Fabiola nasceu em Roma a 29 de Outubro de 1960, filha de um geólogo do Piemonte e de uma siciliana apaixonada por música e arte. Desde tenra idade que se interessou pela natureza e pelo mundo à sua volta. O pai encorajou a sua precoce atracção por aprender. Numa entrevista com os Humans of Science, Gianotti declarou que "foi com ele [pai] que inculquei o meu amor e paixão pela natureza".[2]
Gianotti descobriu a sua paixão pela pesquisa científica após ler uma biografia da cientista Marie Curie. Inicialmente estudou humanidades, focando-se na música e filosofia.[3] O seu interesse por questões essenciais levou-a a escolher o curso de Física, após concluir os estudos clássicos, e o curso de piano no Conservatório de Milão. Gianotti havia inicialmente decidido fazer os estudos universitários em Filosofia, porque lhe permitia equacionar as grandes perguntas, acabando, no entanto, por escolher a física quando percebeu que esta área lhe daria mais hipóteses de encontrar as respostas por que procurava.[4]
Gianotti trabalhou em vários projectos experimentais do CERN, nomeadamente WA70, UA2, ALEPH e ATLAS.
Foi e é membro de vários comités internacionais, entre os quais o Conselho Científico do CNRS, em França,[9] o Physics Advisory Committee do laboratório Fermilab, nos Estados Unidos, o Conselho da Sociedade Europeia de Física, o Conselho Científico do laboratório DESY,[10] na Alemanha, e o Comité Científico Consultivo da NIKHEF, na Holanda.[11] Foi ainda membro do Conselho Consultivo Científico[12] do então Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
A 1 de Janeiro de 2016, assumiu o posto de directora-geral do CERN, sucedendo Rolf-Dieter Heuer, sendo a primeira mulher nomeada para esse cargo nos mais de sessenta anos de existência da instituição.[4][13]
Descoberta do bosão de Higgs
Em 2009 Gianotti foi eleita líder e porta-voz do projecto ATLAS, no CERN. O ATLAS envolveu uma colaboração de cerca de 3000 físicos de 180 instituições em 38 países. O ATLAS era um dos dois projectos experimentais envolvidos na observação do bosão de Higgs. A 4 de Julho de 2012 Gianotti anunciou a descoberta de uma partícula. Até então, o bóson de Higgs havia sido uma parte teórica do modelo padrão da teoria da física das partículas para explicar como algumas partículas elementares adquirem massa. A profunda compreensão de Gianotti demuitos aspectos do ATLAS, assim como a sua liderança, foram reconhecidas como factores importantes na descoberta.[14][15]
Quando o CERN anunciou a descoberta de partículas bosão de Higgs, surgiu muita controvérsia sobre o uso da fonteComic Sans no slide de apresentação dos resultados.[16] Um físico, Alby Reid, chegou mesmo acomeçar uma petição on-line pedindo à Microsoft que alterasse o nome da fonte para "Comic Cerns".[17]Vincent Connare, criador da fonte, twittou o seu suporte a esta petição.[17] Embora Gianotti já houvesse usado a Comic Sans para apresentação de informações no passado, o tumulto foi maior nesta ocasião em grande medida devido à importância do material apresentado.[18]
Ambiente de trabalho
Gianotti teve de ultrapassar algumas barreiras para ser bem sucedida num campo dominado por homens: Na comunidade científica europeia há dois homens para cada mulher. Apenas 20% da equipa que trabalhou no projecto ATLAS eram mulheres.[19] Gianotti foi a primeira mulher directora do CERN, dirigindo dois dos maiores projectos experimentais do CERN em 2012. Gianotti insiste que nunca enfrentou discriminação por causa de seu género, afirmando que "não posso dizer eu própria que alguma vez me tivesse sentido discriminada", disse ela. "Talvez tenha sido, mas não me apercebi." A experiência de Gianotti está ajudando a quebrar barreiras de predominância masculina no campo criado para aspirantes a cientistas.[20] Gianotti quer especificamente quer dar às mulheres mais apoio na maternidade, afirmando sentir que a falta de um apoio suficiente é a razão de nunca ter tido filhos, decisão que hoje lamenta.[19]
Vida pessoal
Gianotti tem formação como bailarina e toca piano. Gianotti nunca se casou; num perfil biográfico do New York Times o físico holandês, seu colega, Rende Steerenberg, descreveu-a como alguém que "tem dedicado a sua vida à física...com certeza, tem feito sacrifícios."[21] Numa entrevista em 2010, Gianotti disse que não viu nenhuma contradição entre ciência e fé, e que pertencem "duas esferas diferentes".[22] Numa entrevista ao la Repubblica, disse que "Ciência e religião são disciplinas distintas, embora não opostas. Pode-se ser um físico e ter fé ou não."[23]
Obra publicada
Gianotti é autora ou co-autora de mais de 500 publicações em periódicos científicos com revisão por pares.[24]
Prémios e homenagens
Em 2011, Gianotti foi incluída entre as "100 mulheres mais inspiradoras" pelo periódico britânico The Guardian.[13][25] Em 2012, foi a quinta classificada como Personalidade do Ano pela revista Time, bem como o vice-vencedora de Pessoa do Ano.[13][26] Em 2013, foi incluída entre as "100 mulheres mais poderosas" pela revista americana Forbes,[13][27] e considerada uma das "Maiores Pensadoras Globais de 2013" pela também americana Foreign Policy.[13][28] Em 2018, foi eleita membro estrangeiro da Royal Society (ForMemRS).[29]
↑«Laureates: Fabiola Gianotti». breakthroughprize.org. Fundamental Physics Prize Foundation. Consultado em 29 de agosto de 2015. Arquivado do original em 25 julho de 2015