Chavismo é a ideologia de esquerda política baseadas nas ideias, programas e estilo de governo associados com o ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que governou o país entre 1999 e 2013.[1]Chavista é um termo utilizado para descrever fortes apoiantes de Chávez, que está intimamente associado com o apoio do chavismo.[2]
Vários partidos políticos da Venezuela apoiam o chavismo. Mas o partido principal, diretamente relacionado com Chávez, é o Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV). Outros partidos e movimentos de apoio ao chavismo incluem Pátria para Todos e Tupamaros.
Segundo artigo de opinião publicado no New York Sun em 2006, a vitória de candidatos "anti-Chávez" no Peru,[16] na Colômbia[17] e no México seria uma demonstração da baixa popularidade de Chávez na América Latina.[18] No mesmo ano, segundo o jornal El Universal, de Caracas, o então presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, distanciava-se do chavismo, tendo declarado que ele próprio não era Chávez, que o Brasil não era a Venezuela, e que as instituições brasileiras são "tradicionais".[19]
Em abril de 2018, a principal revista de esquerda da França, Les Temps Modernes, fundada por Sartre e Simone de Beauvoir em 1945, apontou seu rompimento com o regime chavista venezuelano ao denunciar que a revolução bolivariana havia se revelado um grande fracasso. Em uma série de ensaios e entrevistas, a revista aborda os aspectos políticos, econômicos e sociais que levaram ao fracasso do modelo.[20]
Os críticos acusaram Hugo Chávez de populista desde o início e apontaram que parte de sua política era uma nova forma de assistencialismo não religioso.[21] A economia estava controlada por meio de decretos presidenciais na época de Chávez, que tinha pouca experiência. Embora a intenção fosse reduzir a dependência do petróleo, as poucas empresas rentáveis quebraram.[22] Além disso, a petroeconomia era saqueada pelos funcionários instalados pelo regime: na Suíça, aproximadamente $Predefinição:Esd100 milhões em possíveis subornos haviam sido bloqueados em 2014 por um caso que envolvia um bilhão de dólares. Os procedimentos contra a PDVSA estão pendentes nos tribunais americanos e no regulador bancário suíço. Segundo um relatório do Parlamento venezuelano, foram desviados no mínimo $Predefinição:Esd11 bilhões entre 2004 e 2014. Nervis Villalobos, vice-ministro de Energia Elétrica de 2004-2006, foi preso com outros três funcionários da PDVSA na Espanha em outubro de 2017.[23][24]
Apesar de exibir uma retórica socialista, os críticos classificaram o chavismo como capitalismo de Estado.[25] Em uma entrevista de 2017, o filósofo Noam Chomsky, ao ser questionado se tomaria a economia falida da Venezuela como uma admissão de que o socialismo "destruiu a vida das pessoas", disse: "Nunca descrevi o governo capitalista de Estado de Chávez como 'socialista', nem sequer insinuei tal absurdo. Estava bastante longe do socialismo. O capitalismo privado se manteve. [...] Os capitalistas eram livres para minar a economia de todas as formas, como a exportação maciça de capital".[26] Os críticos também frequentemente apontam para o grande setor privado da Venezuela: em 2009, aproximadamente 70% do produto interno bruto da Venezuela foi criado pelo setor privado.[27]
Em abril de 2018, a principal revista esquerdista da França, Les Temps Modernes, fundada por Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir em 1945, declarou sua ruptura com o regime chavista venezuelano ao denunciar que a Revolução Bolivariana havia resultado em um "grande fracasso"; em uma série de ensaios e entrevistas com intelectuais de esquerda, a revista abordou os aspectos políticos, econômicos e sociais que levaram ao fiasco do modelo.[29]
Por sua vez, Eduardo Molina de La Izquierda Diario, jornal afiliado à Fração Trotskista - Quarta Internacional, acusou o chavismo de deixar a Venezuela em uma "abismal crise econômica e social" que é produto da falência do tradicional capitalismo dependente baseado no rentismo petrolífero que o próprio chavismo exacerbou, além de entregar recursos naturais ao capital estrangeiro, com pagamento "a rajatabla" da dívida externa, governando com um estado de exceção permanente que militariza bairros populares, que impede eleições sindicais livres, persegue ativistas e deixa sem legalidade correntes de esquerda.[30]
