Ferrovia Norte-Sul
A Ferrovia Norte-Sul (EF-151) é uma ferrovia longitudinal brasileira, em bitola larga, projetada para ser a espinha dorsal do sistema ferroviário nacional, interligando as principais malhas ferroviárias das cinco regiões do país. Seu projeto atual foi concebido num eixo norte-sul na região central do território brasileiro, possibilitando a conexão entre as malhas ferroviárias que dão acesso aos principais portos e regiões produtoras do país, que até então estavam regionalmente isoladas. Quando concluída, possuirá a extensão de 4.155 quilômetros e cortará os estados de Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conectando os extremos do país. Atualmente, seu traçado efetivo vai de Açailândia (MA) a Estrela d'Oeste (SP). O trecho entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO) está sob responsabilidade da concessionária VLI, e entre Rio Verde (GO) e Estrela d'Oeste (SP) está sob responsabilidade da concessionária Rumo Logística. O trecho entre Açailândia (MA) e Anápolis (GO) teve as obras concluídas em 2014, já o trecho entre Ouro Verde de Goiás (próximo a Anápolis) e Estrela d'Oeste (SP) foi finalizado apenas em 2023.[2][3] A extensão Norte até o estado do Pará, já tem dois projetos protocolados no Ministério da Infraestrutura, um da Minerva Participações e Investimentos e outro da VALE[4]. A extensão Sul até o estado do Rio Grande do Sul, seguem em projeto sem data para execução. CaracterísticasConcebida sob o propósito de ampliar e integrar a malha ferroviária nacional, a ferrovia Norte-Sul se conecta com a Estrada de Ferro Carajás em Açailândia (MA), de onde é possível chegar ao porto do Itaqui. A partir de Porto Franco (MA), com a implantação da ligação a Eliseu Martins (PI), se conectará com a ferrovia Transnordestina, em construção pela Transnordestina Logística S.A., o que permitirá acesso alternativo da produção aos portos de Suape (PE) e Pecém (CE). Futuramente se conectará com a Ferrovia de Integração Oeste-Leste-FIOL, em Figueirópolis (TO) e com a FICO, em Mara Rosa (GO). Em Anápolis (GO), a Norte-Sul se conecta com com a Ferrovia Centro-Atlântica, porém esta opera em bitola métrica, demandando transbordo. Já em Estrela d'Oeste, no estado de São Paulo, a ferrovia se conecta com a Malha Paulista da Rumo Logística, dando acesso ao porto de Santos e ao polo econômico e industrial de São Paulo. A partir da malha paulista, também é possível acessar a Ferronorte, que segue até o estado de Mato Grosso. A ferrovia possui raio mínimo de curva de 343 metros e rampa máxima de 0,6%, o que permite uma velocidade máxima de 83 quilômetros por hora.[5][6] Ao longo de parte de seu trajeto em Goiás, Tocantis e Maranhão, a ferrovia segue paralela à Rodovia Belém-Brasília (BR-153; BR-226 e BR-010) e ao leito do Rio Tocantins. Na divisa entre o estado de Goiás e Minas Gerais, a FNS cruza o Rio Paranaíba, que faz parte da Hidrovia Tietê-Paraná. HistóriaO projeto da Ferrovia Norte-Sul começou a ser discutido em 1985, durante o governo do presidente José Sarney, com um traçado inicial que previa a extensão de aproximadamente 1.550 km, entre Açailândia (MA) e Anápolis (GO). As obras do primeiro trecho entre Açailândia (MA) e Porto Franco (MA), com 215 km, se iniciaram em 1987, mas foram concluídas apenas em 1996 durante o governo Fernando Henrique Cardoso.[7][8] Durante o primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, houve a determinação para a retomada da ferrovia até Porto Nacional (TO) e posteriormente até Anápolis (GO). O primeiro trecho entre Porto Franco (MA) - Araguaína (TO) com 146 km, foi inaugurado em 2007.