As relações dentro do gênero são incertas, dependendo de estudos genéticos mais completos. A espécie bico-chato-ocidental (Tolmomyias flavotectus), anteriormente tratada como subespécie da atual, já era considerada por alguns autores como espécie separada, entre eles Hilty (2003)[5] e Ridgely & Tudor (2009),[6] com base na distribuição disjunta, diferenças vocais significativas e pequenas diferenças de plumagem, que acabaram sendo seguidas noutras classificações.[7][8][9] O Comitê de Classificação Sul-Americano (SACC) aguarda a proposta para discutir o reconhecimento.[10]
As outras subespécies exibem variações sutis na cor da coroa, peito e barriga (peito tornando-se ligeiramente mais escuro no sentido horário das Guianas e nordeste do Brasil até o leste do Brasil ao sul do Amazonas, a cor da coroa mostra-se semelhante, mas com padrão ligeiramente discordante); mais estudos são necessários sobre os limites taxonômicos dessas subespécies.[11]Tolmomyias sucunduri é uma espécie nova recentemente descrita (Whitney et al., 2013).[12] No entanto, o SACC rejeitou a Proposta N.º 646 para reconhecimento e todas as classificações consideram-na como a subespécie T. assimilis sucunduri.[13]
Tolmomyias assimilis examinatus(Chubb, 1920) - sudeste da Venezuela, as Guianas e nordeste do Brasil (margem norte do baixo rio Amazonas no norte do Pará e Amapá).
Tolmomyias assimilis obscuriceps(J.T. Zimmer, 1939) - sudeste da Colômbia (oeste de Meta) sul a nordeste do Equador e nordeste Peru (leste de Loreto ao norte da Amazônia).
Tolmomyias assimilis clarus(J.T. Zimmer, 1939) - Peru (Amazonas, apenas do norte do rio Maranhão, sul ao norte do Puno).
Tolmomyias assimilis assimilis(Pelzeln, 1868) - Brasil central ao sul do meio do Amazonas (de Tefé, no leste da Amazônia, a leste do rio Tapajós, no oeste do Pará).
Tolmomyias assimilis paraensis(J.T. Zimmer, 1939) (vernáculo: bico-chato-da-copa-paraense[14][15]) - nordeste do Brasil (leste do Pará e noroeste Maranhão).
Tolmomyias assimilis calamae(J.T. Zimmer, 1939) - sudoeste do Brasil (sudeste do Amazonas) e norte da Bolívia.
O bico-chato-da-copa distribui-se a leste dos Andes, através da bacia Amazônica e no escudo das Guianas, desde o sudeste da Colômbia, a leste através do sul e sudeste da Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e norte do Brasil, e ao sul através do leste do Equador, leste do Peru, Brasil Amazônia, até o centro da Bolívia.[11] Esta espécie é considerada bastante comum em seu habitat natural, no subdossel e no estrato médio das florestas úmidas, até mil metros de altitude.[6]
Descrição
O bico-chato-da-copa mede entre 13 e 13,5 centímetros e pesa entre 12 e 17,5 gramas. A coroa, a nuca e os lados da cabeça são cinza, tingidos de oliva; tem fino anel ocular, aberto na testa; o resto das partes superiores são verde-oliva; asas escuras, com margens amarelas conspícuas para remiges e coberturas de asas maiores, que aparecem como painel pálido na base das primárias externas 3-4 e uma barra alar fraca; a garganta é cinza claro, tornando-se oliva claro no peito e flancos, o ventre é amarelo claro. A íris é verde-oliva a marrom-escura, o bico tem mandíbula superior preta e mandíbula inferior marrom-clara, acinzentada ou esbranquiçada, com ponta mais escura, pernas cinza. Os sexos são semelhantes.[11] Distingue-se de seus congêneres pelo tom acinzentado claro da cabeça e especificamente do bico-chato-de-orelha-preta (Tolmomyias sulphurescens) por ter as auriculares imaculadas.[16]
Reprodução
Constrói o ninho em meados de janeiro, sendo este pênsil e em formato de bolsa, com um túnel vertical de acesso (assim como outros bico-chatos). A espécie utiliza materiais vegetais e fúngicos, como pequenos galhos e folhas secas unidos com teia de aranha. Indivíduos já foram observados carregando materiais para ninho em março e agosto.[17]
Conservação
Em 2016, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) avaliou a situação da espécie em sua Lista Vermelha e a considerou como pouco preocupante, pois ocorre numa área extremamente grande. Além disso, embora suas populações estejam com tendência declinante, o declínio não é suficientemente rápido para se aproximar dos limiares para classificá-la como vulnerável. Não é conhecido o tamanho total das populações, mas se acreditem que igualmente não se aproxime dos limites para classificá-la como vulnerável.[1] Em 2007, a subespécie T. a. paraensis foi classificado como em perigo na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[14][15][18] e em 2018, a espécie foi classificada como pouco preocupante no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[19][20]
↑ abClements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Roberson, D.; Fredericks, T. A.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2022). The eBird/Clements checklist of birds of the world. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. Consultado em 14 de maio de 2023
↑ abGill; Donsker, David, eds. (2018). «Antbirds». World Bird List Version 8.1. International Ornithologists' Union. Consultado em 21 de março de 2018
↑del Hoyo, J.; Caballero, I.; Kirwan, G. M.; Collar, N.; Boesman, P. F. D. (2022). «Yellow-winged Flycatcher (Tolmomyias flavotectus)». In: Keeney, B. K. Birds of the World. Col: 1.0. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.yemfly2.01. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2022
↑ abcddel Hoyo, J.; Caballero, I.; Kirwan, G. M.; Collar, N. (2020). «Yellow-margined Flycatcher (Tolmomyias assimilis)». In: Keeney, B. K.; Billerman, S. M.; Rodewald, P. G.; Schulenberg, T. S. Schulenberg. Birds of the World. Col: 1.0. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.yemfly2.01. Consultado em 14 de maio de 2023. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2022
↑ abWhitney, B. M.; Schunck, F.; Rêgo, M. A.; Silveira, L. F. (2013). «A new species of flycatcher in the Tolmomyias assimilis radiation from the lower Sucunduri-Tapajós interfluvium in central Amazonian Brazil heralds a new chapter in Amazonian biogeography». In: del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J; Christie, D. A. Handbook of the Birds of the World. Special Volume: New Species and Global Index (em inglês). Barcelona: Lynx Editions. pp. 297–300. ISBN978-84-96553-88-0. Consultado em 14 de maio de 2023