Um doppelgänger (alemão: [ˈdɔpl̩ˌɡɛŋɐ](escutarⓘ)), às vezes escrito como doppelgaenger ou doppelganger é um sósia ou duplo não-biologicamente relacionado de uma pessoa viva, por vezes retratado como um fenômeno fantasmagórico ou paranormal e geralmente visto como um prenúncio de má sorte, ou ainda para se referir ao "irmão gêmeo maligno" ou ao fenômeno da bilocação. A forma mais antiga da palavra, cunhada pelo romancista Jean Paul em 1796, é doppeltgänger, "aquele que caminha ao lado".[1]
Os doppelgängers aparecem em várias obras literárias de ficção científica e literatura fantástica, nas quais são um tipo de metamorfismo que imita uma pessoa ou espécie específica.
Etimologia
A palavra doppelgänger é um substantivo composto da língua alemã formado pela combinação dos dois substantivos Doppel (duplo, réplica) e Gänger (andante, ambulante, aquele que vaga).[2] As formas singular e plural são idênticas. O primeiro uso conhecido, na forma ligeiramente diferente Doppeltgänger, ocorre no romance Siebenkäs (1796), de Jean Paul, no qual ele explica sua palavra recém-criada por uma nota de rodapé - enquanto na verdade a palavra doppelgänger também aparece, mas com um significado bem diferente.[3]
As formas singular e plural são iguais em alemão, mas os escritores portugueses geralmente preferem o plural "doppelgängers". Em alemão, também existe uma forma feminina, "Doppelgängerin" (plural: "Doppelgängerinnen").
Como todos os substantivos em alemão, a palavra é escrita com uma letra maiúscula inicial. doppelgänger e doppelgaenger são grafias essencialmente equivalentes, e doppelganger é diferente e corresponderia a uma pronúncia diferente.[carece de fontes?]
Mitologia
Nas lendas nórdicas e germânicas, ver o próprio doppelgänger era um presságio da morte.[4] Um doppelgänger visto pelos amigos ou parentes de uma pessoa pode às vezes trazer azar, ser um mau presságio ou uma indicação de doença iminente ou problema de saúde. Como escreveu o dramaturgo sueco Strindberg: "Quem vê seu duplo vai morrer".[5]
Mario Praz conecta com a figura do duplo outros temas populares no folclore, como o lobisomem ou a garota bonita que se esconde dentro de uma cobra ou demônio (lâmia).[6]Claude Lecouteux explora essas e outras conexões (fadas, bruxas, lobisomens) em seu livro sobre a figura do duplo na Idade Média.[7]
Aplicações científicas
Heautoscopia é um termo usado em psiquiatria e neurologia para a alucinação de "ver o próprio corpo à distância".[8] Pode ocorrer como um sintoma de esquizofrenia[9] e epilepsia, e é considerada uma possível explicação para o fenômeno do doppelgänger.[10]
Os criminologistas encontram uma aplicação prática nos conceitos de familiaridade e semelhança facial, devido a casos de condenações injustas baseadas em testemunhas oculares. Em um caso, um homem passou 17 anos preso negando persistentemente qualquer envolvimento com o crime de que foi acusado. Ele foi finalmente libertado depois que outro homem foi encontrado, com uma semelhança impressionante, o mesmo primeiro nome e quase a mesma idade.[11]
Exemplos na vida real
Izaak Walton afirmou que o poeta metafísico inglês John Donne viu o doppelgänger de sua esposa em Paris em 1617, na mesma noite que sua filha natimorta nasceu.[12]
O dramaturgo alemão Goethe descreveu uma experiência em sua autobiografia Dichtung und Wahrheit, na qual ele e seu duplo se cruzaram a cavalo.[13]
Com o advento das mídias sociais, houve vários casos relatados de pessoas encontrando seu "gêmeo desconhecido" on-line, um termo moderno para Doppelgänger.[14][15] Existem vários sites em que os usuários podem fazer upload de uma foto de si mesmos e o software de reconhecimento facial tenta combiná-los com outro usuário com aparência semelhante. Alguns desses sites relatam ter encontrado inúmeros doppelgängers vivos.[16][17]
Na série Miraculous: As Aventuras de Ladybug, na temporada 1, episódio 9, um escultor é transformado no doppelgänger de Cat Noir para incriminar o mesmo e ter Ladybug como sua amada.
No jogo Antinomy of Common Flowers, Sumireko Usami enfrenta 2 cópias de si mesma, e assim o doppelgänger virou a sua habilidade oculta (devido ao incidente das lendas urbanas em Ulil).
No jogo Prince of Persia, ao atravessar um espelho, quase na fase final aparece para lutar com o jogador.
No jogo Hearthstone, o lacaio doppelgangster, referência à criatura, cria cópias de si mesmo.
No jogo Legion of Heroes, a doppelganger é usada para substituir heróis em processo de fusão que necessita 5 iguais, ela pode ser usada para substituir 4 desses heróis.
No jogo Borderlands: The Pre-Sequel, em uma DLC do jogo você consegue jogar com o doppelganger do vilão do jogo.
Em Dishonored 2, a protagonista Emily Kaldwin possuí poderes sobrenaturais que lhe permite criar réplicas de si mesma e a vilã e antagonista Delilah Coperspoon também possui essas mesmas habilidades.
Nas edições de Dungeons & Dragons, os doppelgängers são metamorfos desleais que assumem a aparência de outros humanoides, escapando de perseguições ou atraindo vítimas para a morte através da enganação e do disfarce.
↑Damas Mora JM, Jenner FA, Eacott SE (1980). «On heautoscopy or the phenomenon of the double: Case presentation and review of the literature». Br J Med Psychol. 53 (1): 75–83. PMID6989391. doi:10.1111/j.2044-8341.1980.tb02871.x
↑Brugger, P; Agosti, R; Regard, M; Wieser, H. G; Landis, T (1994). "Heautoscopy, epilepsy, and suicide". Journal of Neurology, Neurosurgergy and Psychiatry 57: 838-839.
↑Walton, Izaak. Life of Dr. John Donne. Fourth edition, 1675. Cited by Crowe in The Night-Side of Nature (1848).
↑The Autobiography of Wolfgang von Goethe. Translated by John Oxenford. Horizon Press, 1969. This example cited by Crowe in The Night-Side of Nature (1848).