Quilombo RetiroQuilombo Retiro
O Quilombo Retiro é uma comunidade remanescente de quilombo certificada pela Fundação Cultural Palmares, que está localizada na cidade de Santa Leopoldina.[1][2] Também conhecido como Retiro, Retiro do Mangaraí ou Cachoeira do Retiro.[3] História documentadaO Quilombo Retiro recebeu sua certificação por meio da portaria nº 39 de 29 de setembro de 2005, emitida pela Fundação Palmares e publicada no DOU. [4] A comunidade possui escritura pública de compra e venda, datando de 04 de setembro de 1892, em nome de Benvindo Pereira dos Anjos.[5]
A partir da década de 1960, a área total do quilombo foi sendo reduzida por ameaças violentas dos fazendeiros e subterfúgios de comerciantes (dívidas contraídas e apoio da polícia da época levaram à expulsão)[3]. Apenas em 1985, a comunidade conseguiu providenciar as escrituras das terras com auxílio do Sindicato dos Trabalhadores Rurais. E, em 1991, ocorreu a criação da Associação dos Herdeiros do Benvindo Pereira dos Anjos (AHBPA). Hoje o quilombo ocupa cerca de 160 hectares na zona rural do município[3], para as 77 famílias que habitam a comunidade (dados de 31.05.2021), que solicitavam a titulação de 519,5160 hectares, por meio do processo de n° 54340.000528/2004-99, aberto em 2004.[6] A reivindicação de reconhecimento junto à Fundação Cultural Palmares (FCP) foi embasada por relatório que derivou de pesquisa realizada junto ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia e Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (PPGCP/UFF).[3] Atualmente, a Prefeitura Municipal de Santa Leopoldina dispende à comunidade apenas a manutenção de uma escola primária, o serviço de coleta semanal de lixo, e recursos esporádicos para a Banda de Congo Unidos do Retiro.[3] Em 2012, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) foi imitido na posse de 121 hectares dentro do território titulado como Remanescente de Comunidade Quilombola, onde residem dezenas de famílias que vivem de atividades agrícolas.[3] Banda de Congo Unidos do RetiroA dança do Congo do Estado do Espírito Santo é semelhante ao que se conhece em outras regiões do Brasil como “congado”, “congada” ou “reinado”. Essa dança é parte de tradição de uma região da África, ensinada pelos antepassados descendentes de africanos, e implantada na região de Santa Leopoldina ainda no tempo da escravidão. Com as ameaças e subterfúgios para a redução das terras do quilombo e expulsão dos habitantes, na década de 1960, o Congo deixou de ser dançado. Em 1991, quando foi criada a Associação dos Herdeiros do Benvindo Pereira dos Anjos (AHBPA), também foi criada a Banda de Congo Unidos do Retiro para que as tradições fossem retomadas. O Congo voltou a ser dançado para São Benedito, todo dia 26 de dezembro, e São Sebastião, todo dia 20 de janeiro.[2] No dia de São Benedito, a banda reúne seus instrumentos e seus membros, um cortejo sai do Centro Comunitário e vai até a Praça do Centro Comunitário, onde é fincado o mastro e hasteada a bandeira de São Benedito. Lá várias músicas são cantadas e dançadas em homenagem ao padroeiro do congo e protetor do grupo (São Benedito). Toda a celebração dura cerca de uma hora e meia. No dia de São Sebastião, é realizada nova celebração para a retirada do mastro, com rezas para São Benedito, São Sebastião e Nossa Senhora Aparecida. O cortejo leva o mastro até a casa do(a) descendente mais velho(a) de Jorge Benvindo.[2] Ver tambémReferências
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