Contudo, a sua maior contribuição se situa na área da pedagogiamusical, com o Método Orff de ensino musical, baseado na percussão e no canto. Orff criou uma escola de educação musical para crianças e leigos em 1925, no qual trabalhou até a data do seu falecimento.
Vida
Carl Orff se recusava a falar publicamente sobre seu passado. É sabido entretanto que nasceu em Munique, oriundo de uma família da alta burguesiabávara, muito ativa na vida militar alemã.
Orff estudou na Academia de Música de Munique até 1914. Serviu então às forças armadas durante a Primeira Guerra Mundial. Posteriormente, atuou nas óperas de Mannheim e Darmstadt, retornando depois a Munique, para continuar seus estudos musicais.[1]
Em 1925 foi co-fundador da Guenther School, para atividades físicas, músicas e dança em Munique, na qual trabalhou com iniciantes em música até o fim de sua vida. Pelo constante contato com crianças, desenvolveu suas teorias de educação musical neste período.[2]
Carl Orff é mais conhecido por Carmina Burana (1937), uma cantata encenada. É a primeira de uma trilogia intitulada Trionfi, que também inclui Catulli Carmina e Trionfo di Afrodite. Essas composições refletem seu interesse pela poesia medieval alemã. É descrita pelo compositor como "a celebração de um triunfo do espírito humano pelo balanço holístico e sexual". O trabalho foi baseado no verso erótico do século XII de um manuscrito chamado Carmina Burana (Bayerische Staatsbibliothek, Codex latinus monacensis, Clm 4660 & Clm 4660a),[5] encontrado num mosteiro Benediktbeuern da Baviera em 1803 e escritos pelos goliardos. Apesar de moderno em algumas de suas composições, Orff soube capturar o espírito da era medieval em sua trilogia. Os poemas medievais foram escritos em uma forma arcaica de alemão e latim.
Com o sucesso de Carmina Burana, Orff abandonou todos os seus trabalhos anteriores, exceto por Catulli Carmina e En trata, que foram reescritos até serem reaceitos por Orff. Carmina Burana é provavelmente a peça mais famosa composta durante a época da Alemanha nazi. Foi tão popular que Orff recebeu subsídios em Viena para compor uma música para Sonho de uma Noite de Verão, a fim de substituir a música banida de Mendelssohn.
Orff relutava em denominar seus trabalhos simplesmente como óperas. Por exemplo, ele designou Der Mond (ou A lua em língua alemã) (1939) como Märchenoper (ou Ópera de conto de fadas). Die Kluge (A mulher sábia) (1943) também se incluía na mesma categoria, segundo ele. Em ambas as composições existe o mesmo som medieval ou atemporal, sem copiar os idiomas musicais do período.
Sobre Antigonae (1949), Orff alega que não era uma ópera, mas sim uma configuração musical de uma tragédia arcaica. O texto é uma excelente tradução para o alemão, por Friedrich Hölderlin, da peça de Sófocles do mesmo nome. A orquestração depende muito da percussão, mas é simples. Foi definida por muitos como minimalista, em razão da linha melódica da obra.
Ao longo de sua vida, Orff trabalhou bastante com crianças, usando a música como uma ferramenta educacional, tanto a melodia e o ritmo, tratadas através de palavras.
Nos círculos pedagógicos, Orff é lembrado por essa nova abordagem da educação musical, desenvolvida junto com Gunild Keetman e consubstanciada no seu método Orff-Schulwerk (1930-35). Sua simples instrumentação permite que mesmo crianças não iniciadas possam executar peças musicais com facilidade. O termo Schulwerk em alemão significa tarefa (ou trabalho) escolar.
Obras musicais
Obras de teatro
Gisei – Das Opfer (depois do drama japonês Terakoya), Musikdrama, op. 20 (1913); UA: 30. 1. 2010 Staatstheater Darmstadt)
Frohmut Dangel-Hofmann, Carl Orff ─ Michel Hofmann. Briefe zur Entstehung der Carmina burana, Hans Schneider, Tutzing 1990. ISBN 3-7952-0639-1.
Bernd Edelmann, Carl Orff, in: Katharina Weigand (ed.): Große Gestalten der bayerischen Geschichte, Herbert Utz Verlag, München 2011. ISBN 978-3-8316-0949-9.
