Museu Judaico de Berlim
O Museu Judaico de Berlim (Jüdisches Museum Berlin) é um museu situado em Berlim e que cobre a história dos judeus alemães ao longo de dois milénios. Este museu, foi fundado no ano de 1933 em Oranienburger Straße (Berlim) e foi encerrado em 1938 pelo Regime nazista, pela Gestapo. Nesse período, todas as obras foram confiscadas. Daniel Libeskind desenhou um novo edifício para o novo museu que abriu as suas portas em 2001. O Museu está dividido em dois edifícios: o "Prédio Velho" e o "Prédio Novo". No Prédio Velho, de arquitetura barroca, está o Museu de Berlim. O edifício foi construído em 1735 e reconstruído após a destruição na Segunda Guerra Mundial. Nesta parte, estão a loja de presentes e suvenires, exposições temporárias e um espaço para eventos. O "Novo Prédio", construído em 2001, se chama "Libeskind", e é acessado por meio de uma escada do antigo prédio. A arquitetura em zigue-zague sugere associação entre a vida dos judeus no país com o formato de "vai e vem". Além de exibir artes e relíquias, o Museu reforça aspectos culturais, sociais e políticos da história dos judeus na Alemanha. Hoje em dia, o Museu Judaico de Berlim é um dos mais visitados da Alemanha. [1] HistóriaO primeiro Museu Judaico em Berlim foi fundado em 24 de janeiro de 1933, sob a liderança de Karl Schwartz, seis dias antes de os nazistas ganharem oficialmente o poder. O museu foi construído ao lado da Sinagoga Neue, na importante rua Oranienburger Straße e, além de tratar da história judaica, também apresentou coleções de arte judaica moderna. Schwartz pretendia que o museu fosse um meio de revitalizar a criatividade judaica e de demonstrar que a história judaica estava viva.[2] A coleção de arte do museu também foi vista como uma contribuição para a história da arte alemã e uma das últimas exposições a serem realizadas foi uma retrospectiva do impressionista alemão Ernst Oppler em 1937.[3] Para enfatizar esse foco na história viva, o hall de entrada do museu continha bustos de judeus alemães proeminentes, como Moses Mendelssohn e Abraham Geiger, e também uma série de obras de artistas judeus contemporâneos como Arnold Zadikow e Lesser Ury.[2] Em 10 de novembro de 1938, durante os "massacres de novembro", conhecidos como Kristallnacht, o museu foi fechado pela Gestapo, e o inventário do museu foi confiscado.[2] Em 1976, formou-se uma "Sociedade Por um Museu Judeu" e, três anos depois, o Museu de Berlim estabeleceu um departamento judeu em suas instalações. Nessa época, discussões sobre a construção de um novo museu dedicado exclusivamente à história judaica em Berlim já estavam acontecendo.[3] Em 1988, o governo de Berlim anunciou uma competição anônima pelo design do novo museu. Um ano depois, o projeto do arquiteto Daniel Libeskind foi escolhido pelo comitê para o que seria um "Departamento Judaico" no Museu de Berlim. Enquanto outros participantes propuseram espaços frescos e neutros, Libeskind ofereceu um design radical em ziguezague, que ganhou o apelido de "Blitz" ("Relâmpago").[4] A construção da nova extensão para o Museu de Berlim começou em novembro de 1992. O museu vazio foi concluído em 1999 e atraiu mais de 350 mil pessoas antes de ser preenchido e aberto em 9 de setembro de 2001.[5] DesignO Museu Judaico de Berlim está localizado no que era Berlim Ocidental antes da queda do Muro de Berlim. Essencialmente, é a construção dos dois edifícios — um edifício antigo barroco, o "Kollegienhaus" (que antes abrigava o Museu de Berlim) e um novo edifício de estilo desconstrutivista de Libeskind. Os dois edifícios não têm conexão visível acima do solo. O edifício Libeskind, composto por cerca de 15 000 metros quadrados, é um ziguezague torcido e é acessível apenas através de uma passagem subterrânea do edifício antigo. [5][6][7] Para Libeskind, "o novo design, que foi feito um ano antes da queda do Muro de Berlim, se baseia em três concepções: a primeira é a impossibilidade de entender