Grupo Macaúbas
O Grupo Macaúbas é uma sequência geológica localizada na área limite (a oeste) do Cráton São Francisco denominada Faixa Araçuaí, a qual é caracterizada como um cinturão de dobramentos e empurrões. O Grupo registra a evolução de uma bacia neoproterozoica, desde um estágio de rifte continental até uma fase de margem passiva, com influência glacial de forma parcial. Inicialmente nomeado como "Formação Macahubas", hoje é conhecido como "Grupo Macaúbas" e tem sua estratigrafia continuamente revisada e refinada, resultando na subdivisão do Grupo Macaúbas em formações que serão vistas a seguir. EstratigrafiaA sedimentação do Grupo Macaúbas ocorreu em diferentes estágios do rifte continental, com unidades que representam ambientes fluviais, marinhos e glaciais. Os eventos de rifteamento foram datados em Toniano I (950-900 Ma) e Toniano II (890 Ma), seguidos por um período criogeniano (750-640 Ma). Atualmente, o Grupo Macaúbas é subdividido em nove formações ou três sucessões:
Para além da relação com a glaciação, as formações supracitadas representam também estágios distintos na evolução da bacia neoproterozoica. As formações pré-glaciais, como Matão e Duas Barras, indicam condições sedimentares durante o início do rifteamento, com depósitos fluviais e marinhos rasos. Já as formações glaciais, como Serra do Catuni e Nova Aurora, revelam a presença de sedimentos glaciais, sugerindo uma fase de clima mais frio e glaciação. A Formação Chapada Acauã (parte inferior) também está associada a esse período glacial. Por fim, as formações pós-glaciais como Chapada Acauã (parte superior) e Ribeirão da Folha, representam também a transição para uma margem passiva, sem influência glacial. Nessa última formação ocorre rochas metavulcanosedimentares, as quais possibilitaram a datação em torno de 660 ± 29 Ma, marcando o final do processo de evolução da bacia Macaúbas. Contexto geotectônicoO arcabouço geotectônico em que o Grupo Macaúbas está inserido se refere ao paleocontinente São Francisco-Congo que se localizando, atualmente, na porção da América do Sul e parte da África, que foram formados entre o Riaciano-Orosiriao. No Brasil, foi preservada pelo evento orogênico Brasiliano-Pan-africano, a ponte cratônica Bahia-Gabão. Essa ponte cratônica se refere a um sistema de bacias neoproterozóicas tendo como produto o orógeno Brasiliano-Pan-africano, bordejado pelo cráton São Francisco, orógeno Araçuaí-Congo Ocidental. Orógeno resultante se trata de um orógeno confinado, contendo lascas ofiolíticas, arco magmático pré colisional e grande quantidade de granitos colisionais e pós colisionais. Pode ser caracterizada como: antepais – parte deformada do Cráton São Francisco; externo – parte proximal marcada por sistemas de empurrões frontais e interno – porções distais, caracterizado por extensivo plutonismo e presença de remanescente oceanos. O Gr. Macaúbas se desenvolveu em uma bacia neoproterozóica que evoluiu de um rifte continental de margem passiva praticamente sob influência glacial. Análises U-Pb dos zircões detríticos mais jovens da Formação Duas Barras situaram-se ao redor de 900 Ma, considerada a idade máxima de deposição da base do grupo. A Formação Jequitaí zircões detríticos foram datados em 933 Ma. Outras análises mostraram que grãos do paleo e mesoproterozóico da Formação Jequitaí possuem datação de 850Ma. Dessa forma, os eventos que marcaram a deposição do Grupo Macaúbas podem ser ditos que ocorreram entre 900 Ma - 850 Ma. MetamorfismoO metamorfismo do Grupo Macaúbas é em sua totalidade fácies xisto verde a anfibolito, sendo crescente de oeste para leste e de norte a sul. A condições de pressão e temperatura alcançadas giram em torno de 3,8 kbar e 475 ºC. Recursos mineraisNa área dos depósitos, o Grupo Macaúbas foi dividido em duas formações, segundo Vilela et al. (2014)[1]: Rio Peixe Bravo (base), composta de quartzitos e metapelitos, e Nova Aurora (topo), contendo metadiamictitos, metadiamictitos ferruginosos, quartzitos e raros metapelitos. O Membro Riacho Poções, pertencente