Carnaval de PortugalO Carnaval de Portugal possui uma longa tradição carnavalesca e raízes milenares, sendo ainda hoje um dos mais importantes "ciclos" festivos do país.[1][2][3] Comemorado em Portugal desde o século XV,[4] o entrudo foi exportado pelos portugueses para a então colónia do Brasil, de onde regressaram no Século XX os elementos modernos do samba, que atualmente influenciam o Carnaval de algumas localidades portuguesas. Segundo alguns autores e historiadores,[5][6] o Carnaval da Madeira, em Portugal, que remonta ao período áureo da produção de açúcar, no século XVI, e a sua ligação aos escravos enquanto porto de passagem de bens e pessoas, teria acompanhado a expansão do comércio internacional açucareiro no Atlântico a partir daquela ilha,[7] influenciando as tradições carnavalescas do Brasil com as tradições e expressões lúdicas madeirenses.[8] Ainda que seja uma festa com maior destaque nos meios urbanos (onde é mais frequente a influência do Carnaval do Brasil), possui ainda características e tradições próprias, mais evidentes no Carnaval das zonas rurais do interior do país.[2][3] Com características próprias em cada localidade, os carnavais portugueses mais notórios são o de Ovar,[9] Estarreja, Madeira, Loures,[10] Nazaré, Podence, Loulé, Sesimbra,[9] Sines, Elvas, Torres Vedras[9][10] e Canas de Senhorim.[3] Apesar da longa tradição em Portugal, em 2021, a Assembleia da República chumbou a estabilização do dia de Carnaval como um feriado nacional obrigatório.[11] Carnavais por localidadeOvarO Carnaval de Ovar (também conhecido por Vitamina da Alegria) é um dos maiores eventos deste género em Portugal.[12][13][14] Organizado desde 1952, atrai anualmente milhares de visitantes (recentemente, mais de 100 mil pessoas),[15] decorrendo em eventos agendados durante, sensivelmente, um mês, embora a sua preparação seja antecedida por vários meses.[16][17][18] Os principais eventos são os três Corsos Carnavalescos,[19][20][21][22][23] e a Noite Mágica, um evento noturno que reúne milhares de foliões no centro da cidade, numa festa que dura até ao amanhecer do dia seguinte.[24][25][15][26] Participam no Carnaval de Ovar mais de 2000 figurantes, na sua maioria, habitantes do município de Ovar.[27][28][29][30] Para além de participarem de forma voluntária na preparação dos adereços que integram os vários desfiles, estes elementos pagam ainda quotas anuais (este valor varia consoante o Grupo), de forma a completar o financiamento concedido pela Câmara Municipal.[31] Os Grupos de Carnaval que desfilam em Ovar, para classificação,[32][33] organizam-se em 4 Escolas de Samba, 14 Grupos Carnavalescos e 6 Grupos de Passerelle.[34][35][36][37] Não se conhece o início das tradições Carnavalescas em Ovar. Os periódicos vareiros referem-se ao Carnaval de Ovar em 1887, designadamente “O Ovarense”, que entre outros refere “Tem decahido muito a animação d’este bello tempo dedicado aos divertimentos populares. De anno para anno se nota uma diferença considerável; esta diferença, porém, é geral”.[38][39] Em 1952, procedeu-se à institucionalização e exploração do Carnaval como cartaz turístico. Assim, neste ano, a 24 de fevereiro, realizou-se o primeiro cortejo de domingo gordo, organizado e concebido pelo arquiteto Aníbal Emanuel da Costa Rebelo, do Porto, José Alves Torres Pereira, da Póvoa do Varzim e José Maria Fernandes da Graça, de Ovar.[40][41] A década de 1950 foi marcada pelo chamado Carnaval Sujo,[42] um importante marco do Carnaval Vareiro. Durante mais ou menos 60 minutos (entre o soar de dois sinais sonoros – não se sabe se seria a sirene dos bombeiros ou os sinos da Igreja Matriz), o centro da então vila de Ovar transformava-se num autêntico campo de batalha e instalava-se a mais completa, nevoenta e barulhenta anarquia.[43][44] A década de 1980 marcou o aparecimento do samba e do Cortejo Infantil no Carnaval Vareiro.[45][46] A Costa de Prata desfilou, como projeto de escola de samba, em 1983.[47] Em 1989, eram já seis as Escolas de Samba a desfilar.[45] Ainda na década de 80, foi fundado o grupo Axu-mal, uma congregação de grupos piadísticos que se mantém até aos dias de hoje.