Almostaim do Cairo Nota: Para outros significados, veja Almostaim.
Abu Alfadle Alabas Almostaim Bilá (em árabe: أبو الفضل العباس المستعين بالله; romaniz.: Abu al-Fadhl al-Abbas al-Musta'in bi-llah), melhor conhecido como dito Almostaim Bilá ou somente Almostaim (em árabe: المستعين بالله), foi o décimo califa abássida do Cairo, reinando sob os sultões mamelucos do Egito entre 1406 e 1414. Ele foi o único califa do Cairo a ter algum poder político como sultão do Egito,[2][3] mesmo que por meros seis meses em 1412. Todos os outros califas abássidas baseados no Cairo, antes e depois dele, eram apenas líderes espirituais destituídos de todos os poderes temporais.[4] HistóriaAlmostaim era filho de Mutavaquil I com uma concubina turca chamada Bay Khatun. Ele sucedeu ao pai como califa no dia 22 de janeiro de 1406.[5] Naquela época, o papel dos califas abássidas havia sido reduzido a apenas um legitimador do governo dos sultões mamelucos da dinastia Burji através da emissão de certificados de investidura. Em 1412, Almostaim acompanhou o sultão Faraj em sua campanha pelo Levante contra os amires (governadores) de Alepo e Trípoli. Após uma derrota de Faraj em Lajjun em 25 de abril de 1412, o governo entrou num estado de anarquia. Almostaim foi capturado pelos rebeldes e eles passaram a discutir entre si sobre quem deveria ser o sultão. Incapazes de escolher entre eles, os mamelucos seguiram o conselho do filho de Faraj, Fath Allah, que havia sugerido que apontassem o califa como sultão.[1] Após ter removido Faraj oficialmente do cargo, Almostaim relutantemente aceitou o sultanato em 7 de maio de 1412.[1] Ele concordou em tomar o posto somente após receber garantias dos mamelucos de que ele iria manter a posição de califa caso fosse deposto do sultanato.[2] Faraj se rendeu, foi sentenciado à morte e acabou executado em 28 de maio. Os reinos mamelucos foram divididos entre Nawruz al-Hafizi, que recebeu as províncias sírias, e Almostaim que retornou para o Egito acompanhado de Xeique Almamudi e Baktamur Djillik. O novo sultão se mudou para sua nova residência na cidadela do Cairo em 12 de julho[1] e rapidamente se envolveu na nomeação e desnomeação de ministros, além de mandar cunhar moedas em seu nome.[5] Estes atos demonstraram claramente sua intenção de governar como sultão, não se contentando em ser uma marionete. Preocupado com este prospecto, Xeique começou a isolar gradualmente Almostaim, tornando-o virtualmente um prisioneiro do estado. A morte de Baktamur Djillik em 15 de setembro acelerou o plano de Xeique para tomar para si o poder, o que se realizou em 6 de novembro, quando ele foi reconhecido como sultão com o nome de "Almuaiade". Após um longo período de hesitação, Almostaim finalmente abdicou do sultanato e foi mantido preso na cidadela. Tendo cumprido seu papel como sultão interino, ele esperava continuar sendo califa, como havia sido o acordo anterior. Porém, ele foi deposto também do califado por Xeique em 9 de março de 1414 e substituído por seu irmão, Almutadide II.[1] O golpe de Xeique contra Almostaim foi considerado ilegal pela ulama e, por isso, Nawruz al-Hafizi decidiu declarar guerra contra o novo sultão.[5] Temendo o resultado do combate, Xeique enviou Almostaim e os três filhos de Faraj para Alexandria em 29 de janeiro de 1417.[1] De acordo com o historiador do século XV al-Suyuti, Almostaim permaneceu ali até o reinado de Tatar, quando ele foi solto e recebeu permissão para voltar para o Cairo. Porém, ele preferiu permanecer em Alexandria, onde ele recebia uma considerável quantia em dinheiro dos comerciantes locais.[5] Ele morreu lá de peste em 1430 com menos de quarenta anos de idade. Em retrospecto, o breve reinado de Almostaim como sultão é visto como uma tentativa fracassada de se realizar um renascimento abássida.[1] Em 1455, seu irmão, al-Qa'im, também tentou manter-se no poder como sultão e fracassou.[2] Ainda assim, a posição de Almostaim como califa era reconhecida muita além das fronteiras do Egito, com líderes tão distantes como Ghiyasuddin Azam Shah de Bengala enviando-lhe grandes quantias em dinheiro.[5] Ver também
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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