Jordi Cruijff
Johan Jordi Cruijff (Amsterdã, 9 de fevereiro de 1974) é um treinador e ex-futebolista neerlandês que atuava como meio-campista. Conhecido como o filho do lendário Johan Cruijff, era considerado um meio-campista promissor,[1] mesmo que de qualidade não comparável à do pai.[2] Em 1996, foi capaz de rumar do Barcelona ao Manchester United,[3] após ter sido cogitado pelo PSV Eindhoven como moeda de troca da ida de Ronaldo do clube neerlandês para o Barça;[4] e também foi disputado pela seleções da Espanha e dos Países Baixos [2] (com a qual jogou a Eurocopa daquele ano).[5] Jordi acabou prejudicado por sequência de lesões que fizeram se submeter a doze cirurgias,[2] deixando melhores recordações em clubes menores como o Alavés finalista da finalista da Liga Europa de 2000–01 (sendo dele o gol que, aos 43 minutos do segundo tempo, forçou prorrogação na movimentada decisão finalizada em 5 a 4 para o Liverpool)[6] e o Espanyol - cujo dicionário oficial de jogadores que defenderam-no em La Liga, publicado em 2018, descreveu-o como "um meia-ponta de qualidade, com visão de jogo, excelente orientação no controle de bola e entrega sobre o terreno de jogo".[1] História por trás do nomeFilho do lendário Johan Cruijff, que o batizou com um nome catalão para homenagear a Catalunha, pátria do time em que jogava, o Barcelona, cujo nacionalismo era oprimido no governo do General Francisco Franco (que morreria no ano seguinte). Jordi, "Jorge" em catalão, é o nome do santo padroeiro da Catalunha, e Jordi Cruijff só pôde ser batizado assim em sua terra natal, os Países Baixos, já que manifestações culturais de etnias não-espanholas (como também a basca) eram proibidas pela Espanha Franquista. Em 2017, assim detalhou à revista argentina El Gráfico sobre a questão do nome e o contexto de rebeldia na escolha feita pelos pais:[2]
Oito dias após Jordi ter nascido, Johan inspirou memorável goleada de 5 a 0 do Barcelona em El Clásico contra o Real Madrid por La Liga de 1973–74 - a primeira que o Barça venceu após quatorze anos de jejum. Tal jogo inclusive teria pesado para a cesariana, que foi antecipada diante do prognóstico médico de que Jordi poderia, sob parto natural, nascer no próprio dia da partida.[2] CarreiraComo jogadorO fato de ser filho de Johan Cruijff lhe permitiu ingressar nas categorias juvenis do Ajax e do Barcelona, ex-clubes do pai, embora tal conexão também tivesse facetas negativas: segundo Jordi, mais voltadas às inevitáveis comparações do que por algum favorecimento paterno (seu pai era o treinador barcelonista quando Jordi foi promovido ao futebol adulto do clube, em 1994), pois o que lhe ocorreria era justamente um nível de exigência maior, mesmo tendo méritos próprios para chegar à equipe principal.[2] Após ficar de 1981 a 1988 na base do Ajax,[7] inclusive no período em que o pai defendeu o rival Feyenoord,[2] Jordi galgou pelo Barcelona na equipe sub-16 (1988-90), sub-19 (1990-92) e pelo time B entre 1992 e 1994. Ainda como membro da equipe B, foi usado na temporada 1992-93 em jogos oficialmente creditados à equipe principal na Copa da Catalunha, contra Lleida e Sabadell. Na temporada 1993-94, embora atuasse em amistosos do time principal contra clubes como Bayern Munique, Borussia Dortmund e Athletic Bilbao, sua única partida considerada oficial pela equipe adulta também foi pelo torneio catalão, contra o Sant Andreu.[7]
