Igreja Católica no Kuwait
A Igreja Católica no Kuwait,[5][6][7][8][9] Kuweit,[5][8] Koweit,[7][8] Cuaite,[8] Cuvaite,[8] ou Coveite,[5] é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé.[10] O islã é a religião do Estado.[10] O catolicismo é a maior denominação cristã do país. Enquanto cristãos estrangeiros são livres para praticar sua fé, há desafios sociais para os cristãos de origem muçulmana. O proselitismo é proibido, e pode levar à expulsão do país. Apesar das restrições impostas pelo governo, a forte pressão sobre os cristãos não vem primeiramente das autoridades políticas, mas sim da sociedade conservadora kuwaitiana; essa pressão leva os cristãos a maneirar suas expressões de fé em público. O relatório de perseguição religiosa de 2024 da fundação Portas Abertas considerou o Kuwait como o 54.º país que mais persegue os cristãos no mundo.[11] HistóriaO cristianismo teria chegado e se instalado na região que hoje fica o Kuwait entre os séculos V e IX, de acordo com arqueólogos que avaliaram as ruínas de igrejas nas ilhas Failaka e Shuwaikh. Se a data do século IX estiver correta, o cristianismo sobreviveu por mais tempo do que se supunha à expansão islâmica, ocorrida no século VII. O lugar era um mosteiro com uma igreja cercada por uma área densamente povoada, usada por uma comunidade da heresia nestoriana que vivia na ilha.[11] Essas igrejas acabaram por ser desocupadas no século X, e, depois disso, não há mais sinais da presença cristã em território kuwaitiano por quase um milênio. Há apenas a ressalva de que, por sua posição geográfica, entre os impérios Árabe e Otomano, há grandes possibilidades de que, por um período, cristãos desses impérios tenham vivido e trabalhado no Kuwait.[11] Trabalhos missionários só voltaram ao território após este tornar-se um protetorado britânico, em 1899, porém essencialmente operado por igrejas protestantes. A descoberta do petróleo, em 1937, trouxe ao Kuwait trabalhadores vindos de países como Egito, Índia, Jordânia, Líbano, Palestina e Síria, que desembarcaram trazendo suas religiões como católicos romanos e greco-melquitas, protestantes, ortodoxos outras denominações cristãs. Com a expansão da indústria petrolífera e o crescimento da economia kuwaitiana na década de 1970, o número de cristãos árabes e não árabes aumentou dramaticamente.[11] Em 25 de dezembro de 1945 foi celebrada a primeira Missa em território kuwaitiano desde a expulsão cristã pelos árabes; pelos três próximos anos, o padre Carmel Spiteri celebrou ali periodicamente. Em 1948, uma capela foi improvisada em uma antiga central elétrica de Al Ahmadi. Nesse mesmo ano, o primeiro sacerdote residente no Kuwait foi nomeado, o padre Theophano Stella, que mais tarde se tornaria o primeiro vigário apostólico do país. Em 1952, a Kuwait Oil Company deu permissão para a construção da nova igreja em suas antigas instalações de Al Ahmadi. A pedra fundamental da nova igreja foi abençoada pelo Papa Pio XII e depois foi enviada ao Kuwait. No dia 8 de setembro de 1955 foi colocada a primeira pedra no local onde seria construída a nova paróquia, que em abril de 1956 foi consagrada a Nossa Senhora da Arábia.[12] A imagem da santa é inspirada em uma imagem de Nossa Senhora do Carmo que foi levada ao Kuwait em 1948, e se trata de uma representação de Nossa Senhora, coroada, segurando um rosário e o Menino Jesus, também coroado. A coroação oficial da imagem foi autorizada pelo Papa São João XXIII em 1960, e realizou-se em 25 de março.[13] AtualmenteA Igreja Católica é a maior denominação cristã do Kuwait, e a catedral, localizada na capital do país, é frequentada principalmente por indianos, filipinos, cingaleses, bengalis, paquistaneses, libaneses, egípcios, jordanianos, palestinos e sírios.[11] Apesar de ser formada majoritariamente por estrangeiros, há também registros da conversão de árabes étnicos, sendo na realidade que, a taxa de crescimento católico na Península Arábica está entre as maiores do mundo.