BP Bunge Bioenergia
A BP Bunge Bioenergia é uma joint venture de sociedade anônima fechada entre a comerciante de commodities norte-americana Bunge e a supermaior britânica BP no Brasil para produção de bioetanol e açúcar, energias renováveis e serviços de inspeção. Ela foi criada em 14 de fevereiro de 2019 com sede em São Paulo.[4][5] A empresa também atua em Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins.[6] HistóriaEm 2019, o lucro produzido pela BP e a Bunge estava diminuindo. Por isso, uniram suas operações no Brasil para se tornar a terceira maior processadora de cana-de-açúcar do planeta, perdendo apenas para a Raízen e a Biosev. Ao todo, a empresa passou a gerenciar onze processadoras. A produção parou de ser focada em açúcar em detrimento do etanol e produção de eletricidade por biomassa.[4] Mesmo com a pandemia de COVID-19, a empresa apresentou lucro desde sua criação. Ela também foi pouco impactada pela crise de exportanção de fertilizantes pela Rússia causada pela Invasão da Ucrânia.[7] Porém, em 2021, foi impactada pela alta do preço de fretes transoceânicos. O preço dos contêineres triplocou quando comparado ao início da pandemia em 2019, que levou à queda de exportações de açúcar e um aumento de estoque no Porto de Santos, que fez os preços da commodity caírem.[8] Em 2021, a BP Bunge realizou uma parceria com a Coopercitrus, com o objetivo de criar primeira operação completa de barter a partir da fixação de preços futuros de açúcares totais recuperáveis (ATR) de cana do mundo. A parceria está dentro do programa Allia, criada pela BP Punge.[9] Em 2021, a BP Bunge previu que a safra 2021/2022 seria 10% menor, devido à seca e geadas. Ela anunciou que plantaria 75 mil hectares de cana, 5 mil a mais do que na safra anterior, para cumprir seus objetivos de médio prazo.[10] No mesmo ano, a BP Bunge era a segunta maior processadora de cana-de-açúcar do mundo.[11] Em 2022, a joint venture foi posta à venda. a Bunge já estava tentando sair do mercado sucroalcoolero mesmo antes da criação da joint venture. A BP contatou a JP Morgan para vender sua fatia da empresa, mas a Raízen e a Mubadala mostraram interesse pela compra. A Mubadala ofereceu um valor considerado insuficiente, e a Raízen ofereceu troca de ações, e não tinham interesse em comprar todas as processadoras. Por isso, venda foi cancelada.[12][13][14] Em 2023, a BP Bunge conseguiu chegar a 80% de monitoramento indireto da soja no Cerrado. No mesmo ano, ela anunciou que estava buscando parceria com a Vega Monitoramento para aumentar o índice para 100%.[15] Ainda em 2023, assinou um contrato com a TIM para a instalação de um pouco menos que cem torres de transmissão em suas unidades. A iniciativa levará o 4G para o uso nos equipamentos agrícolas e da central IoT da empresa, e também beneficiará os municípios vizinhos dos locais de operação. A maior parte das torres será abastecida com energia solar.[16] Na safra 2022/2023, a venda de etanol para o mercado externo aumentou em 260%. Os principais compradores são Estados Unidos, Europa, Japão e Coreia do Sul.[17] A empresa previu o crescimento de 16% na produção de cana-de-açúcar na safra de 2023/2024[18] e uma quantidade de 610 milhões de toneladas de cana-de-açúcar safra de 2024/2025.[19] Investimentos e programasA empresa é parte do programa RenovaBio, do Governo Federal.[17] Em 2020, todas as 11 unidades da BP Bunge estavam certificadas para a emissão de créditos de descarbonização (CBios).[20] A BP vem sofrendo com a diminuição do lucro por pressão dos acionistas por uma transição da matriz energética baseada em petróleo. Porém, de acordo com a avaliação feita pelo Brasil de Fato no fim de 2021, apesar da BP ter mais ações concretas do que empresas nacionais, como a Petrobrás, ainda não há sinalização para uma saída do mercado de óleo e gás em curto e médio prazo.[21] Ela também é signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) para responsabilidade social corporativa e sustentabilidade. Por isso, implementou o Movimento Elas Lideram, com o objetivo de estabelecer lideranças femininas na empresa.