Museu Casa de Rui Barbosa
O Museu Casa de Rui Barbosa é considerado o primeiro museu-casa público do Brasil[1][2][3]. Está instalado na residência em que viveu o político, jurista e escritor brasileiro Ruy Barbosa e sua família, de 1895 a 1923[4], situado à Rua São Clemente, 134, no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. O imóvel no qual está localizado o museu foi comprado pelo governo federal em 1924, um ano após a morte de Ruy Barbosa.[5] Criado pelo Decreto n.º 17.758, de 4 de abril de 1927[6], foi inaugurado em 13 de agosto de 1930[7] pelo presidente Washington Luís. Em 1966, teve sua personalidade jurídica alterada pela Lei nº 4.943[8], sendo transformado em Fundação Casa de Rui Barbosa. Atualmente o Museu Casa é uma Divisão que integra o Centro de Memória e Informação[9][10] da Fundação Casa de Rui Barbosa. Tem como missão preservar o acervo museológico, arqueológico e paisagístico sob sua guarda através de atividades de documentação, educação museal, conservação, comunicação e pesquisa[11]. HistóricoCom o falecimento de Ruy Barbosa em 1º de março de 1923[12], o governo federal brasileiro propôs a compra da casa[13][1] à viúva, Maria Augusta Ruy Barbosa, devido ao papel fundamental do jurista na transição do Império para a República[3]. Maria Augusta teria, na ocasião, recebido propostas financeiramente vantajosas mas decidiu-se pela venda ao governo federal, ciente da intenção de transformação da casa em instituição cultural[14]. Foram comprados em 1924[15] a casa, a biblioteca com suas estantes que reúnem 23 mil títulos, em 37 mil volumes[16], a propriedade intelectual de Ruy Barbosa e seu arquivo pessoal, composto por mais de 60.000 documentos produzidos pelo jurista entre os anos de 1849 a 1923[17]. Em 13 de agosto de 1930, foi inaugurada, como órgão federal, a Casa de Ruy Barbosa, transformando a residência do jurista em museu aberto ao público[3]. A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Washington Luís que, no evento, realizou o plantio de uma muda de pau-brasil no jardim do museu[3][18]. É também creditado a Washington Luís a escolha dos nomes das salas[14][3][11] que compõe os diferentes ambientes do Museu, que correspondem a momentos marcantes da atuação do jurista na política, no Direito e na também na sua vida privada[14]: AcervosO Museu Casa de Rui Barbosa possui acervos museológicos, paisagísticos e arqueológicos[19]. Acervo museológicoO acervo museológico é composto pelo legado e espólios do casal Ruy Barbosa e Maria Augusta Ruy Barbosa, doados pela família ou comprados pela instituição[11]. São cerca de 1.500 objetos[11], organizados em dois livros de Tombo[20]. O primeiro reúne os bens que pertenceram a Ruy Barbosa, sua esposa Maria Augusta e seus filhos. Já o segundo contém quatro coleções: a coleção de objetos que pertenceram à família de Ruy Barbosa; a coleção de objetos adquiridos pelo museu para a reconstituição dos ambientes; a coleção dos objetos relacionados a Ruy Barbosa e finalmente a coleção de objetos diversos, sem relação com Ruy Barbosa mas com interesse para o Museu[2]. Em sua maioria, as coleções que integram o acervo museológico são compostas por objetos de decoração de interiores[2], como peças de mobiliário, e por objetos de uso pessoal, como peças de indumentária, de adorno e de higiene e toalete[11]. O museu possui objetos de iluminação, esculturas, pinturas, numismática e medalhística[11] e um piano alemão de meia-cauda da marca C. Bechstein do século XIX, localizado na Sala de Música[21], utilizado pela família Rui Barbosa em saraus, onde se apresentaram músicos brasileiros como Antonieta Rudge, Bebê de Lima Castro, Magdalena Tagliaferro, Guiomar Novais, Cláudia Muzzi e Gigli[21]. São destaques do acervo as quatro viaturas de uso de Ruy Barbosa e família: três carruagens de tração animal e um automóvel localizado na antiga Cavalariça[22]:
Acervo paisagísticoO jardim histórico e a Casa de Rui Barbosa formam um valioso conjunto arquitetônico de 9000m², tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938[25].O jardim já constava na escritura do terreno na época da construção pelo primeiro barão da Lagoa, Bernardo Casemiro de Freitas: “O terreno consta de jardim, horta e pomar, grande parreiral sobre vergalhões de barrões de ferro, vasos, figuras, bancos de jardim etc.”[26] Com cerca de 6000 m² de área ajardinada[27] em estilo romântico[28],especialistas indicam que o traçado do jardim apresenta inspiração no trabalho do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou[27][28]. Sua composição vegetal conta com espécies nativas, como o sapoti, o abiu, a aroeira, e o araçá, e com espécies exóticas, como as mangueiras, o jambeiro, e a lichia centenária, plantada pelo próprio Ruy Barbosa em 1895[28]. O grande parreiral[29] que ainda hoje permanece o centro do jardim era ocupado por parreiras e rosas, que cresciam em grande quantidade. Segundo os familiares, cerca de 300 espécies de rosas eram cultivadas no local por Ruy Barbosa[28]. Em 1927, quando já a casa já pertencia ao governo federal, parte do jardim foi alterada para a passagem de uma rua que ligaria a Rua São Clemente à Rua Assunção[28][29]. Por isso, para a inauguração da Casa de Ruy Barbosa, em junho de 1930, foi contratado o engenheiro Vittorio Miglietta para a realização de obras de reforma e restituição do jardim e terreno ao seu traçado original[30][31]. Apenas a partir da década de 1980, com a Carta de Florença, o jardim passou a ser compreendido como um jardim histórico[32], ou seja, uma composição arquitetônica e vegetal de interesse histórico[27]. Entre 2015 e 2016 foi realizado o projeto de revitalização e restauração do Jardim Histórico da Fundação Casa de Rui Barbosa, incluindo o paisagismo e os elementos arquitetônicos e artísticos integrados, a modernização da infraestrutura e implementação de melhorias na acessibilidade, iluminação e sinalização[29]. Acervo arqueológicoA Casa de Rui Barbosa é reconhecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional como sítio arqueológico histórico, constando no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos sob o número CNSA RJ00947 [33]. O Museu Casa de Rui Barbosa detém a guarda de acervo arqueológico coletado em prospecções arqueológicas realizadas no jardim histórico do museu durante a realização de obras de reforma da drenagem pluvial e das galerias de escoamento sanitário[34]. Em 2016, foram incorporadas peças arqueológicas variadas, como moedas, tinteiros, cachimbos e cerâmicas, coletadas durante o monitoramento arqueológico realizado durante as obras de restauração e revitalização do jardim histórico[35]. Durante as obras também foram encontrados pavimentações de paralelepípedos, até então nunca identificados, escondidos sob os pisos de cimento de um dos trechos do jardim[36].
Referências
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