Gill nasceu em Brighton, Sussex. Em 1902 ele estudou lettering com o renomado tipografo Edward Johnson no Central School of Arts and Crafts em Londres. Johnson foi responsável pelo retorno do uso do lettering formal na Inglaterra. Enquanto Johnson valorizava a caligrafia, Gill usou o que tinha aprendido para desenvolver o desenho de letras em pedra.[1][2][3][4]
Em 1913 abandonou a Igreja Anglicana e se converteu ao catolicismo, ao longo da vida, escreveu vários ensaios sobre a relação entre religião e arte. Em 1925, Gill foi convidado pelo célebre tipógrafo Stanley Morison a ser consultor da Monotype, onde criou a tipografia Perpetua, com um belo desenho clássico, seguindo a tradição da Caslon e Baskerville (duas importantes famílias tipográficas britânicas). Em 1927 Gill criou a Gill sans, também para a Monotype, uma adaptação da fonte sem serifa do metrô de Johnson. Gill Sans se tornou a fonte sem serifa mais popular na Inglaterra, na primeira metade do século XX.[1][2][3][4]
Gill se associou ao movimento das private presses inglesas, em especial o Golden Cockerel Press onde trabalhou no notável The Four Gostels (1931). Nesse livro podemos perceber a união perfeita de tipografia e imagem. Através da técnica da xilogravura, Gill cria célebres ilustrações em que figuras alongadas interagem com letras desenhadas à mão, fazendo referência às iluminuras medievais. Gill também é conhecido como um mestre do desenho erótico.[1][2][3][4]
O excêntrico Eric Gill, que costumava usar uma bata de padre, mas ficando nu por baixo. Na biografia escrita por Fiona MacCarthy, ela relata as contradições de Gill, pois em sua vida privada ele teria realizado adultério, incesto e abuso sexual de menores e, em seu diário, há famosas passagens em que descreve suas relações com seu cachorro. Ele era um católico fervoroso com uma sexualidade complicada.[1][2][3][4]
Gill Sans (1927–1930): Uma das mais famosas criações de Eric Gill, esta fonte sem serifa é conhecida por sua clareza e legibilidade. Foi inspirada pela tipografia utilizada no metrô de Londres, criada por Edward Johnston. Gill Sans se tornou uma das fontes mais populares na Grã-Bretanha, especialmente para uso em sinalização e design gráfico.
Perpetua (1929–1930): Esta fonte serifada clássica foi criada para a Monotype Corporation. Perpetua é conhecida por seu estilo elegante e refinado, seguindo a tradição de outras fontes britânicas como Caslon e Baskerville. É frequentemente usada em textos literários e editoriais devido à sua legibilidade.
Golden Cockerel Roman (1929): Desenvolvida para a Golden Cockerel Press, esta fonte foi usada em várias edições de livros de alta qualidade. Combina características de tipografia clássica com a estética do movimento das private presses, que enfatizava a qualidade artesanal.
Solus (1929): Outra fonte serifada, Solus é menos conhecida que Perpetua, mas ainda é apreciada por seu design sólido e funcional. É utilizada em uma variedade de contextos, desde textos impressos a designs gráficos.
Joanna (1930–1931): Baseada no trabalho do tipógrafo francês Robert Granjon, Joanna é uma fonte serifada com um toque moderno. É famosa por sua clareza e foi usada por Gill em muitos de seus próprios livros impressos. É uma das preferidas para composição tipográfica de alta qualidade.
Aries (1932): Uma fonte serifada com um design delicado e refinado. Menos conhecida que outras criações de Gill, Aries ainda demonstra sua habilidade em criar tipografias elegantes e legíveis.
Floriated Capitals (1932): Esta é uma série de capitulares ornamentadas, usadas para iniciar parágrafos ou capítulos em textos decorativos. Elas são caracterizadas por desenhos florais complexos.
Bunyan (1934): Uma fonte serifada com um design robusto. Foi usada em várias publicações durante a década de 1930.
Pilgrim (1934, versão de Bunyan 1953): Originalmente desenhada como uma variação de Bunyan, Pilgrim foi refinada e lançada em 1953. Ela mantém as qualidades robustas de Bunyan, mas com ajustes que a tornaram mais versátil para diferentes usos tipográficos.
Jubilee (1934): Criada para comemorar o jubileu da Monotype Corporation, esta fonte serifada combina tradição e modernidade. É conhecida por sua elegância e legibilidade.
Fat Paddle (1935): Uma fonte experimental que também foi conhecida pelo nome "Shitass". Esta fonte foi menos convencional e mais ousada, refletindo o lado excêntrico e experimental de Gill. Ela é menos comum em uso comercial, mas mostra a variedade do trabalho de Gill.
Obras publicadas
Gill publicou numerosos ensaios sobre a relação entre arte e religião, e uma série de gravuras eróticas.[5]
↑ abChristopher Skelton (ed.), Eric Gill, The Engravings, Herbert Press, 1990, ISBN1-871569-15-X.
↑Gill, Eric (1931). Clothes: An Essay Upon the Nature and Significance of the Natural and Artificial Integuments Worn by Men and Women. [S.l.]: Jonathan Cape. OCLC7320636
↑Gill, Eric (1940). Autobiography: Quod Ore Sumpsimus. (published posthumously). [S.l.]: Jonathan Cape. ISBN1-870495-13-6
↑Gill, Eric. (2011). Notes on Postage Stamps Kat Ran Press, 2011. ISBN0-9794342-1-1.
↑In the series Christian Newsletter Books, The Sheldon Press.
↑Gill, Eric; Keeble, Brian (1983). A Holy Tradition of Working: passages from the writings of Eric Gill. Ipswich: Golgonooza Press. ISBN0-903880-30-X (reprinted 2021 by Angelico Press, ISBN978-1-62138-681-0).
Fontes
Attwater, Donal: A Cell of Good Living, 1969
Collins, Judith: Eric Gill — The Sculpture 1998
Gill, Cecil, Warde & Kindersley; The Life and Works of Eric Gill, 1968
Holliday, Peter: Eric Gill in Ditchling, Oak Knoll Press
MacCarthy, Fiona: Eric Gill, Faber & Faber, 1989
Speaight, Robert: Life of Eric Gill, 1966
Yorke, Malcolm: Eric Gill — Man of Flesh and Spirit, 1981