[17] Além disso, a empresa afirma estar alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, e investe no reflorestamento de áreas do Cerrado e da Mata Atlântica perto de suas unidades de operação.[22] Até 2023, de acordo com Mario Lindenhayn, então presidente-executivo da BP Bunge, a empresa gastou R$ 6 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em áreas como trato cultural do plantio e colheita e agricultura regenerativa.[17] De acordo com Lindenhayn, a empresa se preocupa com a transição energética mundial.[23] Um produto que a empresa vê como fundamental em seus investimentos é o etanol 2G. A BP Bunge também investe em materiais derivados da cana, incluindo plástico verde.[11] Entre suas ações, está a substituição de fertilizantes nitrogenados e com base de fósforo e potássio. A nova técnica envolve a fixação biológica de nitrogênio nos canaviais, o melhor aproveitamento da vinhaça na adubação e uso de compostos orgânicos resultantes da mistura de torta de filtro e cinzas do bagaço, misturados a dejetos animais. Também estão sendo utilizadas outras opções desenvolvidas pela Embrapa. A empresa anunciou em 2023 que faria a transição até 2025.[17][24][25] A BP Bunge também instalou corretores dutoviários em seu processo de produção, que diminuiram a emissão de gases de efeito estufa.[26] Em dezembro de 2021, a BP Bunge fechou parceria com a AgTech Garage, que lhe deu acesso à um hub de 900 startups agritech em Piracicaba.[27] Cultura de trabalhoA BP Bunge implementou o Movimento Elas Lideram, com o objetivo de estabelecer lideranças femininas na empresa.[17] Ela também possui um programa de inclusão de pessoas com deficiência e discute o tema da inclusão e diversidade com os trabalhadores.[28] ControvérsiasIncêndio em ItuiutabaEm 28 de agosto de 2021, um incêndio que começou em uma plantação de cana-de-açúcar na zona rural de Ituiutaba atingiu um ônibus que transportava trabalhadores para a Usina Ituiutaba Bioenergia. Das 16 pessoas que estavam no ônibus, uma morreu, doze foram transportadas para hospitais com ambulâncias da usina e três, que não saíram do ônibus durante o incêndio, não se feriram. Dois dos trabalhadores feridos precisaram ser entubados. Um tinha 43 anos e teve 80% do corpo queimado. O outro tinha 35 anos e teve metade do corpo queimado. Outros dois funcionários, que queimaram 20% e 15% do corpo, também permaneceram internados. A BP Bunge afirmou que não havia iniciado o incêndio, já que a colheita era 100% mecanizada.[29][30] Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil em 3 de setembro.[31] Em 15 de dezembro, foram apreendidos notebooks, aparelhos celulares e documentos da usina, porém, de acordo com a Polícia Militar de Meio Ambiente, não foram encontradas irregularidades ou crimes ambientais.[32] Os trabalhadores recebiam suporte médico e seus salários eram pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mas até então não haviam recebido indenização. Então, seis meses após o incidente, os trabalhadores sobreviventes pediram indenização por danos estéticos, morais e materiais.[33] Trabalho escravoEm 18 de março de 2023, uma equipe formada pelo Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e a Polícia Federal libertaram 212 trabalhadores em condições análogas à escravidão que atuavam no plantio de cana-de-açúcar para a empresa terceirizada SS Nascimento Serviços e Transporte nas cidades de Itumbiara, Porteirão e Araporã. Esta foi a maior libertação do ano, batendo o recorde de 207 trabalhadores resgatados na vinícula em Bento Gonçalves. A BP Bunge e quatro fazendas se beneficiaram do trabalho. A joint venture afirmou que "agiu rapidamente em defesa dos trabalhadores para garantir as prioridades sociais e humanas e arcou prontamente com os pagamentos indenizatórios", de R$ 3,85 milhões, e que estava cooperando com as autoridades para apurar as responsabilidades.[34][35] Prêmios e certificações
Referências
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