Jaime Branco
Jaime da Cunha Branco (Lisboa, 14 de setembro de 1955) é um médico reumatologista português e candidato a Bastonário da Ordem dos Médicos.[1] Médico do Serviço Nacional de Saúde desde a sua fundação, é diretor do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, no Hospital de Egas Moniz.[2] É Professor Catedrático de Medicina e foi diretor da NOVA Medical School - Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa, entre 2013 e 2021.[3] BiografiaJaime Branco é licenciado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (1972-1978). Iniciou, em 1979, o internato de policlínica. Posteriormente, fez o estágio em saúde pública, no ano de entrada em funcionamento do Serviço Nacional de Saúde (SNS), e cumpriu o Serviço Médico à Periferia, em 1981. Em 1992, obtém o grau de Assistente Hospitalar de Reumatologia e, em 1998, o de Chefe de Serviço de Reumatologia, sendo Diretor do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (CHLO), no Hospital Egas Moniz, desde 2006. Docente universitário desde 1976, é Professor Catedrático de Medicina e ocupou vários cargos de gestão na NOVA Medical School e na Universidade NOVA de Lisboa. Em 2022, apresenta-se como candidato a Bastonário da Ordem dos Médicos para o triénio 2023/2025.[4] Carreira MédicaDesde muito cedo na sua formação médica, Jaime Branco identificou a Reumatologia, especialidade que então surgia, como o seu futuro, entrando num dos primeiros anos do internato de Reumatologia em Portugal, que realizou, entre 1983 e 1987, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Em 1988, obteve o título de Especialista em Reumatologia, pelo referido hospital e pela Ordem dos Médicos. Fundou o Serviço de Reumatologia do Hospital Egas Moniz, em 1992.[2] Em 1998, obteve o grau de Chefe de Serviço (agora Assistente Graduado Sénior) e é, desde 2006, diretor do Serviço de Reumatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. É consultor de Reumatologia da Direção Geral da Saúde (DGS) desde 2009. Foi também coautor de uma obra destinada aos especialistas em Medicina Geral e Familiar, Regras de Ouro em Reumatologia, com várias edições, uma delas pela própria DGS.[5] Organiza, desde 2008, um curso anual de Reumatologia Prática em Cuidados de Saúde Primários.[6] Foi redator do PNCDR-Programa Nacional Contra as Doenças Reumáticas: 2004-2014, da DGS, de que foi membro da Comissão Coordenadora (2004-2006) e coordenador (2006-2014).[7] Foi Investigador Principal da mais importante ação do PNCDR, o EpiReumaPt-Estudo Epidemiológico das Doenças Reumáticas em Portugal, que acompanhou 10 661 cidadãos do Continente e Regiões Autónomas da Madeira e Açores.[8] Realizado durante uma década, este foi o maior estudo epidemiológico jamais realizado em Portugal e que lhe valeu o Grande Prémio BIAL de Medicina 2016.[9] Foi nomeado coordenador do grupo técnico para a revisão da Rede de Referenciação Hospitalar em Reumatologia (RRHR) em junho de 2022, tendo coordenado a elaboração das duas anteriores RRHR, em 2002 e 2015.[10] Carreira AcadémicaFoi monitor de Histologia na mesma Faculdade de formação, durante o 4.º ano da Licenciatura, tendo iniciado aí a sua carreira como docente universitário. Prestou provas de Doutoramento, em 1997, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade NOVA de Lisboa (FCM-UNL) e, em 1999, é contratado como Professor Auxiliar Convidado nesta universidade.[11] Em 2003, realizou Provas de Agregação. Fez concurso para Professor Associado em 2007 e para Professor Catedrático em 2012.[3] Na academia, tem desempenhado inúmeros cargos de gestão: - NOVA Medical School: Subdiretor, 2006-2007 e 2012-2013; Diretor em Substituição, 2007; Diretor, 2013-2021. - Universidade NOVA de Lisboa: Pró-Reitor, 2007-2010. Candidatura a Bastonário da Ordem dos MédicosJaime Branco foi o primeiro a apresentar-se como candidato a Bastonário da Ordem dos Médicos, nas eleições de 2023, para defender os médicos e voltar a colocá-los no centro da decisão nos cuidados de saúde.[12] Na sua perspetiva, entende que "a classe médica tem vindo, de alguns anos a esta parte, a ser pouco respeitada e desprestigiada. Na sua prática, no seu dia a dia, nas suas funções, nas agressões do público. Tudo isto resulta de um contexto social, que se foi instalando, de menorização da profissão médica e de apoucamento da nossa atividade".[13] Crítico do atual estado do SNS, que considera "urgenciocêntrico"[14], Jaime Branco é um grande defensor de um SNS em que os Cuidados de Saúde Primários assumam um papel primordial.[15] Jaime Branco posiciona-se como uma voz independente de quaisquer interesses e afirma ser capaz de personalizar a mudança necessária na Ordem dos Médicos. Na sua primeira declaração como candidato a Bastonário, sublinhou também a preocupação com as gerações futuras de médicos: "O enorme esforço que nós, médicos, fazemos para compensar as falhas do "sistema" não é reconhecido e o futuro, particularmente dos mais jovens, não tem um rumo bem definido".[1] Envolvimento na sociedadeEspecialista numa área que lida diariamente com a dor, Jaime Branco defende que o privilégio do exercício da profissão médica é a possibilidade de ajudar os doentes e de os colocar no centro dos Cuidados de Saúde.[16] Para cumprir esta perspetiva, fundou e desempenhou cargos em múltiplos organismos e sociedades médicas: - Presidiu à Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas (2000-2002), de que foi cofundador em 1988; - Presidiu à Sociedade Portuguesa de Reumatologia (2002-2004); - Presidiu ao Colégio Ibero-Americano de Reumatologia (2007-2010); - Foi Secretário-Geral do Colégio Ibero-Americano de Reumatologia (1999-2003); - Foi cofundador da APOROS, a Associação Nacional contra a Osteoporose (1994); - Cofundou a MYOS, Associação Nacional contra a Fibromialgia e a Síndrome de Fadiga Crónica (2003); - Presidiu à Liga Portuguesa Contra as Doenças Reumáticas (2005-2008). PrémiosEntre os mais de 50 prémios científicos e/ou profissionais que recebeu estão o Reuméritus 2010[3], atribuído pela Sociedade Portuguesa de Reumatologia, e o Grande Prémio BIAL da Medicina 2016.[17] PublicaçõesEm mais de quatro décadas de profissão como médico e docente do ensino superior, é autor ou coautor de centenas de artigos científicos, sobretudo em revistas internacionais com revisão por pares.[18] É também autor, coautor e coordenador das seguintes obras de referência na área da reumatologia: - Osteoporose: a ameaça oculta (1992)[19]; - Fibromialgia: modelo humano de dor, fadiga e incapacidade crónicas (tese de doutoramento, 1997)[20]; - Osteoporose (2001, co-autor)[21]; - Grandes Síndromes em Reumatologia (2006, coordenador e co-autor)[22]; - Viver com fibromialgia: a visão da doente e do médico (2008, co-autor)[23]; - Regras de Ouro da Reumatologia (2005, coordenador e coautor)[5]; - Abordagem terapêutica em reumatologia (2010, coordenador e co-autor)[24]; - A dor e as suas circunstâncias (2012, coordenador e co-autor)[25]; - Arte & Dor (2015, coordenador e co-autor)[26]. Referências
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