Alberto Fassone, Carl Orff, Libreria Musicale Italiana, 2.a edición, Lucca 2009. ISBN 978-88-7096-580-3.
Michael H. Kater, Carl Orff im Dritten Reich, in: Vierteljahrshefte für Zeitgeschichte 43/1995, pp. 1–35.
Michael H. Kater, Komponisten im Nationalsozialismus. Acht Porträts, Parthas, Berlín 2004. ISBN 3-936324-12-3.
Harald Kaufmann, Carl Orff als Schauspieler, in: Werner Grünzweig & Gottfried Krieger (edd.), Von innen und außen. Schriften über Musik, Musikleben und Ästhetik, Wolke, Hofheim 1993, pp. 35–40.
Michael Kugler (ed.), Elementarer Tanz – Elementare Musik. Die Günther-Schule München 1924 bis 1944, Schott Verlag, Mainz 2002, ISBN 3-7957-0449-9.
Stefan Kunze, Orffs Tragödien-Bearbeitungen und die Moderne, in: Jahrbuch der Bayerischen Akademie der Schönen Künste 2/1988, S. 193-213; reprint: Stefan Kunze, DE MUSICA. Ausgewählte Aufsätze und Vorträge, edd. Erika Kunze & Rudolf Bockholdt, Tutzing (Schneider) 1998, pp. 543-564.
Horst Leuchtmann (ed.), Carl Orff. Ein Gedenkbuch, Hans Schneider, Tutzing 1985. ISBN 3-7952-0451-8.
Andreas Liess, Carl Orff. Idee und Werk, nuova edición, Goldmann, München 1980. ISBN 3-442-33038-6.
Kii-Ming Lo, Sehen, Hören und Begreifen: Jean-Pierre Ponnelles Verfilmung der „Carmina Burana“ von Carl Orff, in: Thomas Rösch (ed.), Text, Musik, Szene – Das Musiktheater von Carl Orff, Schott Verlag, Mainz 2015, pp. 147–173, ISBN 978-3-7957-0672-2.
Jürgen Maehder, Die Dramaturgie der Instrumente in den Antikenopern von Carl Orff, in: Thomas Rösch (ed.), Text, Musik, Szene – Das Musiktheater von Carl Orff, Schott Verlag, Mainz 2015, pp. 197–229, ISBN 978-3-7957-0672-2.
Pietro Massa, Carl Orffs Antikendramen und die Hölderlin-Rezeption im Deutschland der Nachkriegszeit, Peter Lang, Bern/ Frankfurt/ New York 2006. ISBN 3-631-55143-6.
Godela Orff, Mein Vater und ich, Piper, München 1995. ISBN 3-492-18332-8.
Thomas Rösch, Die Musik in den griechischen Tragödien von Carl Orff, Hans Schneider, Tutzing 2003, ISBN 3-7952-0976-5.
Thomas Rösch, Carl Orff ─ Musik zu Skakespeares "Ein Sommernachtstraum". Entstehung und Deutung, Orff-Zentrum, München 2009.
Thomas Rösch (ed.), Text, Musik, Szene ─ Das Musiktheater von Carl Orff. Symposium Orff-Zentrum München 2007, Schott Verlag, Mainz 2015; ISBN 978-3-7957-0672-2.
Werner Thomas, Carl Orff, De temporum fine comoedia. Das Spiel vom Ende der Zeiten. Vigilia, Hans Schneider, Tutzing 1973, ISBN 3-7952-0132-2.
Werner Thomas, Das Rad der Fortuna ─ Ausgewählte Aufsätze zu Werk und Wirkung Carl Orffs, Schott Verlag, Mainz 1990, ISBN 3-7957-0209-7.
Werner Thomas, Orffs Märchenstücke. Der Mond ─ Die Kluge, Schott Verlag, Mainz 1994, ISBN 3-7957-0266-6.
Werner Thomas, Dem unbekannten Gott. Ein nicht ausgeführtes Chorwerk von Carl Orff, Schott Verlag, Mainz 1997, ISBN 3-7957-0323-9.
↑Carmina Burana, Faksimile-Ausgabe der Handschrift Clm 4660 und Clm 4660a, ed. Bernhard Bischoff, Prestel, München 1967; Carmina Burana, edd. Alfons Hilka, Otto Schumann y Bernhard Bischoff, Winter, Heidelberg 1930–1970.