Avenida Brigadeiro Faria Lima
A Avenida Brigadeiro Faria Lima é uma das mais importantes artérias da cidade de São Paulo. Principal centro financeiro do Brasil, destaca-se como um dos mais importantes centros comerciais e financeiros da cidade, ao lado do Centro, da Avenida Paulista e da região das avenidas Luís Carlos Berrini e Nações Unidas. Possui um dos metros quadrados mais caros do país,[1] tendo, igualmente, o edifício mais caro do território nacional, o Faria Lima 3500, comprado por cerca de 1,5 bilhão de reais em 2023.[2] Seus frequentadores e moradores são chamados folcloricamente de faria limers.[3][4] HistóriaA lei determinando a abertura da via foi promulgada em janeiro de 1968, prevendo uma ligação de cinco quilômetros entre os bairros de Pinheiros e Brooklin, mesmo sem a Prefeitura saber a quantidade de edifícios que deveriam ser desapropriados.[5] Segundo a lei, a avenida começaria na Praça Roquete Pinto e seguiria até a atual Avenida dos Bandeirantes, seguindo pelas ruas Pedroso de Moraes, Coropés, Miguel Isasa e Martim Garcia, alcançando, a partir daí, a Rua Iguatemi após cruzar interiores de quarteirões.[5] A lei também previa cruzamentos em desníveis com as avenidas Eusébio Matoso, Rebouças e Cidade Jardim, com o Córrego do Sapateiro e com a Rua Doutor Eduardo de Souza Aranha.[5] A avenida teve sua construção iniciada na segunda metade dos anos 1960, com o alargamento do trecho da rua Iguatemi compreendido entre o Largo da Batata, em Pinheiros, e o cruzamento com a Avenida Cidade Jardim, no Itaim Bibi (atual praça Luís Carlos Paraná), cruzando todo o bairro denominado Jardim Paulistano. As obras foram iniciadas na gestão do prefeito José Vicente Faria Lima e obrigaram a demolição de cem prédios.[6] Com a morte deste, em 1969, a nova artéria, que se chamaria Radial Oeste, recebeu o seu nome,[7] oficializado quando da inauguração do trecho duplicado da avenida, em 28 de abril de 1970 — a primeira pista já havia sido entregue ao tráfego no fim de 1969.[6] José Eduardo, filho de Faria Lima, participou da cerimônia, descerrando uma placa de bronze.[8] Em seu discurso, o prefeito Paulo Maluf elogiou o homenageado: "Faria Lima não nasceu em São Paulo, mas deu sua vida em holocausto a esta capital. Esta homenagem, que ora prestamos ao saudoso administrador, era o mínimo que a Prefeitura Municipal poderia fazer pela sua memória. Ela deverá lembrar, às gerações futuras, a figura marcante que foi o Brigadeiro."[6] Com o atraso da entrega e o aumento dos custos, as informações constantes de uma placa conjunta do Governo Abreu Sodré e da Prefeitura foram alteradas com tinta branca.[8] Maluf brincou com o atraso em seu discurso, dizendo que poderia ter sido escrito um livro sobre a obra, com o título "Odisseia da Construção de uma Avenida".[8] Poucos minutos após a nova via ser aberta, operários começaram a quebrar o asfalto na esquina com a Avenida Cidade Jardim, em busca das tampas de ferro das galerias subterrâneas, cobertas durante o asfaltamento, promovido às pressas.[8] Além disso, em frente ao Shopping Center Iguatemi haviam sido fechados buracos cujas obras não estavam prontas, que teriam de ser abertos novamente.[8] "Em poucos dias, irão reabri-los, mas, então, a inauguração já terá passado", contou um morador da região ouvido por O Estado de S. Paulo.[8] O jornal, entretanto, destacou os aspectos positivos da avenida, considerada "muito boa", como a marcação das faixas em relevo, faixas de pedestres (embora nenhuma delas com semáforo) e iluminação feita por postes altos, com luz de mercúrio.[8] Os dois únicos semáforos da avenida inteira ficavam no início (à época, a Avenida Cidade Jardim) e no fim (à época, a Avenida Rebouças).[8] Na inauguração, Maluf já falou sobre os planos de prolongamento: de um lado, até as proximidades do CEASA, correndo em paralelo à Avenida Pedroso de Morais; de outro, em diagonal rumo ao Córrego da Traição (atual Avenida dos Bandeirantes), que era previsto no projeto original.