Entre outras missões cabe à Academia incentivar a investigação científica, estimular o estudo da língua e literatura portuguesas e promover o estudo da história portuguesa e das suas relações com outros países.[4]
No que diz respeito à unidade e expansão da língua portuguesa, a Academia deve trabalhar em coordenação com a Academia Brasileira de Letras e com as instituições culturais dos outros países de língua oficial portuguesa e os núcleos portugueses no estrangeiro.[5]
A criação deste estabelecimento insere-se numa corrente antipombalina, claramente, contra o estudo das humanidades, que o Marquês fizera questão em manter.[10] Na altura foram criada com duas classes, uma de Ciências e outra de Belas Letras.[7]
Em 1783, D. Maria I e D. Pedro III declararam-se protectores da Academia que, desta forma, recebeu o título de Real Academia.[7]
No século XIX, a meados da década de 30, a Academia empenhou-se na plantação de oliveiras por todo o país e na criação de uma aula de Zoologia, orientada pelo Padre Joseph Mayne.[7]
Em 1851, tinha duas classes autónomas que publicavam os seus próprios boletins: Letras e Ciências.[7]
A Academia encontra-se, desde outubro de 1834, instalada no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco,[13] na Rua da Academia das Ciências, n.º 19, na parte baixa do Bairro Alto, em Lisboa.[7][14]
Ao longo da sua história a Academia conheceu seis moradas oficiais.[12]
Em 1834 - Na sequência da extinção das ordens religiosas, a comunidade franciscana sai do Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco, em Lisboa.
Em 26 e 27 outubro de 1834, dois decretos procedem à doação do edifício do convento à Academia, para seu perpétuo estabelecimento, incluindo-se na doação a livraria, o Museu de História Natural e de Artefactos e a galeria de pinturas;
Em 1836 - O Ministério do Reino incumbiu a Academia de instalar um jardim botânico na cerca conventual;[7]
Em 1838 - Instalação em parte das dependências conventuais do Gabinete de História Natural;[7]
Em 1858 - A pedido de D. Pedro V a Academia cede o segundo andar e algumas dependências do primeiro à Comissão Geológica;[7]
Entre 1859-1891 - Novas cedências de espaço para o Curso Superior de Letras (claustro, 2 salas do r/c e compartimentos no 1º andar);
Em 27 de janeiro de 1891 - Decreto onde a Academia aceita a cedência de instalações sob a condição de reverterem de novo ao serviço da Academia logo que possível;[7]
Entre 1910 e 1911 - Extinção da tipografia da Academia das Ciências, que funcionava na cave do edifício, transitando materiais e pessoal para a Imprensa Nacional; transferência definitiva do Liceu Passos Manuel para as novas instalações.[7]
Os Estatutos da Academia das Ciências foram aprovados pelo Decreto-Lei n.º 5/78, de 12 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis 390/87, de 31 de dezembro, 179/96, de 24 de setembro, 53/2002, de 2 de março, 90/2005, de 3 de junho, 157/2015, de 10 de agosto, com republicação.
Classes, secções e institutos
A Academia das Ciências de Lisboa é constituída por duas classes académicas, a Classe de Ciências e a Classe de Letras, e compreende o Instituto de Altos Estudos e o Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa.[16]
Classes
À época da fundação, a Academia era formada por três classes (Ciências Naturais, Ciências Exactas e Belas-Letras). Em 1851, as duas primeiras juntaram-se na Classe de Ciências e a segunda deu origem à Classe de Letras.[12] As classes organizam-se em secções.
Secções da Classe de Ciências
As secções da Classe de Ciências são as seguintes:
1.ª — Matemática;
2.ª — Física;
3.ª — Química;
4.ª — Ciências da Terra e do Espaço;
5.ª — Ciências Biológicas;
6.ª — Ciências Médicas e da Saúde;
7.ª — Ciências da Engenharia;
8.ª — Ciências e Tecnologias da Informação;
9.ª — Tecnologias, Conhecimento e Sociedade.