[9] Em outubro de 2007, a operação do trecho da Ferrovia Norte-Sul entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO) foi concedido pela VALEC à Vale, por um período de 30 anos. A companhia foi a única interessada no leilão, pagando o valor mínimo de R$ 1,478 bilhão de reais, sendo R$ 740 milhões em 21 de dezembro de 2007, quando da assinatura do contrato e os 50% restantes pagos em duas parcelas, corrigidas pelo IGP-DI e acrescidas de juros de 12% ao ano, vencendo em dezembro de 2008 e de 2009. O trecho concedido foi de 722 km, porém somente o trecho entre Açailândia (MA) e Araguaína (TO), com 361 km de extensão, estava concluído em outubro de 2007. Com o dinheiro pago pela concessão, foi realizada a construção do trecho entre Araguaína (TO) e Porto Nacional (TO), com 359 km de extensão.[10] Em dezembro de 2008 foi entregue mais um trecho da ferrovia, que passou a operar de Açailândia(MA) até Colinas (TO), sendo 250 km de ferrovia no estado de Tocantins e 490 km desde o seu início.[11][12] Em março de 2010 foi inaugurado o trecho entre Colinas (TO) - Guaraí (TO) com 133 km.[13][14] O trecho entre Colinas (TO) e Porto Nacional (TO), que foi previsto inicialmente para 2009 e inaugurado em setembro de 2010 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, somente passou a operar no final de 2012, com a entrega oficial para a concessionária apenas em 2013. Em 2011 a Vale S.A. desmembrou a operação da Norte-Sul e a uniu a Ferrovia Centro-Atlântica, criando uma empresa dedicada à logística chamada Valor da Logística Integrada - VLI, que passou a operar e administrar o trecho Açailândia (MA) - Porto Nacional (TO).[15][16] Em janeiro de 2011, foram iniciadas as obras do trecho entre Ouro Verde de Goiás (GO) - cidade a cerca de 40 quilômetros a noroeste de Anápolis - e Estrela d'Oeste (SP), com 684 km de extensão.[17] Este trecho é o primeiro fora do projeto inicial da FNS, que tinha o traçado projetado apenas até Anápolis (GO), e posteriormente foi modificado para seguir até o porto de Rio Grande (RS). O trecho com mais 855 km entre Porto Nacional (próximo a Palmas) (TO) e Anápolis (GO), que era prevista para 2010, somente foi entregue em 2014 pela presidente Dilma Rousseff,[18][19] entretanto sem nenhum terminal operacional neste trecho, requerendo investimentos de 700 milhões de reais em pátios intermodais de cargas, viadutos e sinalização, pelo novo operador.[20] Já o trecho entre Ouro Verde (GO) e Estrela d'Oeste (SP) que tinha sua conclusão prometida para o segundo semestre de 2018, teve a obra encerrada com cerca de 95% de execução, onde o seu término ficou a cargo do futuro operador do trecho central.[21] No dia 20 de julho de 2018, o presidente Michel Temer assinou a medida provisória 845/2018, que cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Ferroviário (FNDF). Esta medida garante que todo o valor pago pela outorga da concessão do trecho entre Porto Nacional (TO) e Estrela d'Oeste (SP) da FNS, seja revertido integralmente para a construção do Prolongamento Norte, ligando Açailândia (MA) ao Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA)[22]. Porém esta não se converteu em lei em decorrência do término do prazo para sua votação no Congresso. No dia 28 de março de 2019, o governo do presidente Jair Bolsonaro realizou o leilão do trecho central de 1.537 km da Ferrovia Norte-Sul, entre Porto Nacional (TO) e Estrela d'Oeste (SP). A Rumo Logística arrematou a ferrovia pelo valor de 2.719.530.000 de reais (o que representa um ágio de 100,29% sobre o lance mínimo de 1.353.550.000 de reais), por um contrato de concessão de 30 anos, não prorrogável. Além da vencedora Rumo, participou do certame a VLI Multimodal S.A., que ofereceu 2.065.550.000 de reais, representando um ágio de 52,6% em relação ao valor mínimo de outorga.