Inácio Correia Pamplona
Inácio Correia Pamplona (Sé, Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, 1731 – São José del-Rei, freguesia de Prados, 1810)[1] foi um comerciante, mestre de campo e político português. Ele é mais conhecido por ser um dos delatores da conspiração com pretensões de independência de Portugal, denominada Inconfidência Mineira, onde foram delatados Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, e outros participantes do movimento. Em seu Processo de Justificação, impetrado em 1804, onde relata supostos fatos dos 40 anos de sua vida a serviço do Rei na Capitania Mineira para, ao final, pedir prêmios e honrarias, ele nega ter sido um traidor, mas, sim, uma espécie de espião do governador Barbacena, infiltrado para combatê-la, juntando documentos para provar que esse Governador o encarregara das prisões do Padre Rolim e de Luís Vaz de Toledo Piza, irmão do Padre Carlos Correia de Toledo, bem como do Padre José Lopes de Oliveira, irmão do Coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes, ambos também inconfidentes, entre outros. O que foi desmentido claramente pelos julgadores de sua Justificação.[2] O processo de 1789 contra os inconfidentes, então chamado de Devassa, foi baseado nas denúncias de Joaquim Silvério dos Reis. As denúncias dos demais denunciantes, Basílio de Brito Malheiro do Lago, Francisco de Paula Freire de Andrade, Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Domingos de Abreu Vieira e Domingos Vidal Barbosa Lage[3] e inclusive de Pamplona, chegaram tarde e, por isso, não foram consideradas e nem premiadas. Expansão e ConflitosPamplona também foi responsável por diversas incursões no interior brasileiro, destruindo aldeias indígenas e refúgios de escravos, incluindo o Quilombo do Campo Grande (1784), conhecido pelos quilombolas como Mammoí (ou Mamboy, "rio de águas sujas" em língua tupi). Este local viria a ser o embrião do futuro município de Bambuí, antes fora um Quilombo da Confederação Quilombola do Rei Ambrósio. Apenas Pamplona atribui a si mesmo a destruição do quilombo.[4] Porém, farta documentação primária, a exemplo daqueles do Arquivo Público Mineiro e arquivos do Conselho Ultramarino (AHU), comprovam que o quilombo foi destruído por Bartolomeu Bueno do Prado em 1759; Pamplona teria apenas ocupado a região a mando do conde Valadares.[5][6] Também, apesar de suas insinuações, nunca destruiu aldeia de índio nenhum, nem nas Minas e nem no Triângulo, então Goiano, como se depreende de dezenas de documentos fidedignos das Capitanias de Goiás e das Minas Gerais. Pamplona é frequentemente descrito nos documentos apresentados pelo historiador Tarcísio José Martins - alguns de autoria do próprio Pamplona - como manipulador e oportunista e, coerente com os documentos primários apresentados pelo historiador, ele frequentemente distorcia fatos para obter vantagens. Após relatar 40 anos de serviços ao Rei de Portugal, o Procurador da Coroa negou suas petições, afirmando que seus "serviços não foram prestados diante dos inimigos, com balas zunindo, mas em circunstâncias tranquilas, e os gastos foram arbitrários". Também o governador dom Antônio de Noronha o acusou de fazer relatos de serviços e obras que, na verdade, nunca prestara e, de portanto, ser contumaz inventor de tais fatos.[7] Vida Pessoal e LegadoInácio Correia Pamplona se casou com Eugênia da Silva, filha de uma "preta forra", conforme registrado na dispensa matrimonial da cúria de Mariana. Seus filhos, netos de bisnetos de escravizados, reforçam a complexidade de sua vida pessoal em um período marcado pela escravidão. É sugerido que Pamplona tenha abandonado a conspiração de Vila Rica, quando os inconfidentes decidiram manter a escravidão em Minas Gerais.
Ver tambémReferências
Fontes primárias
Bibliografia
Web
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