[14] Embora a constituição kuwaitiana de 1962 tenha garantido liberdade de religião, ela também proclamou o islamismo como a religião do Estado, e o governo impôs restrições às atividades religiosas, conforme exigido pela lei islâmica. No geral, as relações entre muçulmanos e cristãos permaneceram amigáveis. A Igreja Católica foi autorizada a operar abertamente no Kuwait, embora a proibição do governo contra trabalhos de evangelização limitasse sua presença a administrar principalmente aos trabalhadores estrangeiros que residiam no país. A maioria desses trabalhadores, empregados pela indústria petrolífera, eram católicos filipinos que imigraram para a região com suas famílias.[15] A obtenção da autorização para se construir novos locais de culto é muito difícil,[11] e há apenas sete denominações cristãs oficialmente reconhecidas, dentre elas as Igrejas Católicas de rito latino e de rito bizantino grego.[10] Há cerca de 5.000 católicos coptas no país, e sua jurisdição é o vicariato de rito romano.[16] O Kuwait e o Barein são os únicos membros do Conselho de Cooperação do Golfo em que os cristãos têm sua cidadania mantida e os mesmos direitos que os cidadãos muçulmanos.[11] Muçulmanos que se tornam cristãos têm de enfrentar a perseguição em forma de pressão da família e da comunidade local para retornarem ao islã. Eles são expostos a discriminação, assédio, monitoramento de suas atividades pela polícia e intimidação de grupos de vigilantes. Criticar o islã ou o profeta Maomé levará a um processo público. A conversão do islamismo para outras religiões não é reconhecida oficialmente e pode levar a problemas legais no status pessoal e questões de propriedade e herança. Isso faz com que seja quase impossível para os convertidos revelarem sua fé. As mulheres costumam ser colocadas sob prisão domiciliar, pressionadas a casar com um muçulmano, assediadas sexualmente, ou até mesmo sofrerem ameaças de morte. Enquanto isso, os homens costumam ser vítimas de isolamento da família, perdendo o respeito e apoio financeiro, expulsão de casa, e perda de seu emprego. Por conta disso, o número de kuwaitianos étnicos que assumidamente se convertem ao cristianismo ainda é pequeno, cerca de 300.[11] Há apenas oito famílias cristãs que são oficialmente cidadãos kuwaitianos.[10] Ao contrário de vários países da região do Oriente Médio, no Kuwait as bíblias e outros materiais religiosos são importados legalmente, por meio da Book House Company.[15] Nas escolas cristãs a catequese é proibida, mas pode ocorrer nas casas dos fiéis ou nas igrejas. Nas escolas privadas a instrução islâmica não é obrigatória para alunos cristãos, mas é obrigatória para alunos muçulmanos, ainda que haja apenas um aluno muçulmano na escola.[10] Em 2012, um parlamentar do país anunciou um projeto de lei para interromper a construção de locais de culto não islâmicos. Ainda que o projeto não não tenha sido aprovado, as igrejas operam com cautela.[11] Em janeiro de 2021, um jornalista de televisão, Mohammad Al-Momen, anunciou a sua conversão do islã ao cristianismo, gerando diversas reações nas redes sociais, desde o apoio à sua liberdade religiosa, até rezas por seu retorno ao islã, questionamentos sobre sua sanidade mental, e acusações de apostasia que o levariam à condenação eterna. Em dezembro desse mesmo, os centros comerciais tiveram várias árvores de Natal removidas.[10] Em 2023, ocorreram as celebrações pelo jubileu de diamante — 75 anos — da Catedral da Cidade do Kuwait, que se encerraram no dia 8 de dezembro com a concelebração eucarística presidida por dom Aldo Berardi, vigário apostólico da Arábia Setentrional.[12] Organização territorialO catolicismo está presente no país com duas circunscrições eclesiásticas: o Vicariato Apostólico da Arábia Setentrional, de rito romano, e também inclui a Arábia Saudita, o Barein e o Catar, e há também o Exarcado Patriarcal do Kuwait para os fiéis greco-melquitas.[17] Conferência EpiscopalA reunião de bispos de vários países do Chifre da África e Oriente Médio, incluindo o Kuwait, forma a Conferência dos Bispos Latinos das Regiões Árabes, que foi criada em 31 de março de 1967.[3] Nunciatura ApostólicaA Nunciatura Apostólica do Kuwait foi estabelecida em 1968, e sua sede fica localizada em Awali, no Barein,[4] contanto ela só abriu suas portas em 2000. As relações diplomáticas entre o país e a Santa Sé foram estabelecidas em outubro de 1968, sendo o primeiro país do Conselho de Cooperação do Golfo a fazê-lo.[10] Ver também
Referências
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