Nymphaeales
Nymphaeales é uma ordem de plantas com flor que agrupa três famílias de plantas aquáticas (Hydatellaceae, Cabombaceae e Nymphaeaceae) que partilham entre si pelo menos 10 caracteres morfológicos,[3] com várias sinapomorfias moleculares conhecidas. A base de dados The Plant List reconhece nesta ordem cerca de 70 espécies, repartidas por 11 géneros,[4] mas um recente estudo filogenético do género Nymphaea eleva este total para mais de 90 espécies.[5] A diferença no número de espécies é devida quase inteiramente à dificuldade de circunscrever espécies no género Nymphaea. Todas as espécies são plantas aquáticas herbáceas rizomatosas, com grandes flores. O grupo inclui as plantas que produzem as flores conhecidas geralmente como lótus ou nenúfar. Contudo, uma das espécies mais emblemáticas de "lótus", o lótus-sagrado (Nelumbo nucifera), não pertence a este grupo mas à família Nelumbonaceae, da ordem Proteales. DescriçãoAs Nymphaeales são uma ordem de plantas com flor que agrupa três famílias de plantas aquáticas, as Hydatellaceae, as Cabombaceae e as Nymphaeaceae (nenúfares). É uma das três ordens de angiospermas basais, um um grado de divergergência precoce de angiospermas. Pelo menos 10 caracteres morfológicos unem os Nymphaeales.[6] Uma das características é a ausência de um câmbio vascular, que é necessário para produzir tanto o xilema (madeira) como o floema, que, por conseguinte, não existem.[7] São também conhecidas várias sinapomorfias moleculares. The Plant List, uma base de dados taxonómicos criada e mantida pelo Royal Botanic Gardens, Kew e pelo Missouri Botanical Garden lista na ordem Nymphaeales cerca de 70 espécies repartidas por 11 géneros,[8] mas um estudo filogenético do género Nymphaea estima este total em mais 90 espécies.[9] A diferença no número de espécies deve-se quase inteiramente à dificuldade de circunscrever as espécies do género Nymphaea. MorfologiaTodas as espécies são plantas aquáticas herbáceas e rizomatosas, com folhas largas, em geral peltadas, e flores grandes e vistosas. As Nymphaeales são plantas aquáticas altamente especializadas, adaptadas à vida em águas calmas. Com excepção das zonas árcticas, membros deste agrupamento taxonómico estão presentes em todo o mundo. Regra geral, não possuem vasos, mas não é claro se a sua ausência é uma caraterística original ou derivada. Os feixes vasculares encontram-se dispersos no caule, dispostos em um ou dois círculos. Não há crescimento secundário em espessura. Na germinação, as sementes formam dois cotilédones.[10] A folhagem da maioria das espécies é de caule longo, com folhas flutuantes simples e inteiras. Os estomas encontram-se na parte superior do limbo foliar. A espécie Victoria amazonica (anteriormente conhecida como Victoria regia), nativa da bacia amazónica, tem as maires folhas do grupo (e das maiores a nível global), com as margens curvadas para cima. Os primórdios da formação de raízes só podem ser encontrados durante as fases embrionárias.[10] As flores solitárias são geralmente muito grandes e vistosas. Todos os órgãos florais estão dispostos em hélice. As partes individuais são geralmente numerosas. Os grãos de pólen são geralmente monocolados. Tal como nas Piperales, o tecido nutritivo da semente não é o endosperma mas sim o perisperma. Do ponto de vista químico, as Nymphaeales distinguem-se claramente de todos os outros Magnoliidae pela presença de elagitaninos.[10] A maior parte das espécies de Nymphaeales pertence à família das Nymphaeaceae (família dos nenúfares). O nenúfar branco (Nymphaea alba) foi apontado como um exemplo da transição gradual dos estames para as pétalas. Taxonomia e filogeniaSistema APG IVNo sistema APG IV, as Nymphaeales incluem três famílias e de 70 a 90 espécies (consoante o critério usado no género Nymphaea). O seguinte cladograma ilustra a relação entre os diversos taxa:
Esta ordem não fazia parte da classificação das plantas de 2003 do sistema APG II (inalterada em relação ao sistema APG de 1998), que, em vez disso, apresentava uma família Nymphaeaceae amplamente circunscrita (incluindo Cabombaceae) não colocada em nenhuma ordem (em incertae sedis). O sistema APG III separou de facto as Cabombaceae das Nymphaeaceae e colocou-as na ordem Nymphaeales juntamente com as Hydatellaceae. A família Hydatellaceae foi colocada entre as monocotiledóneas em sistemas anteriores, mas um estudo de 2007 descobriu que a família pertence às Nymphaeales.[11] No sistema APG IV, Hydatellaceae, Cabombaceae e Nymphaeaceae são as três famílias incluídas nas Nymphaeales.[12] Outras classificaçõesAlguns sistemas anteriores, como o sistema de Cronquist de 1981, incluíam frequentemente as Ceratophyllaceae e as Nelumbonaceae nas Nymphaeales. Embora o sistema de Takhtajan de 1980 tenha separado as Nelumbonales, a nova ordem foi mantida juntamente com as Nymphaeales na superordem Nymphaeanae. O sistema de Cronquist colocou as Nymphaeales na subclasse Magnoliidae, na classe Magnoliopsida (=dicotiledóneas). Para além disso, Cronquist incluiu as Ceratophyllaceae e separou a família Barclayaceae das Nymphaeaceae. No sistema APG II, a família Cabombaceae foi incluída dentro das Nymphaeaceae, mas podia opcionalmente ser reconhecida separadamente. A partir do APG III, as duas famílias são reconhecidas separadamente. O sistema Dahlgren colocou as Nymphaeales com as Piperales na superordem Nymphaeanae, dentro da subclasse Magnoliideae (dicotiledóneas). O Sistema de Thorne 1992 (e revisão de 2000) colocou as Nymphaeales como a única ordem na superordem Nymphaeanae dentro da subclasse Magnoliideae (=dicotiledóneas).
Registo fóssilO registo fóssil deste grupo consiste especialmente em sementes, mas também em pólen, caules, folhas e flores. Estende-se até ao Cretáceo.[18][19] Estima-se que o grupo coroa das Nymphaeales tenha cerca de 112 milhões de anos,[20] embora alguns autores tenha sugerido que esta idade pode ser excessiva.[21] Um membro basal de Nymphaeales, o género Monetianthus, é conhecido do Cretáceo Inferior de Portugal.[22] Um membro fóssil das Nymphaeaceae é Jaguariba, do início do Cretáceo do Brasil. Vários géneros de Cabombaceae datados do Cretáceo são também conhecidos, incluindo Scutifolium, da Jordânia, Pluricarpellatia, do Brasil, e Brasenites, do Kansas.[23] O género fóssil Notonuphar, que se pensa ser um parente filogeneticamente próximo do moderno género Nuphar', é conhecido a partir de sedimentos datados do Eoceno da Ilha Seymour, Antárctica.[24] O fóssil de planta aquática Archaefructus, do Cretáceo Inferior de Liaoning, China, possivelmente também pertence a este grupo.[25] Galeria
Referências
Bibliografia
Ligações externas |