Túnica chinesaA túnica chinesa é um estilo de roupa tradicionalmente conhecida na China como túnica Zhongshan (chinês tradicional: 中山裝, chinês simplificado: 中山装, pinyin: Zhōngshān zhuāng) (referente a Sun Yat-sen, também conhecido como Sun Zhongshan), e posteriormente como túnica Mao (depois de Mao Tsé-Tung). Sun Yat-sen apresentou o estilo logo depois da fundação da República da China como forma de traje típico, ainda que com implicações políticas e governamentais distintas. Após o fim da Guerra Civil Chinesa e o estabelecimento da República Popular da China em 1949, tais túnicas começaram a ser vestidas pelos homens em geral e pelos líderes de governo em particular como símbolo de unidade proletária e como contraparte oriental aos ternos ocidentais. O nome "túnica Mao" vem do gosto do líder comunista chinês Mao Tsé-Tung por usar esse tipo de vestimenta em público, de modo que esta se tornou claramente associada a ele e ao comunismo chinês em geral no imaginário ocidental. Embora tenham caído em desuso entre o público durante e após da década de 1990 em função do aumento da influência ocidental, as túnicas Mao ainda são usadas pelos líderes chineses durante cerimônias de Estado.[1][2] OrigensQuando a República foi fundada em 1912, o estilo de vestimenta usado na China era baseado nos padrões dos Manchus (qipao e changshan), impostos pela dinastia Qing como forma de controle social. Após a morte de Sun Yat-sen, tido como o fundador da China moderna, em 1925, que popularizou o uso da túnica,[3] a mitologia popular assinalou um significado patriótico e revolucionário à túnica Zhongshan. Os quatro bolsos foram interpretados como representantes das Quatro Virtudes citadas no clássico Guanzi: propriedade, justiça, honestidade e vergonha. Os cinco botões representam os ramos do governo (Yuans) legislação, regulação/supervisão, inspeção/exame, administração e jurisdição, citados na constituição da República da China e os três botões nas mangas para representar os Três Princípios do Povo preconizados por Sun Yat-sen: nacionalismo, democracia e os meios de subsistência do povo. Por fim, diferentemente das vestimentas ocidentais, normalmente compostas por duas camadas de roupa, a túnica é composta por uma peça única, representando a paz e a unidade da China. Desenvolvimento históricoNas décadas de 1920 e de 1930, os servidores públicos chineses foram obrigados a usar as túnicas Zhongshan. Uma versão ligeiramente modificada da túnica, adaptada para combate, formou a base dos uniformes militares usados pelo Exército Nacional Revolucionário Chinês antes e durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa, ainda que durante a década de 1930, o apoio e assistência militar alemães ao governo nacionalista chinês tenham mudado esse conjunto para uniformes e patentes semelhantes aos usados pela República de Weimar e pela Alemanha nazista (incluso aí o famoso capacete). Após o surgimento da República Popular da China e especialmente durante a longa era maoista que levou à Revolução Cultural (1966-1976), a túnica veio a ser usada por toda a população masculina como símbolo da unidade proletária e, adotada pelos membros do Partido Comunista Chinês, foi usada regularmente até a década de 1990, quando foi amplamente substituída pelas vestimentas ocidentais. A túnica Mao foi a vestimenta formal padrão para vários líderes da primeira e da segunda geração da República Popular da China, tais como Deng Xiaoping. Durante a década de 1990, começou a ser cada vez menos usada pelos líderes da geração de Jiang Zemin em diante, enquanto cada vez mais e mais políticos chineses começaram a usar ternos ocidentais com gravatas. Jiang só usava a única em ocasiões especiais, tais como jantares de Estado. Hu Jintao também seguiu a tendência, tendo usado a túnica durante a cerimônia dos 60 anos da República Popular da China em 2009.[4] Hu Jintao até mesmo foi alto de crítica após ter usado um terno durante um jantar de Estado no estilo black tie nos Estados Unidos, sob a alegação de estar trajado inadequadamente para uma ocasião formal.[5][6] No entanto, durante o governo de Xi Jinping, a túnica Mao voltou a ser usada como traje diplomático e de gala. Em Taiwan, a túnica Zhongshan raramente foi vista após a década de 1970, mas considerado o clima subtropical da região, por algum tempo antes usou-se uma versão cuja gola era menos fechada e mantida desabotoada. Símbolo de soberania nacionalA túnica Mao é usada nas cerimônias formais como símbolo de soberania nacional. Os líderes políticos da China sempre usam túnicas Mao durante as paradas militares em Pequim, mesmo quando o vice-presidente e outros membros do Politburo usam ternos ocidentais. É costumeiro os líderes chineses usarem essa vestimenta quando vão a jantares de Estado.[7][8][9] Nessas situações, a túnica Mao serve como traje de noite, equivalente aos trajes militares dos monarcas ou ao smoking dos presidentes e primeiros-ministros. A túnica Mao também serve como uniforme diplomático. Ainda que os embaixadores chineses usem ternos ocidentais no dia-a-dia, não raro escolhem usar a túnica Mao quando apresentam suas credenciais ao Chefe de Estado do país onde vão cumprir missão.[10][11][12] A cerimônia de apresentação é simbólica do reconhecimento diplomático que existe entre dois países, carregando alto nível de formalidade, maior que o de encontros diplomáticos. Galeria
Referências
Ligações externas (em inglês)Information related to Túnica chinesa |