[8] Esse último prolongamento, entretanto, já estava descartado, porque o prefeito pretendia entregar em breve a pista da marginal esquerda do Rio Pinheiros.[8] O projeto ainda previa um "canteiro-balão" entre a Rua Tucumã e a Avenida Cidade Jardim, em formato de "v", para a construção de um "parque-estacionamento" com capacidade para sessenta veículos e largura máxima de sete metros.[6] A largura da avenida variava de quarenta metros, na altura da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, a sessenta metros, no cruzamento com a Avenida Cidade Jardim.[6] Já no início da década de 1970, teve início a construção de inúmeros edifícios comerciais que romperam com a antiga paisagem residencial arborizada do Jardim Paulistano, e que caracterizariam a avenida como uma espécie de "segunda Avenida Paulista", dada a semelhança entre seus skylines. Desde essa época, já existia a expectativa de ampliação da avenida no sentido sul: em 1972, essa ampliação avançou os primeiros quarteirões após a Avenida Cidade Jardim, entre as ruas Amauri e Jorge Coelho, mas a obra parou ali e, dois anos depois, os moradores da região já se preocupavam com uma eventual desapropriação que parecia nunca sair do papel.[9] Em 1974, o prolongamento era tratado como prioridade da Prefeitura, para ligar a avenida (e, consequentemente, os bairros da zona oeste) à Avenida Santo Amaro, por meio da Avenida Juscelino Kubitschek, cujas obras de construção estavam sendo finalizadas juntamente com a canalização do Córrego do Sapateiro, que passa por baixo dela.[10] Entretanto, esse prolongamento levaria mais de vinte anos para ser concluído. Na década de 1990, Maluf, novamente ocupando o cargo de prefeito, promoveu a extensão da avenida em suas duas extremidades: entre o Largo da Batata e a Avenida Pedroso de Moraes (alargando a antiga rua Miguel Isasa), e entre as avenidas Cidade Jardim e Hélio Pellegrino (já na Vila Olímpia), alargando pequenas ruas residenciais do Itaim Bibi. O traçado originalmente projetado passaria pela Rua Elvira Ferraz, causando a demolição de vários imóveis, porém a pressão da associação de moradores do bairro fez com que a Prefeitura optasse por um novo traçado.[11] Depois, esse traçado seria alterado para o que acabou efetivamente sendo construído. A inauguração do novo trecho de Pinheiros, com 1,38 quilômetro, até a Avenida Pedroso de Moraes, deu-se em 23 de outubro de 1995, embora ele tenha sido mantido no início com os nomes de Rua Corupés e Rua Miguel Isasa, por depender ainda de uma mudança nos cadastros dos imóveis que não foram demolidos e ainda ocupavam o que agora era a Avenida Brigadeiro Faria Lima.[12] A construção desse trecho custou cerca de quatro milhões de reais e foram desapropriados 107 imóveis para a obra, causando protesto entre os donos desses imóveis.[12] O trecho do Itaim estava, então, previsto para ser entregue entre março e maio de 1996, embora a Prefeitura tivesse a intenção de antecipá-lo para janeiro.[12] Em 25 de maio de 2010, foi inaugurada a Estação Faria Lima, da Linha 4-Amarela do metrô. Ela foi, juntamente com a Estação Paulista, uma das primeiras da linha a ser inauguradas.[13] Está situada na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na altura do Largo da Batata. AtraçõesNa Avenida Faria Lima, estão localizadas importantes atrações paulistanas, tais como:
Nos arredores da avenida, encontram-se também outros importantes pontos de visitação da cidade, tais como o Shopping Eldorado, localizado próximo à Estação Hebraica-Rebouças do Trem Metropolitano (Linha 9–Esmeralda), e os luxuosos restaurantes e hotéis da região próxima aos cruzamentos com as avenidas Cidade Jardim e Juscelino Kubitschek. Expressão Faria LimerA expressão "Faria Limer" é um termo que surgiu no Brasil para descrever, de forma irônica e caricatural, um grupo de pessoas associadas ao mercado financeiro e ao estilo de vida corporativo.[14] O nome faz referência à Avenida, que é um dos principais centros financeiros e empresariais do país. A avenida abriga sedes de bancos, fundos de investimento, startups e empresas de tecnologia, consolidando-se como um símbolo do capitalismo moderno no Brasil.[15] O termo começou a ganhar popularidade por volta de 2019, especialmente nas redes sociais, como Twitter e Instagram, onde foi amplamente utilizado em memes e postagens humorísticas. Embora não haja um consenso sobre quem cunhou a expressão, ela foi amplificada por páginas de humor como a famosa "Faria Lima Elevator", que satiriza o cotidiano do mercado financeiro. A expressão "Faria Limer" rapidamente se tornou uma forma de identificar profissionais jovens, geralmente da área de finanças, tecnologia ou empreendedorismo, que trabalham na região da Faria Lima e compartilham um estilo de vida específico.[16] Entre as características associadas ao "Faria Limer" estão o uso de roupas sociais de marcas caras, como camisas Hugo Boss e mochilas de grife, a obsessão por investimentos e criptomoedas, o consumo de cafés especiais e a prática de esportes como corrida e ciclismo.[17] O "Faria Limer" é frequentemente retratado como alguém que valoriza o sucesso profissional, o networking e o consumo de luxo, sendo uma caricatura do jovem urbano que busca ascensão social e financeira.[18] Além de seu uso no humor, o termo "Faria Limer" também foi apropriado no discurso político e econômico. Durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), a expressão foi usada para descrever a base de apoio do então ministro da Economia, Paulo Guedes, que era visto como um representante dos interesses do mercado financeiro. Em debates políticos, "Faria Limer" passou a ser utilizado de forma crítica para se referir a uma elite econômica que, supostamente, estaria desconectada das realidades sociais do país.[19] O termo foi associado a uma visão neoliberal, focada em privatizações, redução do papel do Estado e políticas voltadas para o crescimento econômico, muitas vezes em detrimento de questões sociais.[20] Por outro lado, no próprio mercado financeiro, o termo foi adotado de forma irônica por alguns profissionais, que passaram a utilizá-lo como uma espécie de identidade cultural.[21] Jovens investidores e empreendedores começaram a se autodenominar "Faria Limers" como uma forma de abraçar o estereótipo e reforçar sua conexão com o universo financeiro.[22] Essa apropriação do termo reflete a capacidade do mercado de transformar críticas em símbolos de pertencimento.[23] Culturalmente, o "Faria Limer" transcendeu seu contexto original e passou a ser utilizado na cultura geral como uma forma de descrever comportamentos e estilos de vida associados ao sucesso profissional e ao consumo de luxo.[24] A expressão se tornou um símbolo de uma geração de jovens urbanos que buscam ascensão social e financeira, muitas vezes retratada de forma humorística ou crítica.[25] Na cultura pop, o "Faria Limer" foi incorporado em memes, vídeos e até mesmo em campanhas publicitárias, consolidando-se como um arquétipo do profissional moderno.[26] Apesar de seu tom humorístico, a expressão também gerou reflexões sobre desigualdade social e a cultura do trabalho no Brasil.[27] Críticos apontam que o "Faria Limer" representa uma elite econômica que, muitas vezes, está desconectada das dificuldades enfrentadas pela maior parte da população brasileira.[28] Além disso, o estilo de vida associado ao "Faria Limer" foi questionado por reforçar uma cultura de trabalho excessivo e consumo ostentatório. Por outro lado, defensores do termo argumentam que ele celebra o empreendedorismo e a busca por inovação, características que são fundamentais para o desenvolvimento econômico do país.[29] Referências
Ligações externas
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