[48] Em 2013, foi inaugurada a Aldeia do Carnaval. A construção deste equipamento surgiu da necessidade de criar um espaço que pudesse albergar os locais de trabalho dos vinte Grupos de Carnaval e quatro Escolas de Samba, dadas as dificuldades, resultantes do crescimento da cidade, em mantê-las no tecido urbano. Concentrou-se assim, num único espaço, atividades relacionadas com a preparação do Carnaval, que envolvem design, quer de vestuário, quer de elementos alegóricos, o desenvolvimento de estruturas mecânicas de apoio ao desfile, a experimentação de novas tecnologias, a música, a dança, o teatro de rua.[49][50][51][52] EstarrejaO Carnaval de Estarreja é um dos principais carnavais do Distrito de Aveiro, realizado anualmente em Estarreja e contando com vários desfiles e eventos.[53][54][55][56] No início do século XX, os estarrejenses faziam sair à rua, ainda que de forma tímida, a crítica social que contrastava com os característicos bailaricos que reuniam a mais alta sociedade da então Vila de Estarreja.[57] Em 1903, regista-se a primeira inscrição na imprensa local sobre a realização do desfile da “Batalha de Flores que muito animou a terra habituada a este género”. Estava já de tal forma enraizada a tradição que, pelos anos seguintes, a batalha foi continuando a sair para a rua. Obra de vários beneméritos que despendiam, à época, pequenas fortunas para que o povo da sua terra pudesse celebrar o Carnaval, indo até contra a vontade da Igreja que condenava este ritual pagão.[57] Em 1986, o Carnaval conheceu o primeiro grupo de folia. Longe do bairrismo que caracterizava as participações no corso carnavalesco, os Pimpões vieram imprimir uma nova dinâmica ao trabalho dos grupos apeados, com a introdução de novas ideias e diferentes métodos de trabalho. Estava dado o passo rumo ao final dos grupos de lugares e ao aparecimento de dezenas de novos grupos de folia.[58] Os anos 80 assinalaram a chegada do samba ao Carnaval de Estarreja. Numa noite de Marchas Luminosas, um grupo de rapazes mascarados e apaixonados pelos ritmos brasileiros levou para a rua aquele que viria a ser o primeiro grupo de samba estarrejense. Nasciam assim os Carecas, em 1986, formado exclusivamente por elementos masculinos. Um ano mais tarde, já com raparigas, os Carecas e as Carequinhas mudavam o rumo do Carnaval de Estarreja. Nos anos seguintes nasciam novos grupos de samba: Vai Quem Quer, Trepa de Estarreja, Os Morenos, Côco Tropical, Bem Bom e, mais recentemente, a Tribal.[58] Atualmente, para além dos Corsos Carnavalescos, decorre anualmente em Estarreja o Troféu Nacional de Samba, uma competição de reúne as Escolas de Samba vencedoras dos carnavais de Portugal, com o âmbito de coroar a campeã nacional.[59][60][61] MadeiraO Carnaval da Madeira é um conjunto de festividades de Carnaval que ocorrem na sexta que antecede o Entrudo e vão até terça-feira de Carnaval, um pouco por toda as freguesias da região.[62] As Festas de Carnaval da Madeira procuram manter intactas as raízes marcadamente populares. Na Madeira é tradição haver dois grandes cortejos de Carnaval: o Cortejo Alegórico e o Trapalhão, ambos realizados no Funchal. Segundo alguns autores e historiadores,[63][64] as origens do Carnaval madeirense, em Portugal, que remontam ao período áureo da produção de açúcar, no século XVI, a sua ligação aos escravos enquanto porto de passagem de bens e pessoas, quando se iniciou a expansão do comércio internacional açucareiro no Atlântico a partir daquela ilha, com ele viajaram também as tradições e expressões lúdicas regionais.[65] o que influenciou intrinsecamente as então festividades carnavalescas do Brasil,[66] LouresO Carnaval de Loures (também conhecido por Carnaval Saloio) é um dos maiores carnavais da região de Lisboa. Embora já desde os primeiros anos do século XX o Carnaval se celebrasse em Loures com alguma dimensão, 1934 é a data oficial do início das suas comemorações. Contudo, anos mais tarde, por ordem de um deputado da Assembleia Nacional Constituinte da época, este Carnaval foi proibido, dada a enorme popularidade que tinha alcançado. Só na década de 1970 o Carnaval voltou a realizar-se em Loures. Posteriormente, voltou a parar e ao longo dos anos sofreu diversas interrupções, até ao século XXI.