Cuazulo-Natal
Cuazulo-Natal[1] (KwaZulu-Natal) é uma província da África do Sul, criada em 1994. Tem área de 94 361 quilômetros quadrados e tinha, segundo censo do mesmo ano, 10 267 300 habitantes. Sua capital fica em Pietermaritzburgo.[2] HistóriaNo dia de Natal de 1497, o navegador português Vasco da Gama avistou a costa onde hoje se situa a cidade de Durban, batizando a região com o nome de Natal, em português, ou Terra Natalis, em latim.[3] A partir do século XVI, o interior do Natal foi ocupado pelo ramo angune dos povos de língua banta. No século XIX, os zulus estabeleceram o poderoso Reino Zulu a norte do rio Tugela que, sob a liderança de Shaka (1816-1828), lançaram uma série de campanhas militares devastadoras que provocaram o despovoamento da maior parte da região a sul do rio Tugela.[4] Em 1824, os britânicos estabeleceram um posto comercial a que chamaram Porto Natal (atual Durban), firmando um tratado com Shaka que lhes cedeu uma faixa de território com 50 milhas (80 km) de costa e uma profundidade de 100 milhas (160 km) no interior.[5] Entretanto, em outubro de 1937, ao interior que se encontrava despovoado na sequência das razias do zulus, chegaram os Voortrekkers, ou seja, os africânderes ou bóeres que haviam abandonado a Colónia do Cabo, governada pelos britânicos. Após uma tentativa frustrada de acordo entre os africânderes e os zulus, em dezembro de 1838, deu-se a Batalha do Rio Blood que terminou com a vitória dos bôeres sob o comando de Andries Pretorius.[6] Derrotados, os zulus fizeram amplas concessões aos bóeres estabelecendo-se num estado vassalo, a norte do rio Tugela, conhecido como Zululândia.[7] Os africânderes estabeleceram a República de Natália, com capital em Pietermaritzburgo e fronteira norte no rio Tugela, mas de curta duração, já que foi anexada pelos britânicos em 1843. Em resposta, muitos habitantes africânderes abandonaram o território, partindo para o Transvaal e para o Estado Livre de Orange, sendo substituídos por imigrantes provenientes do Reino Unido.[8] Em 1856, o Natal foi transformado numa colónia da coroa britânica e dotada do seu próprio conselho legislativo. Por essa altura, foi introduzida uma política destinada a reservar grandes extensões de terra para os povos bantus nativos, que eram bastante mais numerosos do que os brancos da colónia.[9] A partir de 1860, um número crescente de indianos passou a entrar na colónia como trabalhadores contratados nas plantações de cana-de-açúcar.[10] A colónia do Natal foi alargada por aquisições sucessivas, nomeadamente da Zululândia. Após a vitória britânica na Guerra Anglo-Zulu de 1879, a Zululândia foi formalmente anexada em 1887 e integrada no Natal em 1897.[11] Em 1893, os britânicos concederam autonomia de gestão interna ao Natal. Dois anos depois, foi construída uma linha ferroviária ligando Durban a Pretória, no Transvaal, com o Natal a aderir à união aduaneira dos estados sul-africanos em 1898. Durante a Segunda Guerra dos Bóeres (1899-1902), o Natal foi invadido pelas forças bóeres, impondo o cerco de Ladysmith. No entanto, o Natal permaneceu pró-britânico durante toda a guerra, devido às origens britânicas da sua minoria branca dominante.[12] Em 1910, a colónia tornou-se uma província da União Sul-Africana e, em 1961, da República da África do Sul. Durante o regime do apartheid,[13] os territórios que tinham sido reservados sob o fundo da terra indígena (1864) acabaram por formar o extenso, mas altamente fragmentado, estado negro não independente de Cuazulo. Este bantustão funcionou como pátria legal (homeland) para todos os zulus do país.[14] No final da década de 1980 e início dos anos 90, Natal e Cuazulo tornaram-se cenários de violentos confrontos entre partidos políticos rivais que lutavam pelo apoio dos sul-africanos negros, antes do estabelecimento do governo maioritário sob a nova constituição. Milhares de pessoas morreram nestes conflitos que colocaram os apoiantes zulus do Partido da Liberdade Inkatha[15] contra os adeptos do Congresso Nacional Africano.[16] Em 1994, quando a nova constituição sul-africana aboliu o sistema do apartheid, o bantustão de Cuazulo e a província do Natal uniram-se, constituindo o Cuazulo-Natal.[17] Ver tambémReferências
Bibliografia
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