Cleantes de Assos
Cleantes de Assos (Assos, Ásia Menor, ca. 330 a.C. — ca. 230 a.C.), em grego: Κλέανθης, Kléanthēs, foi um filósofo estoico, discípulo e continuador de Zenão de Cítio como segundo escolarca (líder da academia) da escola estoica de Atenas[1]. Tendo iniciado o estudo da filosofia aos 50 anos de idade, depois de ter sido atleta e apesar de viver na pobreza, seguiu as lições de Zenão de Cítio e após a morte deste, cerca do ano 262 a.C., assumiu a liderança da escola, cargo que manteria por 32 anos, preservando e aprofundando as doutrinas do seu mestre e antecessor. Desenvolveu novas ideias no campo da física estoica e desenvolveu o estoicismo de acordo com os princípios do materialismo e do panteísmo. Entre os fragmentos existentes dos seus escritos, o mais significativo é um Hino a Zeus. Foi seu pupilo e sucessor Crisipo de Solis, que se revelaria um dos mais importantes pensadores estoicos. BiografiaCleanto nasceu em Assos, uma cidade mercantil da península da Tróade, por volta do ano 330 a.C..[2] Ainda de acordo com Diógenes Laércio,[3] Cleanto seria filho de Phanias, e na sua juventude fora boxer. Teria chegado a Atenas com apenas quatro dracmas em sua posse, mas ainda assim resolveu, aos 50 anos de idade, aprender filosofia, ouvindo primeiro as lições de Crates, o Cínico,[4] optando depois pelas lições de Zenão de Cítio, o Estoico. Para se manter em Atenas tinha de trabalhar durante a noite, carregando água para um horticultor (daí a alcunha de em grego: Φρεάντλης (Preantles ou o Carregador da Água do Poço) pela qual era conhecido). Como passava todo o dia a estudar e a debater filosofia, não se lhe conhecendo fortuna, foi intimado a comparecer perante o Areópago para justificar a origem dos seus meios de subsistência: apresentou então o testemunho do seu empregador e de uma mulher para a qual carregava farinha, ficando os juízes de tal forma convencidos da sua honestidade que lhe votaram um subsídio de 10 minae, que Zenão não permitiu que aceitasse. A sua paciência e capacidade de aceitar as dificuldades, ou talvez a sua lentidão e teimosia, levaram a que os colegas estudantes o apelidassem de "o Burro", o que aceitou com bonomia, já que tal tinha implícito "que o seu lombo era suficientemente robusto para aceitar tudo o que Zenão sobre ele quisesse lançar. Tal era a estima em que era tido, que em 262 a.C., quando Zenão faleceu, foi escolhido para liderar a escola, passando a ocupar o lugar do seu mestre. Apesar disso, continuou a a ganhar a vida com o trabalho das suas mãos, aliando o trabalho manual ao labor intelectual. Entre os seus alunos estava o seu sucessor, o filósofo Crisipo, e o futuro rei Antígono Gónatas, de quem aceitou uma oferta de 3 000 minas na sua velhice. Terá falecido com 99 anos de idade, c. 230 a.C..[2] A causa do falecimento terá sido uma úlcera péptica que o obrigou a jejuar durante vários dias: quando os médicos lhe disseram que podia voltar a comer, ele decidiu continuar a abstinência, afirmando que na sua idade, tendo já feito metade do caminho para a morte, não lhe interessava repetir os passos dados. Faleceu poucos dias depois.[3] Simplício, escrevendo no século VI, menciona que uma estátua de Cleanto, erigida pelo Senado de Roma, ainda estava visível em Assos.[5] PensamentoCleanto foi uma importante figura no desenvolvimento da filosófico do estoicismo, deixando uma importante marca pessoal nas especulações da escola em matéria de física, dando coerência à física estoica, e introduzindo o materialismo no pensamento estoico, o que contribui para a unidade do sistema de pensamento daquela escola filosófica.[6] Escreveu cerca de meia centena de obras, das quais apenas sobreviveram alguns fragmentos e citações por outros autores, tais como Diógenes Laércio, Estobeu, Cícero, Séneca e Plutarco. Notas
Referências
Ligações externas
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