Associação Recreativista Escola de Samba Vizinha Faladeira, fundada a 10 de dezembro de 1932, por David da Silva Neves, é uma escola de samba da cidade do Rio de Janeiro, que esta sediada no bairro do Santo Cristo na zona portuária.
Uma das mais antigas escolas de samba do Brasil, a Vizinha Faladeira foi a primeira escola de samba a ter uma comissão de frente[carece de fontes?], além de ser a primeira a utilizar enredos internacionais e trouxe também diversas inovações e novidades, que atualmente são utilizadas nos desfiles carnavalescos, como: Introdução do carro alegórico utilizado numa escola de samba; Ala infantil; Utilização de instrumentos de percussão mais leves e sofisticado. A escola também é conhecida por ter ficado com as atividades paralisadas por 50 anos. Em sua história, destacam-se os enredos sobre contos infantis.
Possui seis títulos, sendo campeã da divisão Principal do carnaval em 1937. Conquistou também títulos nas divisões de Acesso, sendo dois do Grupo D em 1990 e 2015, dois do Grupo C em 1992 e 2016, dois do Grupo B em 2004 e 2023 pela LIVRES.
A conquista consecutiva dos dois últimos campeonatos nas divisões de Acesso, coroaram o renascimento da escola considerada uma das mais antigas e tradicionais do Rio de Janeiro.
História
O nome da escola surgiu como uma espécie de ironia a duas moradoras da Rua da América, a "Velha França" e a "Velha do Beco", conhecidas e afamadas faladeiras das vidas alheias no bairro, inspiraram a criação da Vizinha Faladeira.
Fundada em 1922, A primeira escola de samba desfilou pela primeira vez em 1933 no primeiro desfile oficial.[3] No ano seguinte, com o enredo Malandro Regenerado, a escola trouxe 12 luxuosas limusines, com pessoas bem vestidas, formando a comissão de frente. Gambiarras iluminavam a avenida, num desfile em que, apesar de delirantemente aplaudida, a escola obteve o 6º lugar.[4]
Para o carnaval de 1935, foram contratados os irmãos Garrido, os melhores cenógrafos da época. O enredo escolhido para o desfile foi Samba na Primavera. Naquele ano, segundo alguns estudiosos, a Vizinha teria apresentado o primeiro carro alegórico utilizado numa escola de samba: um caramanchão sobre rodas. A comissão de frente veio montada a cavalo. Mais uma vez o sucesso foi extraordinário, mas a escola ficou novamente apenas em 4º lugar.[5]
Em 1936, quando o público e a imprensa aguardavam mais novidades, a Vizinha apresentou o enredo Ascensão do Samba na Alta Sociedade. Pela primeira vez desfilou uma ala de damas, com sombrinhas. Os integrantes da bateria vieram fantasiados de malandros, com seus instrumentos de barrica francesa. Uma sofisticação, já que as outras escolas traziam instrumentos pesados e de má qualidade de som.[carece de fontes?]. Novamente obteve o 6º lugar.[6]
Uma só bandeira foi o enredo de 1937, uma homenagem às bandeiras nacional e dos estados. Naquele ano, o luxo e o esplendor das sedas fornecidas só foram superados pelas 40 gambiarras que a escola trouxe, iluminando a Praça Onze com as luzes flamejantes dos lampiões de carbureto. Foi um grande contraste com as co-irmãs, iluminadas com velas e lamparinas. Naquele ano, a escola conquistou seu único título da divisão principal.[7]
Em 1939, a Vizinha Faladeira trouxe o maior carnaval da década de 1930. O enredo Branca de Neve e os 7 Anões teve, pela primeira vez no carnaval, uma ala infantil, fantasiada de anões, e apresentou, também pioneiramente, destaques luxuosos, em cima dos carros. A consagração foi total.[carece de fontes?] Quando todos esperavam o bicampeonato, veio a decepção: a escola foi desclassificada por infringir o item do regulamento que proibia temas estrangeiros.[8]
Devido a este fato, a diretoria resolveu paralisar as atividades da agremiação, mas não sem antes preparar a última surpresa: no Carnaval de 1940, a Vizinha desfilou normalmente até divisar o palanque dos julgadores, parando mesmo antes de se apresentar para os mesmos e desfraldando uma faixa com os dizeres: "Devido às marmeladas, adeus Carnaval. Um dia voltaremos", e desfilou por trás do palanque dos julgadores, caracterizando-se assim, o primeiro e mais importante protesto em desfiles de escolas de samba até os dias de hoje.
