Diogo PereiraDiogo Pereira foi um mercador, navegador e diplomata português do século XVI.[1] Pertencia à poderosa família dos Pereiras, ligada às origens de Macau, gozando de estreitas relações com os jesuítas.[1][2] A família Pereira, de acordo com o historiador Luís Filipe Barreto, era uma autêntica "família-empresa", que operava em Macau e que se ocupou de organizar o sistema alfandegário da cidade, em conformes aceitáveis para os magistrados chineses da província de Cantão, debelando assim os atritos que na década de cinquenta se faziam sentir entre moradores e mercadores, em Macau.[3] Diogo Pereira, desde a década de 40 do século XVI, que comercializou pelas costas do mar do Sul da China, assumindo-se como um mercador escanado e solerte.[4] O clã dos Pereiras, então encabeçado por Diogo Pereira, aproveitou o estabelecimento do diplomata Leonel de Sousa, e dinamizou o triângulo mercantil Ocidente-China-Japão, para os mercadores portugueses. Em 1548 participou, juntamente com Galiote Pereira, filho do alcaide-mor de Arraiolos, na defesa de Aiutaia, então capital do reino do Sião, face aos assédios do reino do Pegu, por molde a salvaguardar os interesses do Estado Português da Índia na região.[5] Ainda no mesmo ano, ordenou a Galiote Pereira que levasse os seus juncos para a costa da província chinesa de Fuquiém, a fim de tentar escoar as mercadorias e despojos que lograra obter no Sião, sob condição de depois regressar a Malaca.[6] Contudo, em 1549, os juncos de Diogo Pereira, confundidos com embarcações piratas pelas autoridades chinesas, foram obrigados a atracar à margem da costa de Fuquiém. Galiote Pereira, que viria a redigir a crónica «Algumas Cousas Sabidas da China», obra em que dá a conhecer ao povo português as suas vivências e peripécias pela China, começa a sua narrativa exactamente nesse momento, em que foram obrigados a atracara em Fuquiém.[7][8] Em 1552, foi nomeado embaixador na China, com a missão de acompanhar os jesuítas de São Francisco Xavier na viagem até Pequim. No caminho, porém, o missionário morreu, tendo sido sepultado na Ilha de Sanchoão[9]. Fernão Mendes Pinto, na sua Peregrinação, por seu turno, relata que Pereira mais tarde exumou o corpo de Xavier desse primeiro jazigo, tendo-o levado para Goa, onde foi novamente sepultado[10]. Em 1558 é nomeado pela população local Capitão de terra do Porto de Amacau. Gil de Góis, cunhado de Diogo Pereira, parte de Goa a 27 de Abril de 1563 para Macau na nau do cunhado, sob a comenda real de apresentar embaixada à china.[4] Além do presente para o Imperador, Gil de Góis trazia consigo o decreto real, onde constava que ele ou Diogo Pereira, se aquele assim o desejasse, deveriam ir à China, como embaixador. Nessa embaixada foram acompanhados pelos clérigos da Companhia de Jesus, para, pela quarta vez, se tornar a envidar a catequização do Império chinês, depois das tentativas de Francisco Xavier, Belchior Nunes Barreto e Luís de Fróis.[3][4] A carta régia, que foi entregue a Diogo Pereira, dava-lhe a oportunidade de escolher, entre ser embaixador à China, ou ficar em Macau com o cargo de capitão-de-terra de Macau, e já não apenas do porto.[3] Diogo Pereira optou por governar Macau, que em 1562, já orçava entre 800 a 900 moradores portugueses e já esboçava os primeiros litígios judiciais, começando a justificar-se a necessidade de estabelecer um juiz permanente, para os sanar.[1][4] De acordo com a historiadora Beatriz Basto da Silva[4][11]:
Depois de assumir a capitania do governo de Macau, terá nomeado Luís de Camões para o cargo de provedor dos defuntos[12]. A Diogo Pereira se deveu a nova organização e a lesta metamorfose do singelo povoado que era Macau numa cidade de pleno direito.[1] De acordo com o historiador chinês Tien-Tsê Chang[13]:
Enquanto representante dos mercadores e assecla da Companhia de Jesus, Pereira procurou impedir o capitão de Malaca, D. João Pereira, de ficar com o comércio privativo das ilhas de Cantão .[13] Subsequentemente, entrou em conflito com os interesses da nobreza portuguesa, acabando por ser destituído do cargo em 1565, pelo governador João de Mendonça, que entretanto nomeou D. João Pereira, para o suceder na condição de capitão-mor de Macau, bem como lhe conferiu o cargo de provedor dos defuntos[1][2]. De acordo com o historiador Luís Filipe Barreto[14]:
Em 1566, foi encarregado pelo cunhado, Antão de Noronha, então vice-rei da Índia, de comandar uma das naus da esquadra que combateu os mouros o Oceano Índico[15]. Em 1568, casou com Claúdia da família Martins na sua regressa a Portugal trazendo muitas riquezas de macau assim construindo o mosteiro dos Pereira Referências
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