Emily Brontë
Emily Jane Brontë (Thornton, Inglaterra, 30 de julho de 1818 — Haworth, Inglaterra, 19 de dezembro de 1848) foi uma escritora e poetisa britânica, autora do romance Wuthering Heights (O Morro dos Ventos Uivantes), hoje considerado um clássico da literatura mundial. Era a segunda irmã mais velha das três sobreviventes irmãs Brontë, entre Charlotte e Anne. Ela escrevia sob o pseudônimo masculino Ellis Bell. É, das três irmãs, a de que menos se têm informações, tendo vivido reclusa e introvertida. Charlotte Brontë, no seu prólogo para a edição de Wuthering Heights de 1850, falou da relação da irmã com as pessoas:
BiografiaEmily nasceu em Thornton, Yorkshire, na Inglaterra, parte do então Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda (hoje Reino Unido) em 30 de julho de 1818, a quinta dos seis filhos de Patrick Brontë, vigário da Igreja da Inglaterra, e Maria Branwell, e irmã de Charlotte Brontë e Anne Brontë, também escritoras.[3] Ela teve ainda duas irmãs mais velhas, Maria e Elizabeth e um irmão mais velho, Patrick Branwell.[4] Em 1820, sua família mudou-se para Haworth, onde o pai de Emily foi um curador, e nestes arredores o seu talento literário floresceu.[5] Depois da morte de sua mãe, quando Emily tinha três anos de idade, a austera tia Branwell foi morar com eles, e Maria, Elizabeth e Charlotte foram mandadas para um colégio interno em Cowan Bridge, onde sofriam castigos, alimentavam-se mal e não dormiam, devido ao frio. Emily juntou-se a elas durante algum tempo quando tinha seis anos. Quando uma epidemia de febre tifoide atingiu a escola, Maria e Elizabeth ficaram doentes e a primeira foi enviada para casa, onde morreu pouco tempo depois. Após a morte de Maria, o pai resolveu levar as crianças, definitivamente, de volta para casa, porém Elizabeth acabou por falecer depois do seu regresso.[6] Em casa, a nova empregada Thabitha (Taby) costumava contar-lhes histórias, e anos mais tarde Emily a homenageou como a fiel personagem de Nelly Dean, em Wuthering Heights. As 3 meninas, Charlotte, Emily e Anne, aprendiam tarefas domésticas e o único filho homem, Patrick (costumavam chamá-lo de Branwell), aprendia grego e latim com o pai.[7] Emily e os irmãos criaram, em suas brincadeiras, várias terras imaginárias (Angria, Gondal, Gaaldine), que aparecem nas histórias que eles escreveram. Tais terras imaginárias eram relatadas em detalhes, jornais e outros artigos que as crianças costumavam escrever, e onde seus soldados de chumbo, presente do pai, costumavam “morar”. Poucos dos trabalhos de Emily neste período sobreviveram, exceto por alguns poemas declamados pelas personagens e a lista de personagens de Gondal elaborada por Anne.[7][8] Posteriormente, Charlotte entrou para o colégio em Roe Head, Branwell começou a beber, e Emily começou a se isolar em seu mundo. Quando Charlotte, que acabou sendo bem aceita em Roe Head, foi convidada a lecionar naquela escola, levou Emily consigo; devido, porém, à timidez, Emily não se integrou e acabou voltando para casa, onde Anne se preparava para ocupar o seu lugar em Roe Head. Branwell, nessa época, já bebia imoderadamente, contava mentiras, não seguia a carreira promissora que o seu talento e o esforço do pai prenunciavam, e nem chegou a realizar os exames preparatórios na Academia de Belas-Artes de Londres, para onde o pai o mandara.[7] Idade adultaEmily tornou-se professora na Law Hill School em Halifax em setembro de 1838, quando tinha 20 anos.[9] No entanto, começou a ter problemas de saúde devido ao estresse causado por dias de trabalho de 17 horas e regressou a casa em abril de 1839.[10] A partir daí, dedicou-se maioritariamente a tarefas domésticas e a ensinar catequese. Ela aprendeu alemão sozinha através de livros e tocava piano.[11] Emily passava os dias, em casa, solitariamente. Em certa ocasião, um cão a mordeu no braço, e ela mesma cauterizou a ferida, ficando com o braço definitivamente deformado.[11] Nos intervalos dos afazeres domésticos, compunha versos que escondia. Através da correspondência com Charlotte, ficou sabendo que a irmã mandara uns versos aos poetas William Wordsworth e Southey, e não fora muito encorajada. Charlotte resolveu partir para a Bélgica, para trabalhar, levando Emily consigo. Em Bruxelas, conhecem o Professor Constantin Héger, por quem Charlotte se apaixona, apesar de ele ser casado. Héger ficou impressionado com a personalidade de Emily e escreveu:
As duas irmãs dedicaram-se a estudar francês e alemão e, ao fim de um semestre, tinham conseguido aperfeiçoar o seu francês de tal modo que Héger lhes pediu que ficassem mais seis meses em Bruxelas. Ele até propôs despedir o professor de Inglês da sua escola e oferecer o emprego a Charlotte, enquanto Emily ensinaria música.[13] Porém, a doença e a morte da tia delas obrigaram-nas a regressar a Haworth.[14] Os irmãos voltam a se reunir, com planos de fundar uma escola, mas não conseguiram alunos. Anne e Branwell vão trabalhar de preceptores, e Emily e Charlotte ficam em Haworth. Em 1845, Charlotte descobriu os poemas de Emily e decidiu que queria publicá-los, juntamente com os seus e os de Anne.[15] Em janeiro de 1846, uma pequena editora aceitou publicar o livro a expensas das próprias autoras, e foi usada, para isso, a herança da tia. Apenas dois exemplares foram vendidos, apesar do elogio da crítica. As três irmãs não desanimaram, e cada uma começou a escrever sua narrativa.[16] Wuthering HeightsCharlotte foi a primeira a publicar, Jane Eyre, sob o pseudônimo de Currer Bell, atingindo grande sucesso. Quando Wuthering Heights foi publicado em 1847, sob o pseudônimo Ellis Bell, Jane Eyre já estava na 2.ª edição. Wuthering Heights foi publicado como dois volumes de um conjunto de três que incluía Agnes Grey de Anne Brontë.[17] A estrutura do romance e o clima tenso da história levaram a que os críticos não compreendessem e não valorizassem por completo a obra. A violência e a paixão do livro levaram o público vitoriano e alguns dos primeiros críticos que o leram a acreditar verdadeiramente que tinha sido escrito por um homem. Segundo Juliet Gardiner: "a paixão sexual vívida e poder da sua linguagem e descrição impressionaram, deixaram perplexos e chocaram os críticos".[18] Embora tenha recebido críticas na época em que foi lançado, posteriormente o livro foi incluído no cânone dos clássicos da literatura inglesa. Recebeu várias versões oficiais no cinema e inúmeras adaptações.[19] Apesar de uma carta da sua editora indicar que Emily tinha começado a escrever um segundo romance, o manuscrito nunca foi encontrado. É possível que Emily, ou um membro da sua família o tenha destruído, se é que alguma vez existiu, quando a doença a impediu de o terminar.[20] MorteEmily acreditava que a sua saúde, à semelhança da dos irmãos, tinha sofrido devido ao clima severo do local onde viviam e às condições insalubres da sua casa (a água que recebiam vinha contaminada pelo escoamento do cemitério da igreja).[21][22] Ela apanhou uma constipação grave durante o funeral do seu irmão Branwell em setembro de 1848[23] e a sua saúde piorou ainda mais quando contraiu tuberculose.[24] Apesar de o seu estado de saúde se ter agravado bastante, ela recusou qualquer assistência médica e remédios, dizendo que não queria "veneno, nem médicos" perto dela.[25] Na manhã do dia 19 de dezembro do mesmo ano, Charlotte, preocupada com o estado de saúde da irmã, escreveu:
Ao meio-dia, Emily piorou: só conseguia falar através de sussurros entre suspiros. As suas últimas palavras que a família conseguiu ouvir foram: "podem chamar um médico? Queria que um me visse",[27] mas foi tarde demais. Ela morreu nesse dia às duas.[28] O seu irmão tinha morrido três meses antes, o que levou uma criada a declarar que "a Menina Emily morreu de coração partido pela morte do irmão".[29] Emily tinha emagrecido tanto que o seu caixão tinha apenas 40 centímetros de largura.[30] Ela foi enterrada na igreja de St. Michael and All Angels Cemetery, Haworth, Oeste de Yorkshire, Inglaterra.[31][32] No ano seguinte morre sua irmã, Anne Brontë.[33] Publicações
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Referências
Referências bibliográficas
Ligações externas
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