Na temporada 1994-95 é que Jordi começou a ser efetivamente usado pela equipe principal. Na temporada principal, esteve em 37 jogos e marcou nove gols, além de onze gols em quinze amistosos.[7] Na Liga dos Campeões da UEFA de 1994–95, foi coadjuvante de destaque em famosa goleada de 4 a 0 aplicada pelo Barcelona sobre o Manchester United - o placar foi aberto por Hristo Stoichkov ao aproveitar rebote de jogada que Jordi construiu junto de Romário.[8] O Barça, que vinha recentemente de um tetracampeonato seguido em La Liga, terminou sem vencê-la nas edições de 1994–95 e 1995–96.[4] O pai terminou deixando o cargo antes do fim dessa temporada, sob bastante turbulência com os diretores: quando soube que seria substituído, Johan teria uma cadeira na porta do escritório do cúpula barcelonista e vociferado que "Deus o punirá por esta ação, da mesma forma que o puniu antes!", em referência a um neto recém-falecido do presidente.[9] Nesse contexto, a permanência de Jordi no Camp Nou terminou pouco sustentável perante a diretoria, embora a torcida apoiasse os Cruijff, chegando a render aplausos de pé a Jordi para homenagear indiretamente Johan.[2] Ao longo da temporada 1995-96, o filho havia somado três gols (um deles, sobre o Atlético de Madrid) em vinte jogos competitivos, crescendo em amistosos: neles, foram onze gols em treze partidas, incluindo três em vitória de 4 a 1 precisamente sobre o Ajax e outros dois em 5 a 1 (pelo Troféu Joan Gamper) sobre o San Lorenzo.[7] Naquele momento, Jordi chegou a ser disputado por duas seleções. Possuindo cidadania espanhola após anos de residência em Barcelona, foi desejado pela Espanha para o Olimpíadas de Atlanta ao mesmo tempo em que os Países Baixos se interessaram em tê-lo para a Eurocopa daquele ano. Embora se considere culturalmente mais espanhol do que neerlandês, a saída do Barcelona preponderou para que ele acabasse optando pela terra natal - chegando inclusive a marcar um gol na Euro (abrindo vitória de 2 a 0 sobre a Suíça), momento descrito na autobiografia do próprio pai como um dos momentos "sublimes" que vivenciara.[2]
Após a Euro, Jordi chegou a interessar ao PSV Eindhoven, que em julho negociou Ronaldo com o Barcelona e aceitava-o como parte do pagamento pelo brasileiro.[4] Jordi, que na infância já havia sofrido com a "traição" da ida do pai do Ajax rumo ao Feyenoord,[2] não fechou com o outro rival da equipe de Amsterdã e sim com o Manchester United, que o contratou sob a impressão de trazer promessa capaz de atuar sem a sombra do pai.[10] No United, Jordi veio a conquistar uma sequência de títulos na Premier League, mas com uma sequência de lesões privando-lhe de protagonismo.[2] Em 1999, chegou a ser emprestado ao Celta de Vigo,[7] e a insistência demorada de Alex Ferguson na recuperação de Jordi, algo já criticado em outubro daquele ano,[11] foi com o tempo vista como um dos raros defeitos do tino do treinador escocês para com jogadores dos Red Devils;[12] em interpretações mais favoráveis, Jordi terminou visto como um jovem que mesmo talentoso calhou de não vingar individualmente em Old Trafford, a exemplo de Diego Forlán.[13] Em 2017, foi indagado se teria mesmo capacidade para ir além na carreira, e assim respondeu:[2]
Jordi encerrou em 2000 seu vínculo com a equipe inglesa.[7] Seu clube seguinte foi o Alavés,[2] justamente onde Jordi viveria seu auge.[14] O pequeno clube do País Basco pôde chegar à Liga Europa de 2000–01,[6] considerada uma das mais memoráveis decisões do torneio.[14] O favorito Liverpool começou vencendo por 2 a 0 e foi ao intervalo ganhando por 3 a 1. O Alavés pôde empatar com dois gols antes dos cinco minutos do segundo tempo, mas já perdia por 4 a 3 quando Jordi empatou aos 43 minutos do segundo tempo. Na prorrogação, cada time teve um gol anulado; a quatro minutos do fim do segundo tempo extra, com um jogador a mais, o Liverpool sagrou-se campeão por um gol contra, sob a regra então vigente do gol de ouro.[6][14] Na temporada espanhola de 2002-03, Jordi era visto como o principal jogador do Alavés.