Oficialmente chamado de "Julgamento de Josef Kramer e outros 44", ele teve início na corte de Lüneburg em 17 de setembro de 1945 contra 45 homens e mulheres da SS e de kapos (prisioneiros à serviço dos nazistas) dos campos de concentração de Bergen-Belsen e Auschwitz. Ele foi realizado sob a autoridade de uma corte militar britânica e durou até 17 de novembro de 1945.[1]
Os acusados enfrentaram acusações de crimes contra a Humanidade, crimes de guerra, tortura e genocídio contra os aprisionados nestes dois campos. Todos, a exceção de um deles, foram acusados de terem cometidos estes crimes em Bergen-Belsen. Quatorze deles também foram acusados pelos mesmos crimes em Auschwitz.
Todos se declararam inocentes das acusações, sob a alegação de cumprimento de ordens superiores,[2] no julgamento acompanhado por mais de cem jornalistas da Alemanha e do resto do mundo. Mais nove integrantes da guarda de Bergen-Belsen foram julgados por outros tribunais militares em 1946 e 1948.[3]
Acusados
Georg Kraft, Josef Klippel, Oscar Schmitz, Fritz Mathes, Karl Egersdorf, Walter Otto, Eric Barsch, Ignatz Schlomovicz, Ida Forster, Klara Opitz, Charlotte Klein, Hildegard Hahnel, Antoni Polanski e a kapo Ilse Löthe, foram absolvidos.[4] Um dos acusados, Ladislaw Gura, foi retirado do julgamento por motivo de doença.[5]
Entre os condenados, foram distribuídas as seguintes sentenças:
Herta Ehlert, Otto Calesson, Heinrich Schreirer, Vladislaw Ostrovski e a kapo Helena Kopper foram condenados a 15 anos de prisão.[6]
A kapo Hildegard Lobauer e os guardas Herta Bothe, Ilse Forster, Irene Haschke, Gertrud Sauer, Johanne Roth, Anna Hempel, Stanislawa Starotska e Antoni Aurdzieg foram condenados a dez anos.[6]
Gertrude Fiest e Medislaw Burgraf foram sentenciados a cinco anos, Frieda Walter a três anos e Hilde Lisiewitz a um ano.[6]
Um segundo julgamento de Belsen aconteceu entre 13–18 de junho de 1946, na mesma corte de Lüneburg e sob a mesma autoridade britânica, que levou ao banco dos réus mais quatro ex-oficiais e soldados SS do campo, além de um kapo polonês. Dos cinco julgados, quatro foram condenados à morte - os SS Walter Quakernack, Heinz - Züder Heidemann e Heinrich Redehase e o kapo Cegielski - e um a 15 anos de prisão - Karl Schmitt.[8]
Kapos eram prisioneiros-funcionários dos campos, selecionados pela SS para supervisionar seus companheiros prisioneiros. Selecionados em principio por sua personalidade e vontade de ser brutal, eram escolhidos entre os prisioneiros criminosos comuns, depois entre os prisioneiros políticos e por fim entre prisioneiros de outras classificações.[9]
O kapo em questão era o polonês Kazimierz Cegielski, ex-prisioneiro de Bergen-Belsen, que lá havia chegado, segundo seu testemunho, em março de 1944, acusado de crueldade e assassinato.[10] Cegielski era acusado de espancar - e algumas vezes matar - prisioneiros fracos e doentes, com um grande bastão de madeira. Durante sua permanência em Bergen-Belsen, ele teve um relacionamento com uma prisioneira judianeerlandesa, Henny DeHaas. Ele foi preso em Amsterdam, procurando por Henny, com quem queria casar-se.
Foi condenado em 18 de junho de 1946 e sentenciado à morte por enforcamento, sentença cumprida às 09:20 da manhã de 11 de outubro de 1946. No dia anterior à sua execução, ele disse que seu verdadeiro nome era Kasimir-Alexander Rydzewski.[11]
Notas
↑i Erich Zoddel, um ladrão e criminoso comum antes de trabalhar como kapo em campos de concentração, foi condenado à morte e executado em 30 de novembro de 1945, em Wolfenbüttel, por sentença em outro julgamento em pararelo realizado em Celle.[12]
↑«THE BELSEN TRIAL». ess.uwe.ac.uk. Consultado em 31 de agosto de 2012. Arquivado do original em 9 de agosto de 2012
↑«The Belsen Trial». Stiftung niedersächsische Gedenkstätten. Consultado em 31 de agosto de 2012. Arquivado do original em 12 de fevereiro de 2015
↑"The Verdict"Arquivado setembro 17, 2011 no WebCite
site oficial University of the West of England, Bristol. (29 de janeiro de 2007) Sumário de Law-Reports of Trials of War Criminals, the United Nations War Crimes Commission, Volume II, Londres, HMSO, 1947. 10 de maio de 2010
↑ abcde"The Sentences"Arquivado setembro 17, 2011 no WebCite
site oficial University of the West of England, Bristol. (29 de janeiro de 2007) Sumário de Law-Reports of Trials of War Criminals, the United Nations War Crimes Commission, Volume II, Londres, HMSO, 1947. 10 de maio de 2010