Bouba
A bouba é uma infecção tropical da pele, ossos e articulações causadas pela bactéria Treponema pallidum pertenue.[3][5] A doença começa com um inchaço rígido e redondo da pele, com 2 a 5 centímetros de diâmetro. O centro pode quebrar e formar uma úlcera.[3] Esta primeira lesão da pele, normalmente, cura depois de três a seis meses.[4] Depois de semanas a anos, articulações e ossos podem se tornar dolorosos, pode haver desenvolvimento de fadiga, e novas lesões de pele podem aparecer.[3] A pele das palmas das mãos e solas dos pés pode tornar-se espessa e quebrar. Os ossos (especialmente aqueles do nariz) podem se tornar disformes.[4] Depois de cinco anos, ou mais, grandes áreas de pele pode morrer, deixando uma cicatriz.[3] A bouba é transmitida pelo contato direto com o fluido de uma lesão de uma pessoa infectada. O contato é geralmente de natureza não sexual.[4] A doença é mais comum entre crianças, que a disseminam ao brincar juntas.[3] Outras doenças da treponemal são o bejel (Treponema pallidum endemicum),a pinta (Treponema pallidum carateum) e a sífilis (Treponema pallidum pallidum). A bouba é muitas vezes diagnosticada pelo aparecimento de lesões. Testes de identificação de anticorpos no sangue podem ser úteis, mas não podem separar infecções anteriores da atual. A reação em cadeia da polimerase (PCR) é o método de diagnóstico mais preciso.[4] A prevenção é, em parte, curando aqueles que têm a doença, diminuindo assim o risco de transmissão. Onde a doença é comum, o tratamento de toda a comunidade é eficaz. Melhorar a limpeza e saneamento irá também diminuir o disseminação. O tratamento geralmente é com antibióticos , incluindo: azitromicina por via oral ou benzilpenicilina benzatina por injeção. Sem tratamento, deformidades físicas ocorrem em 10% dos casos.[4] A doença é comum em pelo menos 14 países tropicais de acordo com dados de 2012. A doença só infecta os seres humanos.[3][4] Na década de 1950 e de 1960, a Organização Mundial de Saúde (OMS), quase erradicou a doença. Desde então, o número de casos tem aumentado e não foram renovados os esforços para erradicar globalmente a doença até 2020.[4] A última estimativa do número de pessoas infectadas foi de mais de 500 000 em 1995.[5] Embora uma das primeiras descrições da doença foi feita em 1679 por Willem Piso, evidências arqueológicas sugerem que a bouba pode ter sido presente entre os seres humanos até há 1,6 milhões de anos.[3] ClassificaçãoFaz parte do grupo de doenças causadas por treponemas junto com bejel (Treponema pallidum endemicum), pinta (Treponema pallidum carateum) e sífilis (Treponema pallidum pallidum). A maioria dos exames de laboratório não consegue diferenciá-las. CausaA doença é transmitida aos primatas (humanos, gorilas, chimpanzé e babuínos) pelo contato pele-a-pele com uma lesão infecciosa. A bactéria que entra através de um corte preexistente, morder ou arranhar. Faltam estudos sobre casos de transmissão de primatas a humanos, mas um experimento indica que é possível.[6] Não é considerada uma doença sexualmente transmissível como a sífilis, pois não é necessário contato sexual para a transmissão. O ciclo de desenvolvimento da doença é semelhante a do Treponema pallidum (Sífilis) tendo um estágio primário com um ou mais "verrugas" indolores pouco contagiosas, um estágio secundário onde lesões surgem e regridem por todo o corpo sendo muito contagiosa, algumas vezes acompanhadas de pus, e um estágio terciário onde regiões da pele, ossos e cartilagens são progressivamente deformados e pouco contagiosa, mas muito mais incapacitante. Sinais e sintomasAssim como outras enfermidades causadas por Treponemas tem três fases distintas:[7]
EpidemiologiaAcredita-se que seja mais comum em mulheres, talvez devido ao costume ocidental das mulheres tocarem-se mais. O maior grupo de pessoas afligidas pela bouba são crianças com idade entre 6 e 10 anos nas regiões tropicais da América, África, Ásia e Oceania. Durante o período de 1954 a 1963 a Organização Mundial da Saúde lançou campanhas mundiais para a redução da enfermidade, alcançando resultados significativos, embora alguns casos passaram a surgir novamente.[8] Era endêmico no Brasil e África portuguesa, mas há muitos anos não há dados sobre sua prevalência e incidência. Não há registros de casos em Portugal. No diagnóstico é facilmente confundida com sífilis, bejel e pinta. TratamentoOs principais fármacos utilizados para tratar a doença são a penicilina, a eritromicina ou a tetraciclina, com raras recorrências após o tratamento. Sem tratamento, 10% dos casos terminam com deformações ósseas e na cartilagem.[9] Trabalhos de erradicaçãoA bouba, assim como a sífilis, foram quase erradicadas com o programa conduzido pela Organização Mundial da Saúde na década de 1950. Em 1964 estima-se que os casos de bouba foram reduzidos de 50 milhões para 500 000. O número de casos seguiu caindo, entretanto, em 1995, a Organização Mundial da Saúde reportou um aumento dos casos de novo para cerca de 500 000 pessoas, principalmente em países pobres e em áreas rurais.[10] Em abril de 2012, a OMS iniciou uma nova campanha mundial para a erradicação da bouba. De acordo com o roteiro oficial, a eliminação deve ser alcançada até 2020.[11] Até agora, este parece ter tido sucesso na Ásia, uma vez que não há casos na Índia desde 2004. Apenas partes da África seguem com a doença.[12] Referências
Fontes
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