Missionários do Sagrado Coração Nota: Para Congregação fundada em 1833 pelo padre italiano Gaetano Errico, veja Missionários dos Sagrados Corações de Jesus e Maria.
A Sociedade dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus, ou, mais simplesmente, "Missionários do Sagrado Coração", é um Instituto de Vida Consagrada de Direito Pontifício da Igreja Católica, fundado em Issoudun, na França, pelo padre Júlio Chevalier em 8 de dezembro de 1854. Trata-se de uma congregação religiosa de vida ativa, formada por Irmãos e Padres, que se comprometem a viver em comunidade os três votos tradicionais de obediência, pobreza e castidade e dedicam-se ao testemunho da misericórdia de Deus manifestada no Coração de Jesus e às obras do apostolado nos mais diferentes ministérios, tais como a missão em terras estrangeiras, a educação da juventude, iniciativas em prol da Justiça e Paz e Integridade da Criação, a presença nos meios de comunicação e o ministério paroquial. HistóriaA história dos Missionários do Sagrado Coração se inicia com seu fundador, o padre francês Júlio Chevalier (1824-1907) que, durante o seu tempo de preparação para a ordenação sacerdotal, ficou profundamente impressionado pela doutrina da encarnação, que afirma a tomada da condição humana por Deus, em Jesus Cristo. Chevalier, ao dar-se conta de que Deus se fez próximo da humanidade dessa maneira, e que a todos tratava com afeto, acolhida e misericórdia, encantou-se com a perspectiva de que Deus realmente tivesse um coração humano. Isso, somado à devoção ao Coração de Jesus já muito difundida na França de seu tempo, o fez desejar criar um grupo que se dedicasse a apresentar ao mundo a imagem do Deus que aproxima-se da humanidade com misericórdia. Imagem que contrastava com a de um Deus rigoroso e distante, muito comum à época. Essas ideias ele as compartilhou com outros colegas, ainda no seminário, chegando mesmo a criar um pequeno grupo de seminaristas ("Cavaleiros do Sagrado Coração"), que se dedicava a cultivar a devoção ao Coração de Jesus, mas que ficou restrito apenas àqueles anos. Ordenado padre, Júlio Chevalier, é nomeado pároco da paróquia de Saint Cyr em Issoudun (Indre-et-Loire), juntamente com o seu colega de seminário Pe. Emile Maugenest. Ao reencontrar o antigo colega de estudos, sente reacender o desejo de fundar um grupo de religiosos que dedicassem suas vidas a divulgar o Sagrado Coração. A partir de suas conversas, lembranças e planos, decidem fazer uma novena à Nossa Senhora, com a intenção de que ela mostrasse se era ou não da vontade de Deus que suas ideias de fundação de uma nova Congregação tivessem bom termo. Se fosse atendido, além da Fundação, daria a Maria um novo título, honrando-a de maneira particular na Congregação. A novena encerrou-se em 8 de dezembro de 1854, coincidindo com a Proclamação do Dogma da Imaculada Conceição, por Pio IX. Nesta ocasião, após a missa, o Pe. Chevalier recebeu a visita de um certo "Senhor Petit", que lhe informou que um "doador anônimo" queria fazer uma doação de 20 000 francos que deveria destinar-se à criação de uma obra missionária. O fundador interpretou isto como um sinal de Deus, considerando aquela data como sendo o início da Sociedade dos Missionários do Sagrado Coração. Passado cerca de um ano, com autorização do bispo diocesano, Chevalier e Maugenest mudam-se para uma casa de campo abandonada, adquirida com o dinheiro da doação que haviam recebido e iniciam a vida em comunidade como Missionários do Sagrado Coração, adaptando o espaço que servira de estábulo e celeiro como primeira capela da comunidade. A princípio, os Missionários do Sagrado Coração exerciam seu ministério auxiliando às paróquias, ajudando em sua missão, ensinando o catecismo, pregando retiros e missões paroquiais. A 25 de março de 1881, o Papa Leão XIII confia a Chevalier