a história de Berlim sem entender a enorme contribuição intelectual, econômica e cultural feita pelos cidadãos judeus de Berlim; a segunda, a necessidade de integrar, física e espiritualmente, o significado do Holocausto na consciência e memória da cidade de Berlim; a terceira, é que, somente estando ciente do apagamento da vida judaica em Berlim, a história da cidade e de toda a Europa pode ter um futuro humano." Uma linha de "Vazios", espaços ocos de cerca de 20 metros de altura, fatiam linearmente todo o edifício. Os vazios representam "aquilo que nunca pode ser exibido quando se trata da história judaica de Berlim: a humanidade reduzida às cinzas."[8] No porão, os visitantes primeiro encontram três corredores que se cruzam, inclinados, chamados "Eixos". Os três eixos simbolizam três caminhos da vida judaica na Alemanha — continuidade na história alemã, emigração da Alemanha e o Holocausto.[8] O primeiro eixo termina em uma longa escada. O segundo eixo conecta o museu próprio ao E.T.A. Hoffmann Garden, ou Jardim do Exílio, cuja base é inclinada, onde se encontra uma oliveira. O terceiro eixo leva do Museu para a Torre do Holocausto, um silo vazio de 24 metros de altura. A torre de concreto nu não é aquecida nem arrefecida, e sua única luz vem de uma pequena fenda no seu telhado. O Museu Judaico de Berlim foi o primeiro grande sucesso internacional de Libeskind.[3] No início do século XXI, Libeskind criou duas extensões estruturais: uma cobertura feita de vidro e aço para o pátio da "Kollegienhaus" (2007),[5] e o edifício Eric F. Ross, que abriga a Academia do Museu Judaico, no antigo mercado de flores no lado oposto da rua (2012).[7] Em 2016, um júri nomeado pelo Museu Judaico de Berlim premiou com 3,44 milhões de euros, num concurso de arquitetura, o projeto de um novo museu infantil para crianças de 5 a 12 anos, de Olson Kundig Architects; O segundo prêmio foi concedido à firma de Berlim Staab Architects e terceiro prêmio a Michael Wallraff de Viena. O museu de crianças planejado será alojado no prédio Eric F. Ross e está programado para abrir em 2019.[9] Exposição Permanente"Dois milênios da história judaica alemã" apresenta a Alemanha através dos olhos da minoria judaica. A exposição começa com exibições sobre assentamentos medievais ao longo do rio Reno, em especial em Speyer, Worms e Mayence. O período barroco é visto através da lente de Glikl bas Judah (1646-1724, também conhecida como Glückel von Hameln), que deixou um diário detalhando sua vida como uma empresária judia em Hamburgo. Os legados intelectuais e pessoais do filósofo Moses Mendelssohn (1729-1786) também estão presentes. A Era da Emancipação no século XIX é representada como um tempo de otimismo, conquista e prosperidade, embora também se demonstrem decepções. Os soldados ingleses judeus que lutaram por seu país na Primeira Guerra Mundial estão na seção do início do século XX. O foco da exposição é Berlim e seu desenvolvimento enquanto uma metrópole europeia. Os judeus vivendo na cidade como comerciantes e empreendedores, cientistas e artistas, são retratados como pioneiros nos avanços da Era Moderna.[10][11] Na seção sobre nacional-socialismo, a ênfase é colocada sobre as maneiras pelas quais os judeus reagiram à crescente discriminação contra eles, como com a fundação de escolas judaicas e serviços sociais. Após a Shoah, 250 000 sobreviventes esperaram em campos de "pessoas deslocadas" para a possibilidade de emigrar. Ao mesmo tempo, pequenas comunidades judaicas do oeste e do leste estavam se formando. No final, dois julgamentos nazistas principais do período pós-guerra foram considerados — o julgamento de Frankfurt Auschwitz (1963-1965) e o julgamento de Majdanek em Düsseldorf (1975-1981). A exposição se encerra com uma instalação de áudio em que se podem ouvir relatos de judeus alemães relembrando a infância e juventude depois de 1945. [10][11][12] Referências
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