[67][68] Em maio de 2000, foi criada a Associação do Carnaval de Loures, com o apoio fundamental da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal. Este Carnaval conta atualmente com mais de 1800 figurantes e 15 carros alegóricos no seu desfile carnavalesco, e os seus festejos atraem à cidade dezenas de milhares de pessoas, todos os anos. O Carnaval de Loures envolve ainda o chamado Baile Trapalhão, o Enterro do Rei do Carnaval (momento mais tradicional e satírico) e animação noturna, entre outras atividades, durante os 5 dias de Carnaval.[67][69] Região NorteEm Lazarim e Podence, pertencente ao concelho de Lamego, decorre anualmente um dos Carnavais mais genuinamente portugueses, com tradições ancestrais. As principais atrações deste entrudo são as tradicionais máscaras de madeira,[70] esculpidas por artesãos da vila. O Carnaval em si é uma uma herança romana, com uma mistura de tradições que remontam aos primeiros povos a habitar a região (como os Celtas e Suevos) e inspiração em figuras da mitologia pagã.[carece de fontes] As máscaras de madeira eram, por vezes, revestidas com pele de coelho e ornamentadas com cobras e sardões apanhados no inverno, que eram pregados às máscaras, para que estas adquirissem um aspeto mais aterrorizante. O entrudo também é celebrado em algumas regiões do Minho. Faz-se o enterro do mesmo na noite da terça-feira de Carnaval, com um cortejo fúnebre (com direito a carpideiras), sendo depois lido o Testamento do Entrudo. Este consiste num discurso satírico que tem como alvo diversas figuras de relevo, desde o Presidente da Junta ao Presidente da República. É também tradição os homens vestirem-se de mulheres e as mulheres de homem, ganhando a fantasia cujo folião não tenha sido possível identificar. É também habitual a presença dos tradicionais Gigantones.[carece de fontes] SesimbraO Carnaval de Sesimbra é organizado pela Câmara Municipal e conta com a participação de 6 Escolas de Samba e 2 grupos recreativos.[71][72][73] Meses antes do Carnaval, a azáfama nas sedes das Escolas de Samba e Grupos começa a mobilizar os participantes. Os ensaios sucedem-se, ouve-se o som dos tambores e pandeiros e praticam-se as coreografias e os enredos. Sesimbra vive o Carnaval de forma intensa. Não só pelos milhares de visitantes que se deslocam ao concelho para assistir aos desfiles, mas também porque toda a comunidade está empenhada em fazer desta altura do ano um momento-chave no calendário do município.[carece de fontes] As seis escolas de samba e os dois grupos são associações locais que trabalham, voluntariamente, para mostrar a alegria e o brilho próprios desta época festiva. Trata-se de um Carnaval verdadeiramente popular, que espelha a força de vontade das suas associações.[carece de fontes] Torres VedrasO Carnaval de Torres é uma das festividades de carnaval que se mantêm fiéis às tradições da comemoração do entrudo em Portugal. Este carnaval distingue-se pela participação espontânea e massiva dos seus cidadãos, que o apelidam de "mais português de Portugal".[74][75] Atualmente, o Carnaval de Torres é organizado pela Câmara Municipal, pela Real Confraria do Carnaval de Torres e pela empresa municipal de organização de eventos Promotorres.[carece de fontes] Nos corsos participam os carros alegóricos, os grupos de desfile, as matrafonas (homens mascarados de mulher) e os cabeçudos, acompanhados pelos Zés-Pereiras. Os populares associam-se também à folia, maioritariamente mascarados, e desfilam nos espaços livres entre os carros alegóricos e os grupos de desfile. O Rei e Rainha do Carnaval são sempre dois homens, um deles vestido de mulher.[76] A interação entre o público e os mascarados é em grande parte feita através do arremesso dos cocotes (uma pequena bola de papel de seda, atada com uma fita e contendo no seu interior graínhas de uva seca, atualmente produzida com restos de serradura e raspas de borracha). Na sexta-feira sai o corso das escolas: desfilam pelas ruas as crianças das escolas primárias e secundárias, com mascaras elaboradas nas escolas. Sábado à noite é dada ainda a oportunidade a todos os grupos que se mascarem e participem na festa do desfile de grupos de mascarados. A música é também toda ela local, tentando manter as raízes portuguesas. O toca à andar é um veiculo fabricado pela câmara, para fazer de palco móvel à banda torrenense Improviso Jazz que anima o Carnaval com música brasileira e portuguesa.[77] Datas móveis
Outros carnavais
Referências
Ligações externas
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