Pronome pessoal de terceira pessoa do singularneutro de gênero, popularmente chamado de pronome neutro, refere-se aos pronomes que não especificam o sexo/gênero de um indivíduo, representando outrem, que seria, outra pessoa além da que faz a oratória ou à que se dirige.[1][2][3] Os pronomes do plural neutro de terceira pessoa referem-se a um coletivo de outras pessoas, além da(s) que faz(em) a oratória ou à(s) que se dirige(m).
Os pronomes él e ella, em espanhol, assim como no português, com ele e ela, são de gêneros gramaticais, respectivamente, masculino e feminino e objetos diretos que, em certos contextos seguindo a concordância, são epicenos.[7] Isso significa que, ao se referir a alguém com um substantivosobrecomum que seja invariável ou uniforme, por exemplo, como testemunha ou sujeito, pode-se usar ela ou ele, de acordo com o gênero gramatical da palavra mencionada que se faz referência, não determinando assim a identidade de gênero ou o sexo biológico do indivíduo ou grupo de pessoas em questão.
A epicenidade léxica pode ser considerada uma forma de neutralidade de gênero, porém ela pode ainda continuar possuindo um gênero lógico ou natural, que em si, não são de gênero gramatical neutro.[8] A busca por metonímias, perífrases e nomes coletivos para neutralizar frases, como em "a juventude", em vez de jovens, "profissional do secretariado", em vez de secretários e secretárias, ou "figura pública" e "celebridade" em vez de famoso(a), pode ser umas das opções disponíveis sem desgenerificar as palavras, e assim, usar pronomes já existentes, respetivos à determinada palavra.[9][10]
Genericidade
Em inglês, o they singular, one e it são pronomes genéricos gênero-neutros de terceira pessoa.[11] Eles podem servir tanto de uso pessoal quanto impessoal, para algo ou alguém específico ou não.[12][13][14][15]
Neologismos pronominais, neolinguagem[26] pronominal ou pronomes neolinguísticos ou neologísticos, são chamados de neopronomes, que são palavras que ainda não dicionarizadas, foram recentemente formadas ou não foram oficialmente reconhecidas na língua natural.[27][28][29] Elas diferem de língua artificial, que se refere a um idioma, enquanto um neopronome é uma modificação flexional de outros pronomes preexistentes,[30] embora nem todos desempenhem uma declinação, como, por exemplo, os pronomes substantivais (do inglês, noun-self pronouns).[31][32][33][34][35][36] Ainda, há pronomes baseados em emojis, chamados de emoji-self, que só podem ser usados graficamente.[37]
Português
No português, uma das propostas neopronominais, que foi bem difundida entre a população na década de 2010 e ainda usada na de 2020, é elx, terminada em xis (X),[38] como elx não era considerada pronunciável, veio a surgir as propostas neopronominais elu,[39][40][41] que por sua vez deriva do latim illud (nom. n. sing.), e ile,[42][43] com iterações variantes a elas, como ilu.[44][45] Elu tem duas formas de pronunciar: élu e êlu.[46] Outro neopronome proposto foi êla (pronúncia em português: [ˈe.la]), mas que não chegou a ser tão popular quanto os outros,[47] mas sendo um dos mais antigos, havendo registros desde a década de 2000.[48] Um neopronome possivelmente mais antigo e sem uso amplo foi elo, para se referir a travestis na década de 1970.[49] Alguns pronomes da neolinguística seguem um padrão de língua artística ou performatividadesociolinguística, como, por exemplo, elⒶ,[50][51] usando A circulado representando o anarquismo, e ily,[52] que teria a mesma pronúncia de ili e, dependendo da região, ile. A desinência em @ (arroba) é uma das mais usadas, mas serve para ambiguidade das partículas O/A em artigos e sufixos, a existência de el@ implicaria em elo como pronome masculino preexistente.[53]
Abaixo, uma tabela com algumas propostas de neopronomes pessoais e demonstrativos, junto de contrações com "de" e "em" (adicionalmente "para" e "a" em "aquele").