[23] O contrato de concessão foi assinado em Anápolis, no estado de Goiás, em 31 de julho de 2019.[24] Em 4 de março de 2021, a Rumo iniciou a operação no trecho entre São Simão (GO) e Estrela d'Oeste (SP), após investimentos de 711 milhões de reais. Em São Simão foi construído um terminal com capacidade estática de 42 mil toneladas e capacidade de movimentar por ano, 5,5 milhões de toneladas de soja, milho e farelo de soja.[25] Já no dia 29 de maio de 2021, partiu do Terminal Multimodal de Rio Verde (GO) a primeira composição ferroviária carregada com soja, com destino ao Porto de Santos. Esta viagem marcou a inauguração do trecho entre Rio Verde e São Simão (GO) com pouco mais de 200 km[26]. Em 9 de junho de 2022, entrou em operação o terminal de açúcar de Iturama, no Triângulo Mineiro em parceria com a Usina Coruripe. Após 36 anos do início das obras, em 25 de maio de 2023, a Rumo Logistica finalizou a construção dos cerca de 50 km de trilhos que faltavam para a conexão completa da ferrovia, entre os municípios de Goianira e Ouro Verde (GO)[27]. Traçado
Prolongamento sulO trecho em estudo, ligando Panorama (SP) e Rio Grande (RS), é atualmente chamado de Prolongamento Sul. A princípio, o projeto foi dividido em dois trechos:
Inicialmente o trecho ligando Panorama (SP) e Porto Murtinho (MS), sob a identificação EF-267, foi chamado de prolongamento sul da Ferrovia Norte-Sul.[38] Porém, este trecho foi incluído no Plano Nacional de Viação no dia 8 de maio de 2008, não mais como parte da FNS e sim como uma ferrovia que se conectará a ela, chamada Ferrovia do Pantanal.[39] Prolongamento norteO trecho ligando o Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA) e Açailândia (MA) é chamado de prolongamento norte da Ferrovia Norte-Sul,[38] fazendo parte da EF-151. Em 23 de Dezembro de 2021, a empresa MINERVA PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS S.A, assinou o contrato para a Construção e Operação do Trecho, sendo o documento publicado no Diário Oficial da União de 31 de Dezembro de 2021.[29][40] Em 3 de Fevereiro de 2022, a empresa 3G Empreendimentos e Consultoria Ltda, assinou com o Ministério da Infraestrutura assinou o contrato com a Empresa 3G Empreendimentos e Consultoria Ltda., para a construção do Trecho Entre Barcarena e Santana do Araguaia,[41] sendo que os projetos das empresas citadas são concomitantes entre os municípios de Barcarena e Rondon do Pará. RamaisAtualmente a ferrovia conta com dois ramais ferroviários:
Trechos em operaçãoPorto Nacional (TO) - Açailândia (MA)O trecho de 720 quilômetros entre Porto Nacional (TO) e Açailândia (MA), e operado pela VLI Multimodal S.A., proprietária da concessionária Ferrovia Norte-Sul S.A.. A operação no trecho possibilita uma economia de 8% no transporte de grãos até o Porto do Itaqui (São Luís), comparado ao uso de caminhões. O trecho transporta, principalmente, soja (55%), celulose (25%) e combustíveis (10%).[42] A duração da viagem entre Porto Nacional e o Porto de Itaqui tem, em média, 3,5 dias.[43] A carga principal da Ferrovia Norte Sul é a soja, embarcada em Porto Franco-MA e em Colinas do Tocantins-TO,[44][45] mas também transporta celulose para a Suzano Maranhão, que construiu um ramal próprio de 28 km da fábrica em Imperatriz (MA) até a ferrovia, com destino ao Porto do Itaqui.[46] Pela ferrovia é feito o transporte de combustíveis de São Luís até o terminal em Porto Nacional, e há a previsão de transportar álcool do Tocantins para o porto de Itaqui.