Francisco Palha
Francisco José Pereira Palha de Faria e Lacerda, mais conhecido por Francisco Palha (Lisboa, 15 de janeiro de 1827 — Lisboa, 11 de janeiro de 1890) foi um escritor, dramaturgo, jornalista, poeta, filantropo e empresário teatral português do século XIX.[1][2] BiografiaNasceu a 15 de janeiro de 1827, na freguesia de Santa Engrácia, em Lisboa, defronte do Convento de Santa Apolónia. Era filho do Desembargador e Conselheiro José Pereira Palha de Faria Guião, natural de Évora e de sua esposa, Maria do Carmo de Faria e Lacerda, natural de Leiria, tendo a sua mãe falecido em consequência do seu parto, a 30 de maio do mesmo ano.[3][4] A paixão pelo teatro começou desde muito novo, o que o levou a escrever algumas peças que depois eram levadas à cena pelos seus condiscípulos. Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, atingindo o grau de Bacharel em Direito, em 1848. Em 1859, foi nomeado primeiro-ofcial da repartição da Instrução Pública e, mais tarde, escolhido para Secretário do Conselho Superior de Instrução Pública. Quando o Partido Progressista subiu ao poder, liderado pelo Duque de Loulé, Francisco Palha conseguiu convencer este estadista a aceitar a ideia da reforma do teatro normal, completando assim o que já tinha sido tentado por Almeida Garrett e Passos Manuel. Sempre demonstrou uma grande preocupação em melhorar a condição económica e profissional dos artistas.[5][6] Era um verdadeiro homem de teatro e um talento superior. No livro ou na imprensa, nesta principalmente, os seus elevados dotes de escritor, sincero e sarcástico, valeram-lhe em todos os tempos a admiração de amigos e inimigos. Deixou muitas obras de teatro de grande sucesso, entre elas: O Andador das Almas, Lisboa em 1850, Fábia, A Morte de Catimbau, República das letras, Há tantas assim!, Nini, Doidices Dramáticas, Loteria do Diabo, Estátua, Pepe Hillo, Último figurino, Barba Azul, Garra de Leão, Ave azul, etc. Auxiliou a sociedade artística do Teatro Gymnasio nos seus primeiros anos, presidiu à fundação da associação do Teatro das Variedades, em 1858, dando-lhe os mais difíceis impulsos. Como comissário régio do governo do Teatro Nacional D. Maria II, levantou-o do abatimento em que jazia para o elevar ao maior grau de prosperidade a que chegou. Desenvolveu e animou a literatura dramática nacional, obteve a reforma para os artistas, criou o Montepio dos atores, elevou os ordenados dos artistas, conseguiu que se fizesse o jazigo para os artistas dramáticos no Cemitério dos Prazeres, organizou uma companhia com que explorou durante uma época o Teatro da Rua dos Condes, fazendo ali subir à cena com excelente desempenho magnífica peças. A Francisco Palha deve-se também a criação do teatro de revista e a introdução da opereta e da zarzuela em Portugal. Pela ocasião em que Francisco Palha publica o livro de poemas Musa velha (1883), Júlio César Machado escreve um folhetim sobre o autor. Descreve-o como tendo por habilidade principal fazer rir o espectador ou o leitor, usando nos seus escritos diferentes estilos que confundem os críticos. Em termos pessoais, considera-o honesto e aplicado no trabalho. [1][2][5][7] Como jornalista, colaborou em jornais e revistas, tais como o Diário Popular, Diário Ilustrado, Gazeta do Dia, Semana Teatral e Revista Contemporânea. Foi sócio correspondente do Instituto de Coimbra e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.[5] Fez ainda construir o Teatro da Trindade, após a criação, em 1866, de uma sociedade, da qual é sócio gerente, com o Duque de Palmela, Frederico Biester, Ribeiro da Cunha e outros, tendo-o dirigido, após a sua inauguração a 30 de novembro de 1867, numa gala sublime que contou com a presença da Família Real, até à hora da sua morte, mantendo-se na história como uma das figuras mais importantes e beneméritas do Teatro Português do século XIX.[1][2][8] Residia no terceiro andar do prédio número 12 da Travessa Nova do Carmo, freguesia do Sacramento, ao Chiado, onde faleceu, vítima de congestão serosa. No seguimento da sua morte, o Trindade fechou as portas ao público por três dias em sinal de luto, sendo o seu funeral, ocorrido no Cemitério dos Prazeres, onde o empresário foi sepultado em jazigo, acompanhado por inúmeras figuras dos mais diversos setores da sociedade. Tendo falecido solteiro e sem descendência, deixa em testamento os seus bens ao afilhado Francisco Smith e, até à maioridade deste, o usufruto por parte de seu pai, João Miguel Smith.[9][10] Referências
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