Zacimba Gaba
Zacimba Gaba (Cabinda, século XIX)[1] foi uma princesa do subgrupo étnico woyo (ou bawoyo), nação da atual Cabinda, em Angola, que foi levada escravizada da África para o Brasil em meados do século XIX, precisamente para a vila de São Mateus, no Espírito Santo. Segundo a tradição oral preservada pela comunidade negra local[2], Zacimba sofreu uma série de castigos e violências por parte do dono da fazenda, envenenou-o com o chamado “pó de amansar sinhô” e liderou a fuga e a fundação de um quilombo às margens do riacho Doce.[3][4] Dedicou boa parte do seu tempo à construção de canoas e à organização de ataques noturnos no porto próximo à São Mateus, libertando as pessoas negras recém-chegadas.[5] Zacimba, princesa guerreira da nação Cabinda, foi escravizada e levada para o porto de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, em algum momento entre os anos de 1831 e 1856[8]. Ao chegar lá ela foi vendida como escrava para o fazendeiro português José Trancoso. Ela foi torturada e estuprada até revelar que fazia parte da realeza em sua terra de origem. Contudo, ela proibiu seus companheiros escravizados de a libertarem até que ela conseguisse envenenar seus torturadores aos poucos. Zacimba envenenou o dono da fazenda José Trancoso lentamente, durante anos, utilizando um pó preparado com a cabeça moída de uma jararaca, o “pó de amassar sinhô". Quando Trancoso morreu envenenado, a princesa ordenou a invasão da Casa Grande pelos escravizados presos na senzala. Todos os torturadores foram mortos, mas a família do português foi poupada. Antes de fugirem, Zacimba guiou seu povo pela fazenda, guerreando contra os capatazes.[9] Depois que conseguiu fugir, ela criou seu próprio quilombo localizado às margens do riacho Doce, nas proximidades do que é hoje o povoado da Vila de Itaúnas.[5][10] Este quilombo foi o primeiro de que se tem notícias, na região do Sapê do Norte. Onde futuramente se formariam diversas comunidades de remanescentes quilombolas que lutam pela posse definitiva de suas terras. A princesa passou o resto da vida guiando batalhas no porto de São Mateus pela libertação das pessoas negras vendidas e chegadas da África, e lutando pela destruição dos navios negreiros.[11][12] HistoricidadeA história de Zacimba Gaba foi compilada em entrevistas feitas por Sebastião Maciel de Aguiar junto a Balduíno Antônio dos Santos (c.1873-1971), entre março e dezembro de 1968, em São Mateus (ES)[13]. Já com mais de 90 anos na ocasião, Balduíno guardava na memória a tradição oral da comunidade negra local e tratou de várias personalidades negras e de suas histórias de resistência. Apesar de não existir nenhum documento que comprove a existência de Zacimba Gaba e de sua história ter adquirido outras versões, algumas com elementos de mito e lenda, é de se crer que foi uma pessoa real[14]; outras personalidades memoriadas por Banduíno foram posteriormente individualizadas e tiveram sua existência comprovada em documentos (à exemplo de Benedito Meia-légua)[15]. HomenagemNo livro Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis, Jarid Arraes retrata a história de Zacimba em cordel.
Em breve descrição, Arraes relata que Zacimba "(...) comandava emboscadas noturnas para libertar escravos dos navios negreiros", exaltando a relevância da princesa angolana na luta contra o racismo e o machismo.[16] Referências
Ligações Externas
Bibliografia
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