[47][48] O volume movimentado pelo terminal subiu de 110 milhões para 270 milhões de litros combustível de 2014 a 2016.[20] Entre 2012 e 2015, o escoamento de grãos aumentou de 2,6 para 4,2 milhões de toneladas, 55% do volume total escoado no trecho.[49] O Terminal Integrador Porto Nacional tem capacidade para armazenar até 60 mil toneladas de grãos e movimentar 2,6 milhões de toneladas por ano. O Terminal de Palmeirante (TO) possui um armazém de 90 mil toneladas e pode expedir até 3,4 milhões por ano.[49] O trecho em operação tem capacidade para transportar até 9 milhões de toneladas de grãos por ano, mas sofre com a falta de vias de acesso aos trilhos.[50] De 2014 a 2017, foram escoados 11,7 milhões de toneladas de grãos entre Porto Nacional (TO) e o Porto de Itaqui (São Luís).[43] De janeiro a outubro de 2017, foram escoados 5,5 milhões de toneladas de grãos, superando em mais de 30% o que foi registrado em todo ano de 2015.[51] Começou a funcionar em abril de 2017 um eixo que faz a travessia de caminhões com destino a Porto Nacional por balsas de Santana do Araguaia (PA) até Caseara (TO), por 4 quilômetros do Rio Araguaia.[52] Assim, viagens que levavam 20 horas passaram a levar duas, elevando em 7% o volume recebido do Leste e Nordeste de Mato Grosso e do Sul do Pará.[43] Entre janeiro e outubro de 2017, o Porto do Itaqui transportou 1,184 milhão toneladas de papel e celulose, produzidos pela unidade da Suzano Papel e Celulose em Imperatriz (MA), trazidos pela Ferrovia Norte Sul e Ferrovia Carajás.[53] Em 2018 a ferrovia transportou 6,3 milhões de toneladas de soja, milho e farelo de soja em direção ao Porto do Itaqui. Já em 2019, o volume foi de 7,9 milhões de toneladas de grãos, oriundos do leste e nordeste do Mato Grosso, sul do Pará e da nova fronteiro agrícola, o MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Aumento de 25% em relação ao ano anterior.[54] Porto Nacional (TO) - Anápolis (GO)Desde a inauguração até a concessão, o trecho entre Porto Nacional e Anapólis promoveu sob gestão da Valec, o transporte de 18 locomotivas (fev/2015), 26 mil toneladas de farelo de soja (dez/2015), 13 mil toneladas de madeira triturada (dez/2016 a mar/2017), 8 mil ton. de minério de manganês (out/2017) e 62 barras de trilhos de 240 metros cada - aprox. 1000 ton. (dez/2017).[55] A capacidade de transportar novas cargas neste trecho inaugurado em 2014, era limitado tanto pela falta de terminais,[56] quanto pela incapacidade de fazer esta carga chegar a um porto, limitada pela capacidade na Estrada de Ferro Carajás que somente poderia absorver novos trens após a conclusão da duplicação em 2018.[57][58] Ouro Verde de Goiás (GO) - Estrela d'Oeste (SP)No primeiro semestre de 2021, a Rumo Logística iniciou a operação no trecho Centro-Sul da Ferrovia Norte-Sul, onde construiu dois terminais próprios. Em São Simão (GO) foi construído um terminal com capacidade estática de 42 mil toneladas e capacidade de movimentar por ano, 5,5 milhões de toneladas de soja, milho e farelo de soja, num investimentos de 711 milhões de reais. Em Rio Verde (GO), foi construído um grande Terminal Multimodal para soja e fertilizantes com capacidade de movimentar 11 milhões de toneladas por ano. Em 9 de junho de 2022, a Rumo Logística e a Usina Coruripe inauguraram um terminal para açúcar em Iturama (MG), com capacidade para movimentar 2 milhões de toneladas açúcar de exportação por ano[59]. Também está previsto o Terminal Multimodal de Santa Helena de Goiás que esta sendo construído pela Infra S.A.. Todo o trecho entre Porto Nacional (TO) e Estrela d'Oeste (SP) passou a estar totalmente operacional em junho de 2023[60]. Ver tambémReferências
Ligações externas |