As Cononiaceae são plantas lenhosas: arbustos ou árvores. Muitas espécies são perenifólias (sempre verdes).
As folhas apresentam filotaxia oposta ou espiralada (podendo neste caso ser verticilada). A morfologia da folha caracteriza-se pela existência de pecíolo e lâmina foliar bem diferenciados, com as lâminas coreáceas geralmente compostas, raramente simples, por vezes com três folíolos, na maior parte pinadas não pareadas. As margens das folhas são geralmente serrilhadas. As estípulas foliares estão sempre presentes. Quando as folhas são verticiladas, as estípulas das folhas adjacentes são fundidos numa única entidade, aplicando-se neste caso a designação de «estípula interpeciolar».
A maior parte das flores são actinomorfa (com simetria radial, hermafroditas, raramente unissexuais. Quando as flores são unissexuais, então as espécies podem ser dióicas (como no género Spiraeanthemum), androdioicas, ginodioicas ou poligamomonoicas (subdioicas). As brácteas florais podem estar divididos em sépalas e pétalas distintas ou apenas existirem tépalas petaloides. Em geral existem (3-)4-5(-10) sépalas presentes, livres ou fundidos na base. Se houver pétalas, existem 3-4, raramente 5-10, livres ou fundidas na base. Existem um ou dois verticilos de estames, com quatro ou cinco estames livres, raramente existem de 11 a 40 estames. Normalmente existem dois, raramente de três a cinco, carpelos, fundidos na maior parte (sincarpia), ligados a um ovário súpero (no género Spiraeanthemum semi-ínfero), embora raramente os carpelos sejam livres (apocarpia), sendo raro o ovário ser também parcialmente ínfero. Existem dois ou três, por vezes até cinco, pistilos livres por flor, correspondentes ao número de carpelos.
A distribuição disjunta da família, e de alguns dos seus géneros, é atribuída à fragmentação do supercontinente Gondwana. Em consequência desse fenómeno, vários géneros têm uma forte disjunção na sua área de distribuição natural, ocorrendo em diferentes continentes, por exemplo Cunonia na África do Sul e na Nova Caledónia ou Caldcluvia e Eucryphia na Austrália e no sul da América do Sul. A área de distribuição de Caldcluvia estende-se para norte em ambas as regiões, atingindo num caso o Equador e noutro as Filipinas. O género Geissois está distribuído pelas ilhas Fiji no Oceano Pacífico, mas já teve distribuição mais alargada.
Usos
Os frutos de algumas espécies são localmente consumidos frescos. A madeira de algumas espécies é utilizada e comerciada.[5]
A família possui um rico registo fóssil na Austrália e representantes fósseis são conhecidos no Hemisfério Norte.[9] A espécie fóssil Platydiscus peltatus foi encontrada em rochas do Cretáceo Superior da Suécia e é provavelmente um membro da família Cunoniaceae.[10] Um membro fóssil possivelmente mais antigo esta datado do Albiano. O género fóssil Tropidogyne, encontrada em âmbar da Indochina, tem flores que se assemelham fortemente à do género extanteCeratopetalum.[11]
Taxonomia
As famíliasBaueraceae, Davidsoniaceae, Eucryphiaceae, previamente vistas como distintas, estão agora incluídas nas Cunoniaceae. Na sua presente circunscrição taxonómica, a família Cunoniaceae integra (16 a 27) cerca de 23 géneros[8] com entre 280 e 350 espécies:
AcrophyllumBenth. (sin.: CalycomisR.Br. ex Nees & Sinning): com uma única espécie (segundo alguns autores, 2 espécies):
CunoniaL., sin.: OosterdickiaBoehm.: com grandes estípulas em forma de colher (daí ser localmente conhecida por árvore-das-colheres). com cerca de 24 espécies, quase todas na Nova Caledónia, com apenas uma na África do Sul.
DavidsoniaF.Muell.:com 2-3 espécies, com distribuição restrita aos estados australianos de New South Wales e Queensland.