à Fm. Nova Aurora, rico em metadiamictitos ferruginosos, é o portador do minério de ferro. A Formação Nova Aurora é composta por metadiamictitos, com intercalações de quartzitos e metapelitos (filitos a xistos micáceos e granatíferos). Para ocorrência de ferro, inclui metadiamictitos ferruginosos e sulfetados, além de formações ferríferas diamictíticas, quartzitos e filitos hematíticos do Membro Riacho Poções, localizado na base da formação. Este membro tem uma espessura estimada em aproximadamente 600 metros, embora a avaliação precisa seja dificultada pela intensa deformação regional. Os metadiamictitos são interpretados como depósitos glácio-marinhos do Criogeniano. Conforme análises mineralógicas das áreas amostradas por Vilela et al. (2014)[1], o Membro Riacho Poções é constituído por metadiamictitos ferruginosos contendo hematita e/ou magnetita, com teores de ferro superiores a 15%, classificando-se como formações ferríferas diamictíticas. As rochas encaixantes das camadas ferruginosas são metadiamictitos com baixo teor de ferro total (< 5%). Os litotipos intermediários, com teores de ferro variando entre as formações ferríferas diamictíticas (> 15% Fe) e os metadiamictitos encaixantes (< 5% Fe), também estão presentes no Membro Riacho Poções. Trabalhos de Lobato et al. (1993)[2] cita a existência de um Distrito Manganesífero da Serra do Cipó, envolvendo alterações lateríticas das unidades do Grupo Macaúbas (rochas pelíticas superpostas às fácies diamictitas). Lobato et al. (1993)[2] considera as mineralizações de sheelita (turmalina negra) no Distrito de Tungstênio de Rubelita-Itinga, assim como reconhece a presença de wolframita em veios de quartzo scheelitíferos na região entre Coronel Murta e Itinga. Essas mineralizações de tungstênio são atribuídas à intrusão de granitos do Brasiliano tardio, que causam metamorfismo de contato em níveis de cálcio silicato da Formação Salinas. Além do minério de ferro e dos Distritos Manganesífero e de Tungstênio, outras substâncias minerais são descritas pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM), Folha Bocaiuvas[3]: quartzo, diamante e calcário QuartzoO quartzo extraído na região tem duas principais finalidades:
DiamanteNo Ribeirão Caatinga, próximo à Fazenda Sítio, há uma longa história de garimpagem de diamantes, que remonta ao período colonial, quando a área servia de entreposto nas rotas de mineração. Recentemente, uma empresa multinacional realizou prospecção aluvionar, recuperando pequenos diamantes. Nas cabeceiras do Ribeirão Caatinga, encontram-se quartzo-metarenitos das formações Galho do Miguel e Duas Barras, além de metadiamictitos da Formação Jequitaí. Embora as primeiras formações não sejam conhecidas por depósitos diamantíferos, acredita-se que os metadiamictitos da Formação Jequitaí sejam a fonte dos diamantes na região. O Rio da Onça, afluente do Rio Macaúbas, é diamantífero ao longo de todo o seu percurso, em que a bacia de drenagem atravessa uma extensa faixa a leste. Além disso, relatos de garimpeiros locais atestam a extração de diamantes em aluviões da borda leste da Serra do Espinhaço no início do século passado. Recentemente, depósitos foram explorados por uma empresa mineradora chamada Minas-Sul nos afluentes do Córrego Labatu e Ribeirão Capão das Lajes, embora dados sobre a empresa sejam escassos. CalcárioO calcário é um recurso mineral identificado no Grupo Macaúbas, com algumas tentativas exploratórias incipientes. Ele aflora quase continuamente numa vasta área ao sudoeste da folha, com acesso facilitado pela proximidade com a BR-135. Um grande corpo calcário isolado na porção central da folha também pode ser alvo de pesquisa mais detalhada. Análises geoquímicas mostram que os teores de CaCO3 geralmente excedem 97%, indicando potencial para uso na indústria cimenteira, com requisitos como CaO > 40%, MgO < 5% e SiO2 < 2% geralmente atendidos nas amostras analisadas. Bibliografia[4] [5] [6] [7] [3] [2] [8] [9] [10] [11] [12] [13] [14] [15] [1]
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