BrucellaBrucella é um gênero de bactérias gram-negativas.[1] São cocobacilos pequenos (0.5 a 0.7 por 0.6 a 1.5 µm), formando colônias muito pequenas, lisas, com tom esbranquiçado e não-hemolíticas. São imóveis, não capsulados, não esporuladas e são aeróbios estritos, realizando metabolismo oxidativo. São catalase, oxidase e urease positivas. Reduzem nitratos a nitritos e são nutricionalmente exigentes. Fatores de virulência
As espécies mais virulentas para o Homem são B. melitensis (mais comum) e a B. abortus. PatogêneseA bactéria é introduzida no interior de macrófagos. Tem um período de incubação de 10 a 21 dias. Vai para os gânglios regionais linfáticos, podendo aí migrar para o sangue, onde atua o LPS, e do sangue atinge órgãos como o fígado, baço, osso, testículo, endocárdio, com formação de granulomas ou abcessos (mais frequente com B. melitensis e B. suis). O hospedeiro desencadeia uma resposta imunológica celular, mais efetiva, e uma imunidade celular, que embora não seja protetora, é essencial para o diagnóstico sorológico. EpidemiologiaA incidência da doença é universal, embora haja países sem brucelose, como sendo os países do Norte da Europa e do Japão. Em Portugal, a brucelose têm elevada incidência nos distritos do interior (Bragança. Guarda, Vila-Real, Castelo Branco). As principais fontes de infecção são: lacticínios não-pasteurizados, viagens para o estrangeiro e o manuseamento de tecidos ou órgãos de animais infectados. Os principais grupos de risco são: trabalhos em matadouros, talhos e fábricas de enchidos, trabalhos em queijarias, criadores de gado (pastores, por exemplo), trabalhos em esgotos e trabalhos em laboratórios com risco.[2] Os principais animais envolvidos são bovinos, caprinos, ovinos e suínos, não se conhecendo espécie resistente à Brucella sp.[3] Modos de transmissão
DoençaA Brucella sp é o agente causador da Brucelose, que é uma zoonose caracterizada por uma infecção granulomatosa crónica com envolvimento sistémico. Quadro clínicoApresenta um elevado polimorfismo clínico, apresentando um período de incubação que pode ir de 1-3 semanas até vários meses. A sintomatologia pode surgir de modo abrupto ou gradual, sendo caracterizada por:
Diagnóstico bacteriológicoO diagnóstico bacteriológico exige a realização de hemoculturas ou mieloculturas. A hemocultura é o método directo mais utilizado. Realizam-se colheitas múltiplas (3 a 5), sendo que devem ser incubadas durante 14 dias, porque a Brucella cresce lentamente. A mielocultura positiva mais rapidamente do que a hemocultura. Diagnóstico sorológicoExistem vários métodos de diagnóstico sorológico, nomeadamente:
TratamentoO tratamento exige antibioticoterapia combinada e prolongada, porque se trata de um parasita intraceular. A Brucella possui resistência às penicilinas e cefalosporinas. Numa 1a. fase, durante 4 semanas, deve ser feita uma antibioterapia à base de Tetraciclina+Aminoglicosídeo. Numa segunda fase, a antibioterapia combinada Doxiciclina+Rifampicina por um período de 4-8 semanas revela-se mais eficaz. A Tetraciclina não deve ser utilizada em gestantes e crianças, daí que se deva substituir nos 2 casos por Trimetropim-sulfametoxazol, por que a tetraciclina interfere no crescimento ósseo. PrevençãoA prevenção pode ser feita com: pasteurização do leite, o abate dos animais doentes, a vacinação do gado com estirpes avirulentas, a vacinação humana (que leva à manifestação de sintomas, mas concede uma imunidade de curta duração) e o cumprimento de medidas de segurança nos laboratórios. Referências
|