Secções da Classe de Letras
As secções da Classe de Letras são as seguintes:
1.ª secção — Literatura e Estudos Literários;
2.ª secção — Filologia e Linguística;
3.ª secção — Filosofia, Psicologia e Ciências da Educação;
4.ª secção — História;
5.ª secção — Direito;
6.ª secção — Economia e Finanças;
7.ª secção — Ciências Sociais e Políticas;
8.ª Secção — Geografia e Ordenamento do Território;
Cada classe tem um presidente e um vice-presidente, um secretário e um vice-secretário. O presidente e o vice-presidente, o secretário-geral e o vice-secretário-geral da Academia são, por inerência, respetivamente, presidentes e secretários das classes a que pertencerem. Os vice-presidentes e vice -secretários das classes são eleitos anualmente por escrutínio secreto.[18]
Institutos
Instituto de Altos Estudos
Aberto a peritos e cientistas não pertencentes à Academia, este Instituto tem por objetivo a promoção de estudos avançados em Ciências e Humanidades.[19]
Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa
Este Instituto visa estimular a preservação e expansão da língua portuguesa, estando aberto também à participação de peritos e cientistas não pertencentes à Academia. De entre as obras realizadas pelo Instituto de Lexicologia e Lexicografia da ACL conta-se o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea.[20]
Presidência da Academia
A presidência da Academia é constituída por um presidente e por um vice-presidente, eleitos pelo plenário da Academia por um período de três anos, devendo pertencer a classes diferentes.[21]
No biénio 2025-2026, a Academia é dirigida por José Francisco Rodrigues, presidente da Academia e presidente da Classe de Ciências, e José Luís Cardoso, vice-presidente da Academia e presidente da Classe de Letras.[1]
Presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa - Ana Salgado;
Diretor do Museu Maynense - João Luís Cardoso;
Presidente do Seminário de Jovens Cientistas - Pedro Pita Barros;
Diretor do Arquivo Histórico - José Augusto de Sottomayor-Pizarro.
Académicos
Cada uma das secções tem sócios efetivos (sete académicos) e sócios correspondentes (14 académicos). Além destes, conta ainda com sócios correspondentes brasileiros, sócios correspondentes estrangeiros, sócios honorários e sócios eméritos.[23]
Em 2004, ao proceder-se a obras de manutenção no pavimento do claustro, foram descobertas sepulturas com ossadas amontoadas. Após investigações preliminares feitas pelo director do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa, Miguel Telles Antunes, descobriu-se que, misturadas com as ossadas dos frades do convento, estavam ossadas das vítimas do Terramoto de 1755. As ossadas têm sido estudadas por diversos investigadores, tendo sido feitos dois colóquios inter-académicos no Salão Nobre da ACL sobre esta temática.[27]
↑Cf. artigo 1.º dos Estatutos da Academia das Ciências de Lisboa, aprovados pelo Decreto-Lei n.º 5/78, de 12 de janeiro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 390/87, de 31 de dezembro, 179/96, de 24 de setembro, 53/2002, de 2 de março, 90/2005, de 3 de junho, e 157/2015, de 10 de agosto, com republicação.
Academia das Ciências de Lisboa (1999). Academia das Ciências de Lisboa: Fundada em 1779. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa
Aires, Cristóvão (1927). Para a História da Academia das Sciências de Lisboa. Separata do Boletim da Segunda Classe da Academia das Sciências de Lisboa, vol. 12. Coimbra: Imprensa da Universidade
Amaral, Ilídio (2012). Nótulas Históricas Sobre os Primeiros Tempos da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Colibri. ISBN978-989-689-261-6
Carvalho, Rómulo de (1987). D. João Carlos de Bragança, 2.º Duque de Lafões: Fundador da Academia das Ciências de Lisboa. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa
Medina, João (2004). História de Portugal. 20 e IX. Amadora: Ediclube, Edição e Promoção do Livro, Lda. ISBN972-719-268-8
REIS, Fernando. «Academia das Ciências de Lisboa», in Ciência em Portugal: Personagens e Episódios. Lisboa, Camões, Instituto da Cooperação e da Língua.
Santana, Francisco (dir.); Sucena, Eduardo (dir.) (1994). Dicionário da História de Lisboa. Sacavém: Carlos Quintas & Associados - Consultores. ISBN972-96030-0-6
«A Real Academia de Ciências» incluído em "A ilustração em Portugal e no Brasil: Cientistas e Viajantes" no Centro de Documentação e Pesquisa de História dos Domínios Portugueses.