História do alpinismoA história do alpinismo está intimamente ligada às montanhas, que sempre fizeram parte da história da Humanidade por se tratarem de obstáculos a serem transpostos em viagens, explorações e/ou migrações. Até à Idade Média, os homens evitavam os cumes, sobre os quais se criaram rumores e lendas. Por exemplo, em 1387 os magistrados de Lucerna expulsaram o monge Niklaus Bruder e cinco outros religiosos que haviam tentado subir o Monte Pilatus da região.[1] O alpinismo moderno nasceu em 8 de agosto de 1786, quando dois franceses, o médico Michel Paccard e o cristaleiro Jacques Balmat, motivados por um prémio oferecido por Horace-Bénédict de Saussure (considerado o fundador do alpinismo), venceram os 4810 m do Monte Branco, na fronteira entre França e Itália. O HumanismoNo século XVI a nova perceção do mundo devido ao humanismo abriu as portas aos primeiros esboços do alpinismo. Foi em 1518 que se fez a primeira ascensão do Monte Pilatus (Lucerna). Konrad Gessner exaltava as montanhas helvéticas. Mas foi sobretudo o interesse pelas ciências naturais levantado no Iluminismo e o sentimento da natureza magnificada pelo Romantismo que tiveram por efeito uma multiplicação de viagens através de montes e vales no século XVIII. Assim, em 1723, Johann Jakob Scheuchzer relata minuciosamente os Itinera per Helvetiae alpinas regiones de 1702 a 1711. A Schesaplana Bergreis de Nicolin Sererhard publicada cerca de 1730 passa por ser o mais antigo texto de uma excursão nos Alpes Orientais. Laurent Joseph Murith, botânico e prior do Grand Saint Bernard, foi o primeiro a subir o Monte Vélan em 1779. Geógrafo, botânico e geólogo, o padre Placidus Spescha, do convento de Disentis, é o primeiro a atingir o Rheinwaldhorn durante um passeio na natureza em 1789. Os AlpesAs mais altas perspetivas, no sentido próprio, deveriam no entanto abrir-se ao alpinismo depois da conquista do Monte Branco pelo naturalista genebrino Horace Bénédict de Saussure e os seus companheiros em 1786-1787. Durante a primeira metade do século XIX, foram sobretudo os glaciólogos tais que Louis Agassiz, Edouard Desor ou Franz Joseph Hugi, ou o explorador inglês William Windham que foram atirados pelos Alpes berneses e Alpes valaisanos, quando as necessidades da cartografia que trouxeram a conquista do Jungfrau em 1811 e do Piz Bernina em 1850. Editado por Karl Ulysses von Salis, Conhecimento preciso dos Alpes (em alemão: Alpina, eine Schrift, der genaueren Kenntnis der Alpen gewidmet) foi em 1806 o primeiro anuário do género.[1] FrançaEm 1492, Antoine de Ville escalou o Mont Aiguille, na França, apesar das inúmeras superstições existentes a respeito de seu cume. Em 1744 ocorre a chegada ao cume (chamada pelos montanhistas de "conquista"), do Monte Titlis, nos Alpes Berneses; em 1770, a do Monte Buet, no Maciço do Giffre, Alpes Ocidentais, e, em 1779, o Monte Vélan, nos Alpes Peninos, também é conquistado. InglaterraOs alpinistas ingleses tiveram um papel fundamental naquilo que é conhecido pela idade de ouro do alpinismo, e do qual participaram ativamente grandes nomes como Edward Whymper, Albert F. Mummery, Frederick Gardiner, etc SuíçaOutros continentesNo fim do século XIX e início do século XX ocorreu uma verdadeira corrida a conquistas de montanhas até então inexploradas. Assim, em 1868, os ingleses conquistaram os principais picos do Cáucaso. Na cordilheira dos Andes, o Chimborazo (6267 m) foi vencido em 1880, e o Aconcágua (6959 m) em 1897. Em 1889 foi conquistado o Kilimanjaro (5895 m), na África, e o Monte McKinley (6194 m), no Alasca, em 1913. O Monte Everest, ponto culminante do planeta, com 8848 m de altitude, foi finalmente conquistado pelo neozelandês Edmund Hillary e pelo xerpa Tenzing Norgay, em 1953[1]
O HimalaiaEntre 1950 e 1964, "os 8000" do Himalaia foram todos conquistados devido a verdadeiras expedições. A que foi conduzida pelo suíço Albert Eggler foi a segunda a atingir o cume do monte Everest, logo depois da de Edmund Hillary e Tenzing Norgay a 29 de maio de 1953, e a primeira ascensão do Lhotse foi em 1956. Em 1960, os alpinistas realizaram sob direção de Max Eiselin a primeira do Dhaulagiri. Depois do tirolês Reinhold Messner e o polaco Jerzy Kukuczka, o suíço Erhard Loretan conquista por sua vez os 14 cumes com mais de 8000 m de altitude. Em 1978, a União Internacional das Associações de Alpinismo juntou cinco graus à escala das dificuldades criadas por Wilhelm Welzenbach em 1947, e que na origem só contava seis.[1] Primeiras suíçasPrimeiras ascensões nos Alpes suíços e primeiras realizadas por suíços nos Andes e no Himalaia
Fonte:Musée alpin suisse, Berna[1] Clubes de alpinismoOs refúgios de montanha são geralmente propriedade do clube alpino do respetivo país que por sua vez fazem parte dos Clubes do Arco Alpino (CAA) que foi fundado a 18 de Novembro de 1995 em Schaan no Liechtenstein.[1] (Ver lista dos clubes em Categoria:Clubes de Montanhismo) Na SuíçaComo é confirmado no mosteiro do Grand Saint Bernard já em 1129, o acompanhamento dos peregrinos, comerciantes ou viajantes pelos autóctones tomou um desenvolvimento considerável depois da descoberta dos Alpes e profissionalizou-se a partir da idade de ouro do alpinismo. Assim, no cantão do Valais, foi editado o primeiro regulamento sobre a profissão de guia de montanha que iria ser sucedido por numerosos regulamentos e mesmo por leis cantonais. Fundada em 1906 e composta quase exclusivamente por membros do cantão de Uri e do cantão de Berna, uma primeira associação de guias suíços foi substituída em 1929 pela atual Associação Suíça de Guias de Montanha, que no entanto só se viria a desenvolver depois da Segunda Guerra Mundial, sob a direção de Christian Rubi e dos seus sucessores. Em 1998, contava já com 1300 membros (dos quais 11 mulheres), dos quais metade já exerciam a atividade a tempo completo. A formação implica uma parte teórica e outra prática, durante um curso de três anos, tanto no verão como no inverno. Em 2000, a Association Suisse des Écoles d'Alpinisme, fundada em 1969, reunia 29 centros repartidos entre Genebra e Pontresina. Bibliografia
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