Antiga Basílica de São Pedro Nota: Para a moderna basílica, veja Basílica de São Pedro.
A Antiga Basílica de São Pedro (em latim: Basilica Sancti Petri) foi o edifício que permaneceu, entre os séculos IV e XVI, no local onde está hoje a Basílica de São Pedro, no Vaticano. A construção da basílica começou durante o reinado do imperador romano Constantino I e o local escolhido foi o Circo de Nero. O nome "Antiga Basílica de São Pedro" tem sido utilizado desde o início da construção da nova basílica para distinguir os dois edifícios.[1] HistóriaA construção foi ordenada pelo próprio Constantino entre 318 e 322[2] e levou por volta de trinta anos para acabar. Nos doze séculos seguintes, a igreja foi gradualmente ganhando importância até finalmente tornar-se o maior destino de peregrinação em toda Roma. As coroações papais eram realizadas na basílica e, em 800, Carlos Magno foi coroado imperador do Sacro Império Romano-Germânico ali. Num raide sarraceno em 846, foi saqueada e danificada.[3] Os atacantes provavelmente sabiam dos extraordinários tesouros preservados ali e, como a basílica ficava fora da Muralha Aureliana, sabiam que era um alvo fácil. Eles saíram "transbordando com ricos vasos litúrgicos e com ricos relicários que guardavam todas as relíquias recentemente colecionadas".[4] Por causa do trauma provocado, o papa Leão IV construiu a Muralha Leonina e reconstruiu as porções da basílica que foram danificadas.[5] No século XV, a igreja estava praticamente arruinada, cheia de rachaduras e teias de aranhas. Discussões sobre uma possível reforma da estrutura começaram quando os papas retornaram de Avinhão. Duas pessoas envolvidas no debate eram Leon Battista Alberti e Bernardo Rossellino, que fizeram algumas melhorias na abside e acrescentou parcialmente uma sacada para bênçãos de múltiplos andares à fachada do átrio, um espaço que permaneceu em obras intermitentes até o início da construção da nova basílica. Nesta época, Alberti afirmou que a basílica era uma "abominação estrutural":
A princípio, o papa Júlio II tinha toda intenção de preservar o histórico edifício, mas logo se convenceu pelo projeto de demoli-lo e construir uma nova igreja. Muitas pessoas na época ficaram chocadas pela proposta, pois o edifício representava a continuidade papal desde São Pedro. O altar original seria preservado na nova estrutura. ProjetoO design era de uma típica basílica,[7] com a planta similar à das basílicas e salões de audiências romanos, como a Basílica Úlpia, no Fórum de Trajano, e a Aula Palatina, de Constantino, em Tréveris, completamente diferente de qualquer outro templo greco-romano.[8] Constantino fez o que pôde para que a basílica fosse construída sobre o local do túmulo de São Pedro, o que influenciou o layout do edifício. O Monte Vaticano, na margem oeste do rio Tibre, foi terraplenado e, notavelmente, como o local ficava fora dos limites da cidade antiga, a abside com o altar-mor ficava no extremo oeste para que a fachada pudesse ficar de frente para Roma, no extremo leste (o inverso do costumeiro). O exterior, ao contrário dos templos pagãos, não era muito decorada.[1] A igreja comportava entre 3 000 e 4 000 de fiéis por vez. Ela tinha uma ampla nave central ladeada por dois corredores de cada lado, separados por 21 colunas de mármore, todas oriundas de antigos edifícios romanos.[9] Tinha mais de 110 metros de comprimento, no formato de uma cruz latina, e um teto com cumeeiras suportado por vigas de madeira no interior e com mais de 30 metros centro. No átrio, conhecido como "Jardim do Paraíso", ficava à frente da entrada e tinha cinco portas para a igrejas, uma adição do século VI. O altar da Antiga Basílica de São Pedro continha diversas colunas salomônicas. De acordo com a tradição, Constantino teria retirado-as do Templo de Salomão para utilizá-las nas igrejas, mas é mais provável que elas tenham sido retiradas de alguma igreja oriental. Quando Bernini construiu o baldaquino de São Pedro para cobrir o novo altar da basílica moderna, inspirou-se no formato torcido das antigas colunas. Oito das colunas originais estão preservadas como pilares da nova basílica. MosaicosO mosaico "Navicella" (1305–1313) do átrio é atribuído a Giotto. O gigantesco mosaico, encomendado pelo cardeal Jacopo Stefaneschi, ocupava toda a parede sobre a arcada da entrada, de frente para o átrio, e representava São Pedro andando sobre a água. Esta obra extraordinária foi quase toda destruída durante a construção da nova basílica no século XVI, mas alguns fragmentos foram preservados. "Navicella" significa "navio pequeno", uma referência ao barco que domina a cena e cuja vela, cheia com os ventos da tempestade, pairava no horizonte. Este tipo de representação de uma cena marítima só se conhecia em antigas obras de arte. A nave terminava com um arco triunfal decorado com um mosaico de Constantino e São Pedro apresentando um modelo da igreja a Cristo. Nas paredes, cada uma com onze janelas, estavam afrescos de várias pessoas e cenas do Antigo e do Novo Testamento.[10] O fragmento de um mosaico do século VIII, "Epifania", é um dos raríssimos restos da decoração medieval da Antiga Basílica de São Pedro a sobreviverem. Ele está hoje na sacristia de Santa Maria in Cosmedin e é prova da altíssima qualidade dos mosaicos destruídos. Outro exemplo, uma Madona em pé, está num altar lateral da Basílica de São Marcos, em Florença. TúmulosDesde a época da crucificação e sepultamento de São Pedro, em 64 d.C., acredita-se que no local esteja o túmulo de São Pedro, sobre o qual já havia um pequeno santuário. Com prestígio cada vez maior, a igreja foi sendo ricamente decorada com estátuas, móveis e candelabros elaborados e com cada vez mais túmulos e altares laterais.[1] Na época da destruição, a estrutura estava completamente preenchida por túmulos e corpos de papas e santos e ossos continuaram a ser encontrados durante a construção até pelo menos 1544. A maioria dos túmulos foi destruída durante a demolição e os que restaram foram levados para a nova basílica e para algumas outras igrejas de Roma. Juntamente com as repetidas translações das antigas catacumbas de Roma e com os dois grandes incêndios na Basílica de São João de Latrão, no século XVI, a reconstrução da basílica foi responsável pela destruição de aproximadamente metade de todos os túmulos papais conhecidos. Por isto, Donato Bramante, o arquiteto-chefe da nova basílica, é lembrado como "il Ruinate" ("o arruinador"). Ver tambémGaleria
Referências
Bibliografia
Ligações externas
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