A família linguísticaienisseiana (às vezes chamada de ienisseico ou Ienissei - Ostyak;[1] ocasionalmente pronunciado com um -ss-) é um grupo de línguas relacionadas faladas na Sibéria Central.
Subdivisões
0. Proto-ienisseiano (anterior a 500 AC; tendo se dividido por volta de 1 DC)
1. Ramo setentrional (dividido por volta de 700 AD)
Apenas duas línguas dessa família sobreviveram no decorrer do século XX, a língua ket (também conhecida como Imbat Ket), com aproximadamente 1,000 falantes e o yugh (também conhecido como Sym Ket), agora possivelmente extinto. Os outros membros dessa família, arin, assan, pumpokol, e kott, já haviam se extinguido há mais de um século. Outros grupos – buklin, baikot, yarin, yastin – eram identificadas como falantes do grupo ienisseiano nos registros dos cobradores de imposto sobre peles do Império tzarista durante o século XVII, mas nada dessas línguas sobreviveu exceto alguns nomes próprios. Consta em fontes chinesas que o grupo ienisseiano parece ter estado entre os povos que faziam parte da confederação tribal conhecida como Xiongnu,[2] que tem sido tradicionalmente considerados ancestrais dos hunos, mas tais sugestões são difíceis de se substanciar devido à obscuridade desses dados.[3]
As línguas ienisseianas têm sido descritas como tendo mais de cinco tons ou nenhum tom. Os 'tons' são concomitantes com a glotalização, extensão vocal, e murmuro, não muito diferente da situação da reconstrução do antigo chinês, antes do desenvolvimento dos tons verdadeiros do chinês modernos. As línguas ienisseianas possuem uma morfologia verbal altamente elaborada, somente encontrada na Eurásia no burushaski e, em menor grau, nas línguas do Cáucaso. (todas essas línguas são ergativas.)
Morfologia
Pronomes pessoais
Pronomes pessoais nas línguas ienisseianas
1S
2S
3MS
3FS
1P
2P
3AP
Ket
āˑ(t)
ūˑ
būˑ
būˑ
ɤ̄ˑt ~ ɤ́tn
ɤ́kŋ
būˑŋ
Yugh
āt
ū
bū
bū
ɤ́tn
kɤ́kŋ
béìŋ
Dialetos do kott
ai
au
uju ~ hatu
uja ~ hata
ajoŋ
auoŋ ~ aoŋ
uniaŋ ~ hatien
Assan
aj
au
bari
?
ajuŋ
avun
hatin
Arin
ai
au
au
?
aiŋ
aŋ
itaŋ
Pumpokol
ad
u
adu
?
adɨŋ
ajaŋ
?
...a ser concluído.
Vocabulário
Numerais
Ket meridional
Yugh
Kott
Assan
Arin
Pumpokol
1
qūˑs
χūs
huːtʃa
hutʃa
qusej
xuta
2
ɯ̄ˑn
ɯ̄n
iːna
ina
kina
hinɛaŋ
3
dɔˀŋ
dɔˀŋ
toːŋa
taŋa
tʲoŋa ~ tʲuːŋa
dónga
4
sīˑk
sīk
tʃega ~ ʃeːga
ʃega
tʃaga
ziang
5
qāˑk
χāk
kega ~ χeːga
kega
qala
hejlaŋ
6
aˀ ~ à
àː
χelutʃa
gejlutʃa
ɨga
aggɛaŋ
7
ɔˀŋ
ɔˀŋ
χelina
gejlina
ɨnʲa
onʲaŋ
10
qɔ̄ˑ
χɔ̄
haːga ~ haga
xaha
qau ~ hioga
hajaŋ
20
ɛˀk
ɛˀk
iːntʰukŋ
inkukn
kinthjuŋ
hédiang
100
kiˀ
kiˀ
ujaːx
jus
jus
útamssa
Alguns exemplos etimológicos
A tabela seguinte exemplifica alguns itens do vocabulário básico e também das tentativas de reconstrução das proto-formas:[5]
Em 2008, Edward Vajda da Universidade Western Washington apresentou uma evidência, baseada em rigorosa metodologia, de uma relação genética entre as línguas ienisseianas da Sibéria e as línguas na-dene da América do Norte.[6] Seu trabalho tem sido bem avaliado por especialistas em línguas na-dene e línguas ienisseianas, incluindo Michael Krauss, Jeff Leer, James Kari, e Heinrich Werner, bem como outros respeitados lingüistas como Bernard Comrie, Johanna Nichols, Victor Golla, Michael Fortescue, e Eric Hamp.[7] No entanto, ainda levará algum tempo para que a comunidade lingüística avalie essa proposta.
Ligações propostas com outras famílias
Até 2008, poucos lingüistas aceitavam alguma conexão do ienisseiano com qualquer outra família lingüística, embora distantes ligações tenham sido propostas com a maioria das línguas ergativas da Eurásia.
A hipótese karasuk, ligando o ienisseiano ao burushaski, têm sido proposta por vários estudiosos, notavelmente por A.P Dulson[8] e V.N. Toporov.[9] George van Driem, o mais proeminente defensor da hipótese karasuk, postula que o povo burusho era parte da migração da Ásia Central que resultou na conquista indo-européia da Índia.[10]
Como foi notado por Tailleur[11] e Werner,[12] algumas das propostas mais antigas para a ligação genética do ienisseiano, feita por M.A. Castrén (1856), James Byrne (1892), e G.J. Ramstedt (1907), sugeria que o ienisseiano é o relativo setentrional das línguas sino-tibetanas. Essas idéias foram seguidas muito mais tarde por Kai Donner[13] e Karl Bouda.[14]
Bouda, em várias publicações dos anos 30 aos anos 50, descreveu uma cadeia lingüística que (juntamente ao ienisseiano e sino-tibetano) também incluía caucasiano setentrional, e o burushaski, algumas formas do que foi chamado de sino-caucasiano. Os trabalhos de R. Bleichsteiner[15] e O.G. Tailleur,[16] e posteriormente os de Sergei A. Starostin[17] e Sergei L. Nikolayev[18] têm buscado confirmar essas conexões. Outros que ajudaram a desenvolver a hipótese, muitas vezes a expandem para dene-caucasiano, incluem J.D. Bengtson,[19] V. Blažek,[20] J.H. Greenberg (juntamente com M. Ruhlen),[21] e M. Ruhlen.[22] George Starostin dá continuidade ao trabalho de seu pai no estudo das línguas ienisseianas, sino-caucasianas e em outros campos.[23]
Notas
↑"Ostyak" é um termo mais areal do que genético propriamente dito; que em adição às línguas ienisseianas também inclui as línguas urálicaskhanty e selkup.
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