Grande Prêmio da Espanha de 1989
Resultados do Grande Prêmio da Espanha de Fórmula 1 realizado em Jerez em 1º de outubro de 1989.[1] Décima quarta etapa do campeonato, foi vencido pelo brasileiro Ayrton Senna, da McLaren-Honda, com Gerhard Berger em segundo pela Ferrari e Alain Prost em terceiro com a outra McLaren-Honda.[2] ResumoPanorama espanholInconformada com a suspensão de Nigel Mansell por conta do incidente relativo às bandeiras pretas no Grande Prêmio de Portugal, a Ferrari interpôs um recurso junto à FIA, mas o veredicto não mudou. Agastado, o "leão" ameaçou deixar a Fórmula 1 antes de refluir em suas declarações e dirigir-se a Palma de Maiorca, no Arquipélago das Baleares, onde aproveitou a folga involuntária[3] obrigando a sua equipe a correr com apenas um carro, algo semelhante ao ocorrido no Grande Prêmio de Mônaco de 1989.[nota 2] Ácido como de costume, Jean-Marie Balestre resumiu assim o acidente em Estorilː "Era um dia tão bonito, tão azul, com todo aquele público nas arquibancadas, e os dois imbecis fizeram aquilo",[4] disse o presidente da FISA ao vergastar tanto Mansell, autor da transgressão e causador do acidente que tirou Senna da prova lusitana, quanto o brasileiro da McLaren. Ciente de que precisava vencer para lutar por mais um título, Ayrton Senna fez o melhor tempo no primeiro treino de sexta-feira, mas foi desclassificado por marcar sua melhor volta enquanto os fiscais recolhiam a Rial do suíço Gregor Foitek (substituto de Christian Danner), cuja batida forçou a interrupção da sessão.[3] Irritado, o brasileiro fez o melhor tempo quando reiniciaram os trabalhos, porém suas declarações sobre o dia na pista falavam mais sobre a dificuldade de enfrentar as dezesseis curvas de Jerez sob sol forte e menos sobre a virtual conquista de mais uma pole position. "A pole não é mais problema. O negócio agora é andar com pneus de corrida para saber como o carro vai se comportar", disse ele indiferente à multa de vinte mil dólares que recebeu.[5] "Aqui os pneus perdem muita aderência. Essa é minha maior preocupação a partir de agora".[5] Empenhado em encontrar o melhor acerto para a corrida, Ayrton Senna correu com tanque cheio no sábado pela manhã alheio à possibilidade de superarem o seu tempo, mas Pierluigi Martini provou o contrário ao volante da Minardi, assim como quatro outros pilotos, dentre eles o ladino Alain Prost, companheiro de equipe e rival do brasileiro na McLaren, e o motivado Gerhard Berger, o único piloto da Ferrari na pista. Ciente do risco, Senna desperdiçou um jogo de pneus em sua volta lançada, mas na tentativa seguinte estabeleceu o melhor tempo do treino e comemorou sua 40ª (quadragésima) pole position.[6] Gerhard Berger e Alain Prost vinham a seguir, com o surpreendente Pierluigi Martini em quarto e a Lola de Philippe Alliot em quinto.[3] Em situação mais modesta, o piloto finlandês J. J. Lehto celebrou o décimo sétimo lugar no grid e sua primeira classificação efetiva para uma corrida de Fórmula 1 ao substituir Bertrand Gachot na Onyx. Vitória doloridaCioso quanto a um novo bote de Gerhard Berger na hora da largada, Ayrton Senna manteve a primeira posição com a Ferrari atrás de si enquanto Alain Prost vinha em terceiro lugar. Em apenas dez voltas a vantagem dos líderes sobre o francês era de dois segundos, a qual triplicou na vigésima volta. A referida tríade fez seus pit stops nas voltas 27 (Prost), 29 (Berger) e 30 (Senna) e graças ao trabalho bem-feito pela McLaren, Ayrton Senna manteve a liderança ao voltar à pista, com menos de dois segundos sobre Gerhard Berger.[7][8] Sem alternativa, o brasileiro forçou o ritmo e negociou melhor as ultrapassagens sobre os retardatários, embora Philippe Alliot e Andrea de Cesaris tenham sido mais renitentes justo quando o câmbio, os freios e o computador de bordo de Senna não estavam em boas condições e o próprio piloto sentisse dores pelo corpo.[7][9][10] Depauperado, o bólido de Ayrton Senna estaria ao alcance de Gerhard Berger, mas para o desânimo dos tifosi o ataque não foi possível devido ao mau estado dos pneus da Ferrari e a um vazamento de óleo no motor do austríaco, tanto que, a dez voltas do fim, Senna tinha mais de vinte e três segundos sobre Berger e este mais de vinte em relação a Prost.[11] Sem nenhuma surpresa, o trio cruzou a linha de chegada uma volta adiante de quem completou a zona de pontuação. Exausto, Ayrton Senna conseguiu vencer, adiou a decisão do título para o Japão e igualou-se a Nelson Piquet em 20 vitórias, dividindo com ele o título de brasileiro que mais subiu ao topo do pódio na história da Fórmula 1. Aos fãs de Senna e demais torcedores impressionados com suas expressões de dor no momento da premiação e durante a coletiva de imprensa, o fisioterapeuta Josef Leberer explicouː "A tensão e a dificuldade de controlar o carro, com problemas de câmbio e freios, provocaram o enrijecimento do nervo ciático",[12] razão pela qual o brasileiro da McLaren mal podia andar. Quanto ao segundo lugar de Gerhard Berger, este declarou o seguinteː "Tive dificuldade de levar o Ferrari até o final. Com o motor perdendo óleo, era impossível atacar Ayrton".[12] Terceiro colocado, Alain Prost comparou seu carro a um táxi, declarou ser impossível ir além desse resultado, culpou o câmbio, o traçado de Jerez e o óleo em sua viseira pelo mau resultado e, embora tenha assinado uma declaração em sentido contrário, alfinetou a Honda.[13][14] Completaram os seis primeiros os seguintes pilotosː Jean Alesi, da Tyrrell, Riccardo Patrese, pela Williams, e Philippe Alliot em sua Larrousse com chassis Lola.[3] Decisão adiadaMesmo com esse resultado, Ayrton Senna precisará triunfar no Japão e na Austrália para chegar ao título, caso contrário o francês Alain Prost, seu rival e companheiro de equipe, conquistará o tricampeonato mundial.[2][15] Isso porque Alain Prost tem 76 pontos válidos contra 60 de Ayrton Senna, mas o brasileiro está isento do descarte de pontos estipulado no regulamento, enquanto seu adversário já chegou aos onze resultados válidos e tem a obrigação de abdicar do pior entre eles a cada etapa.[nota 3] "Conhecendo Alain, sua larga experiência, não creio que deixará escapar essa oportunidade",[16] disse o tricampeão Nelson Piquet ao vaticinar Alain Prost como o campeão de 1989, pois o francês garantirá o título mesmo sem pontuar, desde que Senna também fique pelo caminho em qualquer das provas vindouras.[2][17] Classificação da provaPré-classificação
Treinos oficiais
CorridaTabela do campeonato após a corrida
Notas
Referências
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