Os encephalartos são pequenas árvores (têm crescimento muito lento) dióicas com folhascoriáceas em forma de fronde de palmeira e com belos cones cor-de-laranja vivo ou amarelados.
Várias das espécies possuem troncos robustos. Em E. cycadifolius, os troncos principais têm até 10 m de altura, e vários deles podem estar unidos numa base onde um antigo tronco principal crescia. As folhas persistentes e pinadas estão dispostas numa coroa terminal espalhada ou ascendente. Os folíolos são rígidos e variadamente espinhosos ou incisos ao longo de suas margens. Os folíolos têm um número de nervuras paralelas e nenhuma nervura central.[5]
Folhas compostas pinadas, pecioladas, alternas espiraladas, concentradas no ápice dos ramos e geralmente com folíolos espinescentes ou casualmente com margem espinhosa (Encephalaros ferox, Encephalartos horridus). Apresentam microstróbilos com numerosos microsporófilos sobre a superfície. Megastróbilos geralmente maiores e menos numerosos do que os microstróbilos, com numerosos megasporofilos, os quais são biovulados. Sementes grandes, arredondadas, carnosas e vistosas. É morfologicamente semelhante ao membros da família Cycadaceae, mas sdistingue-se por não possuir nervura central nos folíolos.
Os cones masculinos são alongados e podem aparecer três ou quatro de cada vez. Os cones femininos crescem isolados, ou até três de cada vez, e podem pesar até 60 kg. Em algumas espécies, os cones masculinos com pólen maduro emitem um odor nauseabundo. Quando o pólen foi derramado e os cones masculinos decaíram, um forte odor de ácido acético também foi notado.[6]
Colónias de cianobactérias da espécie Nostoc punctiforme ocorrem em aparente simbiose dentro do tecido radicular,[6] enquanto as radículas produzem tubérculos radiculares ao nível do solo que abrigam um fungo formador de micorrizas de função incerta,[6] que, no entanto, é suspeito de facilitar a captura de azoto do ar.[7]
São conhecidas 62 espécies, apenas em África, todas com áreas de distribuição natural muito restritas. Todas as espécies estão em perigo de extinção, algumas criticamente, devido à sua exploração por coletores e para usos em medicina tradicional.[8] Em consequência, todo o género está listado no Apêndice I da CITES, que proíbe o comércio internacional de espécimes dessas espécies, exceto por certos motivos não comerciais, como pesquisa científica.
Ecologia
As grandes sementes das plantas deste género consistem num núcleo muitas vezes venenoso coberto por uma camada carnuda comestível.[7] Consequentemente, os cones femininos são destruídos pelos babuínos, pois estes animais apreciam a medula ao redor das sementes.[6] Os macacos da espécie Chlorocebus pygerythrus, roedores e pássaros também se alimentam das sementes, mas devido às suas qualidades tóxicas imprevisíveis, estas não são recomendados para consumo humano.[7]
O género foi nomeado pelo botânico alemão Johann Georg Christian Lehmann em 1834. Todas as cicadáceas, exceto Cycas, eram consideradas membros do género Zamia até então, e alguns botânicos continuaram a seguir esta linha por muitos anos após Lehmann proposto Encephalartos como um género separado. A circunscrição taxonómica do género era originalmente muito mais amplo do que a seguido na atualidade, incluindo também as plantas australianas que hoje integram os géneros Macrozamia e Lepidozamia.[12]
Luapula River watershed, in República Democrática do Congo(on the extreme south of the Kundelungu plateau, Shaba Province) and in Zambia (along the Muchinga escarpment in Luapula and Northern provinces). A subpopulation is also found in North-Western Province, Zambia, to the east of Solwezi
Em várias espécies, a medula do tronco contém uma grande quantidade de amido de alta qualidade na secção abaixo da copa. Essa porção era cortado e utilizada como alimento pelas populações da região. Carl Peter Thunberg registou por volta de 1772 que os povos khoikhoi do sul de África removiam a medula do caule na secção próxima da coroa foliar e a enterravam envolta numa pele de animal[7] por cerca de dois meses, após o que a recuperaram para fabricar uma pasta que depois de amassada era utilizada para confecionar uma espécie de pão,[6] daí o nome vernacular africânderbroodboom (ou seja, árvore do pão). O enterramento da medula aparentemente facilitava a fermentação e amaciamento,[6] sendo a massa depois levemente assada em fogo de carvão vegetal.[15]
Em 1779, William Paterson também relatou que a medula de uma grande palmeira perto de King William's Town era utilizada pelos africanos e hotentotes como pão. A medula foi removida e deixada até azedar, antes de ser amassada em pão.[6][16]
↑ abcdefgSmith, Christo Albertyn (1966). Common Names of South African Plants. Col: Botanical Survey Memoir. 35. Pretoria: The Government Printer. pp. 179, 264
↑ abcdPalgrave, K.C. (1984). Trees of Southern Africa. Cape Town: Struik. p. 43. ISBN0-86977-081-0
↑Schmidt, Ernst; Lötter, Mervyn; McCleland, Warren (2002). Trees and shrubs of Mpumalanga and Kruger National Park. Johannesburg: Jacana. 46 páginas. ISBN9781919777306
↑Cooper, Michael Robert; Goode, Douglas (2004). The cycads and cycad moths of Kwazulu-Natal. New Germany [South Africa]: Peroniceras Press. pp. 76–93. ISBN062031978X
↑Miller, Douglass R.; Davidson, John A. (2005). Armored scale insect pests of trees and shrubs: (Hemiptera: Diaspididae). Ithaca (N.Y.): Cornell university press. p. 425. ISBN0801442796
↑Alice Notten (Maio de 2002). «Encephalartos woodii Sander». Kirstenbosch National Botanical Garden and South African National Biodiversity Institute. Consultado em 16 de novembro de 2006