e a seus sacerdotes a evangelização do vicariato apostólico da Micronésia e Melanésia, dando os Missionários do Sagrado Coração a oportunidade de abrir-se às missões ad gentes. A Congregação continuou a crescer e atualmente tem comunidades nos cinco continentes, servindo às Igrejas Locais nas mais variadas funções, procurando por em prática o lema recebido do fundador: "amado seja por toda parte o Sagrado Coração de Jesus", isto é, levar, através de todos os meios, em todos os lugares possíveis, o testemunho de que Deus tem Coração, que é todo amor, misericórdia e acolhida.[1] O espírito da CongregaçãoA inspiração primeira da Congregação e, portanto, sua suprema "regra de vida" é o Evangelho. Porém, a partir do Evangelho, há também um conjunto de regras próprias chamadas "Constituições MSC", que detalham melhor certos aspectos da espiritualidade dos MSC e as normas jurídicas internas da Congregação. Tal documento foi renovado após o Concílio Vaticano II e é aprovado pela Santa Sé.[2]
Sobre sua própria espiritualidade, os Missionários do Sagrado Coração assim se expressam, de acordo com suas Constituições:
Quando Chevalier fez sua promessa pedindo um sinal de Deus para discernir se a fundação de uma nova Congregação era da vontade de Deus ou não, prometeu à Virgem Maria que ela seria honrada de uma maneira especial no novo Instituto. Desse modo, passados alguns anos, e com a aprovação da Santa Sé, Chevalier quis dar à Maria o título de Nossa Senhora do Sagrado Coração, cuja imagem representa Maria tendo o menino Jesus nos braços. O menino traz no peito a imagem do seu Sagrado Coração e Maria aponta para este Coração, representando assim a íntima relação de ambos: Maria apresenta ao mundo o Coração de Jesus e o Coração de Jesus ao mundo. De igual forma, desde o início, Chevalier nutria profunda confiança na intercessão de São José, esposo de Maria. Isso é preservado até a atualidade, como afirmam as Constituições dos MSC:
MissãoMuito embora o foco do fundador, num primeiro momento, fosse principalmente às missões entre não-cristãos em terras estrangeiras, com o passar dos anos foi-se percebendo que a missão, isto é, o anúncio da misericórdia de Deus manifestada na pessoa de Jesus, através do seu Coração, era possível de ser vivida em toda parte, como diz o lema da Congregação. Isso significa, portanto, que a Congregação passou a expandir sua área de atuação, assumindo diferentes tipos de trabalhos, onde houver necessidade e sempre dando preferência aos ministérios junto aos marginalizados. Desse modo, hoje, o trabalho dos MSC no mundo se dá nos seguintes campos de missão:
Beatos MSCO carisma do Pe. Júlio Chevalier tem dado frutos de santidade para a Igreja, sobretudo como mártires. Atualmente, há dois grupos de religiosos beatificados, sendo que um deles inclui 7 leigos ligados à Congregação, e outros dois leigos beatificados individualmente, cujas vida, também, se desenvolveram junto às missões dos Missionários do Sagrado Coração. São eles:
Além deles, estão em processo de beatificação os seguintes religiosos: Os veneráveis:
E os Servos de Deus
No Brasil e no MundoA Congregação estrutura-se em unidades menores chamadas "Províncias", que são governadas por um Superior Provincial, que presta contas ao Superior Geral. O Superior Geral, é a autoridade máxima da Congregação, e, auxiliado pelo seu Conselho, é o responsável último pelo Instituto. A Sede Geral da Congregação encontra-se em Roma. Em 2020 a Congregação contava com 1583 membros, sendo que: Além disso, estão presentes em 50 países, organizados em:
No Brasil os MSC chegaram em 1911 à convite do então Bispo de Pouso Alegre, com o objetivo de serem professores em seu seminário diocesano. De lá pra cá, a Congregação espalhou-se e cresceu. Atualmente os MSC no Brasil dividem-se em 4 grupos:
ReferênciasLigações externas |