Por outro lado, o economista venezuelano Manuel Sutherland afirmou que "mais do que uma transformação socialista (ou desenvolvimentista), a economia venezuelana viveu uma maciça transferência de renda para o capital importador e para uma casta burocrático-militar que vive às custas dos cofres públicos". Além disso, ele caracterizou o regime como um "nacional-populismo militarista" e mais parecido com uma variante do "rentismo petrolífero" do primeiro governo de Carlos Andrés Pérez (1974-1979).[31]
O ex-presidente uruguaioJosé Mujica, que foi amigo de Chávez em vida e que atualmente se distanciou de Maduro (embora sem deixar de ser crítico de sua oposição), declarou sobre o chavismo e suas ramificações que "deve haver uma negociação política porque a longo prazo não há um chavismo, há vários chavismos" e afirmou que "há tantos chavistas, ou mais, fora do governo quanto há no governo [de Maduro]". Mesmo assim, comparou o fenômeno do chavismo com o do peronismo, e concluiu que "o chavismo na Venezuela pode desembocar em algo parecido ao peronismo na Argentina, que é um híbrido entre política e religião, com profundas raízes populares".[32]
Por sua vez, Juan Guaidó afirmou que na Venezuela "não houve socialismo porque não há justiça social"[33] nem traços de igualdade e "nem sequer de respeito à classe operária e trabalhadora, porque não há liberdade sindical", afirmando que há uma "ditadura desclassificada" em seu país.[34]
Um elemento constante da retórica de Chávez, segundo alguns, foram as teorias da conspiração, geralmente misturadas com antisemitismo desde 2006,[35] (embora Chávez tenha afirmado que era "totalmente falso" que fosse antissemita,[36] chegando até a se reunir com representantes do judaísmo venezuelano).[37][38] Em princípio, as conspirações e os países estrangeiros eram culpados por qualquer deficiência no país,[39][40] acusações que continuaram e se intensificaram com seu sucessor na presidência.[41] Nicolás Maduro insultou Barack Obama como o "chefe maior dos diabos"[42] — de maneira semelhante aos exabruptos de Chávez contra George W. Bush —[43] e comparou Donald Trump a Adolf Hitler.[44] Em decorrência das declarações propagandísticas de Maduro em fevereiro de 2019 de que os suprimentos da ajuda humanitária estavam envenenados, também houve pessoas que se recusaram a aceitar comida de estranhos durante a escassez de alimentos pelos cortes de energia elétrica em nível nacional um mês depois.[45]
↑Corrales, Javier; Penfold, Michael (2014). Dragon in the tropics : hugo chavez and the political economy of revolution in Venezuela. Second ed. [S.l.]: Brookings Institution Press. p. xii. ISBN0815725930|acessodata= requer |url= (ajuda) (em inglês)
↑Sen, Ashish Kumar (18 de maio de 2018). «Venezuela's Sham Election». Atlantic Council (em inglês). Consultado em 20 de maio de 2018. Nicolás Maduro is expected to be re-elected president of Venezuela on May 20 in an election that most experts agree is a sham
↑«Venezuela's sham presidential election». Financial Times (em inglês). 16 de maio de 2018. Consultado em 20 de maio de 2018. The vote, of course, is a sham. Support is bought via ration cards issued to state workers with the implicit threat that both job and card are at risk if they vote against the government. Meanwhile, the country's highest profile opposition leaders are barred from running, in exile, or under arrest.
↑Romero, BC; Keppeler, T (13 de setembro de 2012). «Keimzellen aus Disziplin und Leidenschaft». Die Wochenzeitung (em alemão). Zurique: Genossenschaft Infolink. Consultado em 15 de março de 2020
↑Marti, Werner J (5 de agosto de 2017). «Es ist fünf vor zwölf in Venezuela». Neue Zürcher Zeitung (em alemão). Zurique: NZZ Mediengruppe. Consultado em 15 de março de 2020
↑««Будем воевать против их войны»» [«Lutaremos contra a sua guerra»]. Novaya Gazeta (em russo). Moscou: NGPH. 24 de março de 2019. Consultado em 15 de março de 2020. Na Venezuela, o diagnóstico de “desnutrição” está proibido, as mulheres podem ser esterilizadas, um shopping center se tornou um centro de tortura e o regime acusa os estrangeiros.