EucryphiaCav.: com distribuição disjunta: 2 espécies no Chile, uma espécie em Queensland, uma espécie em New South Wales e Victoria e 2 espécies na Tasmânia. Constituía isoladamente a antiga família Eucryphiaceae.
↑
Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x
↑ ab
Bradford, J.C., Hopkins, H.CF., Barnes, R.W . (2004). Cunoniaceae. in Kubitzki, K. (ed.) The Families and Genera of Vascular Plants: Volume VI, Flowering plants, Dicotyledons: Celastrales, Oxalidales, Rosales, Cornales. Springer, Heidelberg. p 91-111.
↑Lotte Burkhardt: Verzeichnis eponymischer Pflanzennamen. Botanic Garden and Botanical Museum Berlin, Freie Universität Berlin, Berlin 2016, ISBN 978-3-946292-10-4, doi:10.3372/epolist2016
↑
Barnes, R.W., Hill, R.S., & Bradford, J. C. (2001) The history of Cunoniaceae in Australia from macrofossil evidence. Australian Journal of Botany 49 : 301‑20.
↑
Schönenberger, J., Friis, E.M., Matthews, M.L., et Endress, P.K. (2001). Cunoniaceae in the Cretaceous of Europe: evidence from fossil flowers. Annals of Botany 88 : 423‑37.
↑
Chambers, K.L., Poinar, G., et Buckley, R. (2010). Tropidogyne a new genus of early Cretaceous Eudicots (Angiospermae) from Burmese amber. Novon 20 : 23‑29.
↑
Gordon McPherson & Porter P. Lowry II: Hooglandia, a newly discovered genus of Cunoniaceae, In: Annals of the Missouri Botanical Garden, Volume 91, No. 2, 2004, S. 260–265 PDF
↑Stevens, P. F. (2001 onwards). Angiosperm Phylogeny Website. Version 12, July 2012 [and more or less continuously updated since]. http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/.
↑
Bradford, J.C. & Barnes, R.W. (2001). Phylogenetics and classification of Cunoniaceae (Oxalidales) using chloroplast DNA sequences and morphology. Systematic Botany 26 (2): 354‑85.
Bibliografia
Idárraga-Piedrahita, A., R. D. C. Ortiz, R. Callejas Posada & M. Merello. (eds.) 2011. Fl. Antioquia: Cat. 2: 9–939. Universidad de Antioquia, Medellín.
Nee, M. 1984. Cunoniaceae. Fl. Veracruz 39: 1–7.
Standley, P. C. & J. A. Steyermark. 1946. Cunoniaceae. In Standley, P.C. & Steyermark, J.A. (Eds), Flora of Guatemala - Part IV. Fieldiana, Bot. 24(4): 424–426.
Stevens, W. D., C. Ulloa Ulloa, A. Pool & O. M. Montiel Jarquín. 2001. Flora de Nicaragua. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 85: i–xlii,.
Woodson, R. E. & R. W. Schery. 1950. Flora of Panama, Part V. Fascicle 2. Cunoniaceae. Ann. Missouri Bot. Gard. 37(2): 145–147. View in BotanicusView in Biodiversity Heritage Library
Berendsohn, W.G., A. K. Gruber & J. A. Monterrosa Salomón. 2009. Nova Silva Cuscatlanica. Árboles nativos e introducidos de El Salvador. Parte 1: Angiospermae - Familias A a L. Englera 29(1): 1–438.
Y. Pillon & B. Fogliani: Evidence for a correlation between systematics and bioactivity in New Caledonian Cunoniaceae and its implications for screening and conservation, In: Pacific Science 63, 2009, S. 97–103. doi:[97:EFACBS2.0.CO;2 10.2984/1534-6188(2009)63[97:EFACBS]2.0.CO;2]
Yohan Pillon, Helen C.F. Hopkins, Jérôme Munzinger & Mark W. Chase: A Molecular and Morphological Survey of Generic Limits of Acsmithia and Spiraeanthemum (Cunoniaceae), In: Systematic Botany 34 (1), 2009, S. 141–148. doi:10.1600/036364409787602410