No dia 6 de janeiro de 1989, quase cinquenta anos após ficar com a bandeira enrolada, foi convocada uma assembleia geral e foi revivida a escola, que desfilou no Grupo de Acesso no ano de 1990. Foi campeã com um enredo sobre Clara Nunes. Esse resgate da escola contou com um grupo de trabalhadores do porto e moradores dos bairros da Saúde, Santo Cristo, Morro do Pinto, Providência, além de pessoas da Zona Sul, que começam a descobrir a escola. Mas os tempos são outros e a escola, apesar de ter conseguido chegar ao segundo grupo na década de 1990 e repetindo esse feito na primeira década dos anos 2000, ainda tem se mantido longe dos principais grupos do carnaval carioca.
Em 2003, a escola resolveu trocar a sua bandeira. O antigo símbolo da vizinha linguaruda foi deixado de lado e surgiu uma sereia em seu lugar. A vizinha linguaruda foi o símbolo da primeira formação da escola, nos anos 1930, e mantida durante alguns anos após a volta da agremiação aos desfiles. Sob o novo símbolo, a escola conquistou mais um título em 2004, conseguindo ascender ao Grupo A,[9] onde permaneceu por dois anos, de 2005 até 2006,[10] quando foi rebaixada para o Grupo B. Em 2008, terminou na penúltima posição no grupo B, tendo que desfilar no Grupo C em 2009.
Em 2010, trouxe como enredo Uma viagem fantástica viagem no mundo do pirlimpimpim, novamente uma temática infantil, cantada num samba de seis autores, totalmente em menor. Terminou na 5º colocação, permanecendo no mesmo grupo para 2011. No ano de 2012, terminou na penúltima posição no grupo D, caindo para o desfile de terça-feira, que seria o do Grupo E. Com a promoção das escolas do Grupo B ocorrida para o ano seguinte, a escola desfilou novamente pelo Grupo D (quinta divisão), que passou a ser o último grupo.
Nesse ano a agremiação foi muito afetada pelas obras de revitalização da Zona Portuária.[11]
Seu desfile em 2012 foi considerado pela imprensa especializada como de campeã,[12] mas a escola acabou penalizada em obrigatoriedades.[carece de fontes?] Na apuração, acabou rebaixada para bloco de enredo, em um resultado considerado muito controverso pela mídia.[13] A diretoria da Vizinha criticou duramente a diretoria da AESCRJ, recém-eleita, à qual a escola fazia oposição, uma vez que a Unidos do Anil teria usado um carro alegórico da Unidos de Villa Rica, que desfilou dois dias antes, e a Matriz de São João de Meriti havia recebido notas no quesito alegoria sem apresentá-lo (seu único carro quebrou no início do desfile).[14][15] Seu presidente, Quinzinho, definiu o episódio como "uma punhalada".[14]
Após protestos[16] e uma ação judicial, a Vizinha e outras duas escolas rebaixadas conseguiram uma liminar para serem incluídas na ordem de desfile do Grupo D para o Carnaval de 2014.[17] mas após conversas, desistiu da ideia de desfilar nesse ano, estando como escola convidada, em 2015.
Acabou sendo campeã do Grupo D em 2015, conquistando o acesso para o C, onde foi vencedora no ano seguinte, chegando assim à Série B em 2017. Em 2018, a Vizinha fez uma homenagem ao carnavalesco Paulo Barros, que começou sua carreira na escola. Após o Carnaval de 2019, foi uma das escolas fundadoras da LIVRES, liga alternativa do Carnaval da Intendente Magalhães.[18]
"Todo mundo tem família – A história é a mesma, só muda o endereço" (Samba-enredo composto por Helinho 107, Alexandre Português, Sérgio Aguiar, Cacá Santos e Betinho do Cavaco)
"Vizinha Faladeira no Brasil das maravilhas" (Samba-enredo composto por Diego Ferreira, Vinicius Ferreira, Thiago Lepletier, Renato Buarque, Vlad Nascimento, Freddy Ferreira e Ricardinho Delezcluze)
"Uma viagem fantástica viagem no mundo do pirlimpimpim" (Samba-enredo composto por Thiago Lepletier, Freddy Ferreira, Renato Buarque, Dida Ferreira e Palmieri)
"A essência da vida... O progresso social sob a liberdade e igualdade" (Samba-enredo composto por Pedro Miranda, Zé Mário, Serginho, Sidney Sá, Leandro Santos e Madalena)
"O Brasil está em festa. A visão da pioneira!" (Samba-enredo composto por Mestre Jorginho, Maninho, Paulo Roberto, Patrícia, Bruno Caeiros e André Lúcio)
"Aqui onde nada tinha, quem a esse porto vinha, dava de cara com a Vizinha! Agora no novo porto" (Samba-enredo composto por China, Claudinho Raiz, Niquinho, Paulo Velho e Luiz Sapatinho)
"A última do português a que nem Camões contaria..." (Samba-enredo composto por Junior Nascimento, Betinho do Cavaco, Leandro RC, j. do Táxi, Gui Cruz e Flavinho)