ilu
elu
el
elx
ile
ili
éle
el@
elæ
êla
elo
ele/a(s)
ilu(s)
elu(s)
el(s)
elx(s)
ile(s)
ili(s)
éle(s)
el@(s)
elæ(s)
êla(s)
elo(s)
dele/a(s)
dilu(s)
delu(s)
del(s)
delx(s)
dile(s)
dili(s)
déle(s)
del@(s)
delæ(s)
dêla(s)
delo(s)
nele/a(s)
nilu(s)
nelu(s)
nel(s)
nelx(s)
nile(s)
nili(s)
néle(s)
nel@(s)
nelæ(s)
nêla(s)
nelo(s)
este/a(s)
istu(s)
estu(s)
est(s)
estx(s)
iste(s)
isti(s)
éste(s)
est@(s)
estæ(s)
êsta(s)
esto(s)
deste/a(s)
distu(s)
destu(s)
dest(s)
destx(s)
diste(s)
disti(s)
déste(s)
dest@(s)
destæ(s)
dêsta(s)
desto(s)
neste/a(s)
nistu(s)
nestu(s)
nest(s)
nestx(s)
niste(s)
nisti(s)
néste(s)
nest@(s)
nestæ(s)
nêsta(s)
nesto(s)
esse/a(s)
issu(s)
essu(s)
ess(s)
essx(s)
isse(s)
issi(s)
ésse(s)
ess@(s)
essæ(s)
êssa(s)
esso(s)
desse/a(s)
dissu(s)
dessu(s)
dess(s)
dessx(s)
disse(s)
dissi(s)
désse(s)
dess@(s)
dessæ(s)
dêssa(s)
desso(s)
nesse/a(s)
nissu(s)
nessu(s)
ness(s)
nessx(s)
nisse(s)
nissi(s)
nésse(s)
ness@(s)
nessæ(s)
nêssa(s)
nesso(s)
aquele/a(s)
aquilu(s)
aquelu(s)
aquel(s)
aquelx(s)
aquile(s)
aquili(s)
aquéle(s)
aquel@(s)
aquelæ(s)
aquêla(s)
aquelo(s)
daquele/a(s)
daquilu(s)
daquelu(s)
daquel(s)
daquelx(s)
daquile(s)
daquili(s)
daquéle(s)
daquel@(s)
daquelæ(s)
daquêla(s)
daquelo(s)
naquele/a(s)
naquilu(s)
naquelu(s)
naquel(s)
naquelx(s)
naquile(s)
naquili(s)
naquéle(s)
naquel@(s)
naquelæ(s)
naquêla(s)
naquelo(s)
àquele/a(s)
àquilu(s)
àquelu(s)
àquel(s)
àquelx(s)
àquile(s)
àquili(s)
àquéle(s)
àquel@(s)
àquelæ(s)
àquêla(s)
àquelo(s)
praquele/a(s)
praquilu(s)
praquelu(s)
praquel(s)
praquelx(s)
praquile(s)
praquili(s)
praquéle(s)
praquel@(s)
praquelæ(s)
praquêla(s)
praquelo(s)
Outros tipos de pronomes fazendo uso de neodesinências existem, como é o caso dos neopronomes indefinidos. Abaixo, uma tabela com alguns exemplos.[54][55]
Os neopronomes geralmente não têm uma tradução certa, sendo muitos intraduzíveis, como é o caso de thon/thons/thonself.[63] Algumas línguas, como as portuguesa e espanhola, partilham contato linguístico, abrindo a possibilidade, de certa forma, de traduzir elle para 'éle' ou 'elhe' (êlhe ou élhe), sendo que 'elle' também já foi a forma obsoleta de 'ele' e é o pronome feminino em francês, 'ela'.[16]
Algumas línguas sem gênero, como húngaro e turco, os pronomes ő e o, respectivamente, representam pronomes singulares sem gênero gramatical, o que não necessariamente representam pronomes de gênero neutro.[64][65][66] Ao traduzir automaticamente, para línguas em que existem distinções binarizadas de gêneros gramaticais, a máquina pode presumir o gênero através do corpus computacional, quando não aleatoriamente, revelando assim um sexismo linguístico, não necessariamente por quem traduziu ou criou os meios para a tradução, mas sim da sociedade em si.[67][68][69]
Muitas traduções do they singular acabam fazendo uso do masculino genérico, que seria o gênero não marcado, ou quando se é uma tradução automática, erroneamente usa-se o pronome plural eles como padrão.[70][71] Também não há consenso de qual neopronome é o mais correto para substituir o pronome masculino, pelo menos no português, visto que elu não é o único mais utilizado, vide "ile",[72] adicionalmente outros propostos, como "el" e "ilu".[73] Há também, o uso de ele(a) ou ela(e), bem como ele/a e ela/e.
↑ abcdivulgacióndinámica (18 de julho de 2018). «Cómo evitar el lenguaje sexista». Divulgación Dinámica | Cursos Online y Formación a distancia (em espanhol). Consultado em 3 de abril de 2021