam expostos a este tipo de lesão sem ao menos realizar uma audiometria.[18]
Notas
↑Pujol, Rémy; Lenoir, Marc (10 de Maio de 2016). «Cóclea: Órgão espiral». Cochlea. Consultado em 8 de Abril de 2020
↑Mangabeira Albernaz, Pedro Luiz (2008). Quem Ouve Bem Vive Melhor 1ª ed. [S.l.]: Grupo Editorial Summus. p. 41. ISBN8572550577. Consultado em 14 de dezembro de 2013
↑ abFuchs, Paul (2010). Oxford Handbook of Auditory Science: The Ear (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 355. ISBN019923339X|acessodata= requer |url= (ajuda)
↑Young, P. A.; Young, P. H. Basic Clinical Neuroanatomy. Baltimore: Williams & Wilkins, 1997.
↑Kelly, J. P. Hearing. In: Kandel, E. R.; Schwartz, J. H.; Jessel, T. M. Principles of Neural Science. 3 ed. New York: Elsevier Science
Publishing Co, 1991, p. 481499.