[15] Na temporada seguinte, reforçou o Espanyol, pensado como um substituto para Iván de la Peña para a eventualidade desse ídolo espanyolista não renovar contrato. Com discrepâncias com o treinador Luis Fernández, perdeu a titularidade para Mustapha Hadji e acabou não permanecendo no clube,[1] que precisou lutar contra o rebaixamento.[16] A despeito da turbulência, o desempenho de Jordi foi visto como de grata recordação pela torcida blanquiazul;[1] ele chegou a marcar (de cabeça) sobre o Barcelona ao abrir o placar em dérbi catalão em dezembro de 2003 (com gol de Ronaldinho Gaúcho e dois de Patrick Kluivert, o rival terminou vencendo por 3 a 1, em clássico marcado por três expulsões a cada time)[17] e a defender como titular a seleção catalã junto a Víctor Valdés, Pep Guardiola e Andrés Iniesta em amistoso contra o Brasil (vencedor por 5 a 2, no Camp Nou) em 25 de maio de 2004.[18] Após deixar o Espanyol, Jordi voltou a jogar apenas em 2006, no Metalurh Donets'k.[7][19] Deu a carreira por encerrada na equipe ucraniana em 2008 - porém, em 2009, saiu dessa aposentadoria ao ser anunciado como jogador do clube maltês Valletta, acumulando também o cargo de assistente técnico.[20] Ali, sagrou-se vice-campeão da liga, marcando 10 gols em 16 jogos. Como técnico e diretor de futebolAinda como jogador juvenil do Barcelona, realizou, por insistência do pai para ter um "plano B" à carreira de futebolista, uma pós-graduação em marketing. Dali, criou gosto pela área de diretor esportivo.[2] Como gerente do AEK Larnaca, chegou a ser visto como nome mais ilustre do clube cipriota,[21] reforçado sob gestão de Jordi com antigos jogadores da seleção neerlanesa.[22] Ainda como diretor esportivo, já no Maccabi Tel Aviv, assumiu como treinador inicialmente de modo interino e, com bons resultados, terminou efetivado;[23] haviam sido oito vitórias e um empate em nove jogos como substituto ainda provisório de Shota Arveladze.[2] Na gestão de Jordi, o clube encerrou dez anos de jejum no campeonato israelense, obtendo na sequência um tricampeonato seguido.[2] Em seus anos à frente do Maccabi, também conseguiu classifica-lo rotineiramente à fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA (algo ainda inédito até 2015-16, quando foi logrado [2]) ou da Liga Europa da UEFA, diante da necessidade imposta a clubes israelenses de passar por diversas fases preliminares; à altura da temporada 2016-17, o clube acumulava cinco classificações à fase de grupos das copas europeias em sete temporadas.[24] Em 2018, Jordi foi uma aposta da Superliga Chinesa ao ser contratado pelo Chongqing Dangdai Lifan; permaneceu no cargo por pouco mais de um ano, mas não conseguiu um trabalho de melhor impressão.[23] No dia 13 de janeiro de 2020, foi anunciado como novo técnico da Seleção Equatoriana,[25] chegando sob pompas, mas sendo impossibilitado de exercer o cargo em função da pandemia de Covid-19.[26] Em março daquele ano, Jordi era abertamente desejado por Xavi para trabalhar consigo na direção técnica do Barcelona.[27] Aguardado como alguém capaz de desenvolver um trabalho tanto na seleção adulta como orientasse as seleções juvenis do Equador nos moldes da experiência do Barcelona,[28] Jordi terminou em julho por pedir demissão, sem ter comandado um treino sequer,[29] em função das restrições decorrentes do enfrentamento à pandemia,[30] bem como por atrasos salariais.[31][32] Em meados 2021, Jordi foi recontratado pelo Barcelona, dessa vez para o papel de secretário para intermediar o contato entre os diretores e o então treinador Ronald Koeman, bem como para planejar a preparação do elenco e prospectar reforços.[33] Foi especialmente elogiado pela contratação de Robert Lewandowski, em aplausos públicos de Hristo Stoichkov por "não ser fácil tirar um jogador do Bayern Munique".[34] TítulosJogador
Treinador
Referências
Ligações externas
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