Letónia
Letónia (português europeu) ou Letônia (português brasileiro) (em letão: Latvija, pronunciado: [ˈlatvija]), oficialmente República da Letónia / Letônia (em letão Latvijas Republika), é uma nação do Norte da Europa, sendo uma das três repúblicas bálticas. Faz fronteira ao norte com a Estónia, a leste com a Rússia, a sudeste com a Bielorrússia, a sul com a Lituânia e a oeste com o mar Báltico.[11] Banhada pelas águas geladas do mar Báltico, tem litoral pantanoso, com dunas de areia e importantes portos pesqueiros. Riga, a capital, é a maior capital das repúblicas bálticas. No bairro histórico de Riga misturam-se edificações medievais e prédios art nouveau, declaradas patrimônios da humanidade. As florestas cobrem quase metade do território, o que favorece o turismo ecológico, em especial na cidade de Sigulda, rodeada de cavernas, bosques e corredeiras. Ex-república da União Soviética, a Letônia reconquistou sua independência em 1990. Como herança do domínio soviético, os russos constituem mais de 25% da população. Em 2004, a Letônia ingressou na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN/NATO) e na União Europeia (UE) e em 2016, na OCDE. EtimologiaO nome Latvija é derivado do nome dos antigos Latgalianos, uma das quatro tribos bálticas protoindo-europeia (junto com os curônios, selonianos e semigallianos), que formaram o núcleo étnico dos modernos letões, juntamente com os livonianos.[12] Henrique da Letônia cunhou as latinizações do nome do país, "Lettigallia" e "Lethia", ambos derivados dos latgalianos. Os termos inspiraram as variações do nome do país nas línguas românicas para "Letônia" e em várias línguas germânicas para "Lettland".[13] HistóriaPor volta de 3000 a.C., os ancestrais proto-Bálticos do povo letão se estabeleceram na costa leste do Mar Báltico. Os bálticos estabeleceram rotas comerciais para Roma e Bizâncio, trocando âmbar por metais preciosos. Por volta de 900 d.C., quatro tribos bálticas distintas habitavam a Letônia: Curônios, Latgalianos, Selonianos, Semigalianos (em letão: kurši, latgaļi, sēļi e zemgaļi), bem como a tribo finnica dos livônios (lībieši).[14][15] No século XII, o território da Letônia era preenchido por pequenas vilas, povoados e centros urbanos como Vanema, Ventspils, Bandava, Piemare, Duvzare, Selônia, Koknese, Jersika, Tālava e Adzele.[16] Período medievalO território hoje conhecido como Letônia tem sido habitado desde 8 000 a.C.. Na primeira metade de 3 000 a.C., as primitivas tribos bálticas chegaram ao território. Elas foram os ancestrais do povo letão. Estes mantiveram contato com o Império Romano, por meio do comércio de âmbar, atividade interrompida com a invasão dos eslavos no século VII. Na era cristã, o território hoje conhecido como Letônia tornou-se principalmente um entroncamento comercial. A famosa "rota dos viquingues à Grécia" mencionada em antigas crônicas partia da Escandinávia atravessando o território letão ao longo do rio Daugava (Duína Ocidental) até a antiga Rússia e o Império Bizantino. Suecos, alemães e russos também ocupam a região entre o século IX e o XII. A Letônia atual foi formada a partir de duas regiões principais: a Livônia e a Curlândia que, por sua vez, englobavam as tradicionais regiões letãs de Kurzeme, Zemgale, Vidzeme e Latgale. A partir do século XIII todas as regiões letãs estavam sob domínio dos Cavaleiros Teutônicos. O cristianismo foi levado pelos alemães às tribos locais, que se convertem nominalmente — o paganismo ancestral perdurou por séculos a fio. O domínio alemão sobre o território prolongou-se oficialmente por três séculos, até a extinção da Ordem dos Teutônicos, mas os alemães continuaram compor a elite proprietária de terras e culturalmente dominante até a criação e independência do país em 1918. No século XVI a Livônia tornou-se parte do Império Sueco, enquanto que o Ducado da Curlândia tornou-se vassalo do Reino da Polônia e Lituânia. Nesta época, o luteranismo espalhou-se pelo país. Nos séculos XVIII e XIX, após as Guerras do Norte, o Império Russo ganhou controle dos territórios da Suécia e da Polônia, incluindo as áreas da atual Letônia e regiões vizinhas, como Lituânia, Estônia e Finlândia. Com a abolição da servidão, em 1817, os letões passam a reivindicar a propriedade da terra, privilégio dos aristocratas alemães, o que alimenta o nacionalismo letão. Com a devastação da Rússia pela Primeira Guerra Mundial e as dificuldades enfrentadas pelo novo regime soviético, o Conselho Nacional declarou a independência em 18 de novembro de 1918, formando assim a República Independente da Letônia. Em 1934, o país tornou-se um estado autoritário, após um golpe de estado dirigido por Karlis Ulmanis. O parlamento (Saiema) foi suspenso. A 17 de junho de 1940 a União Soviética invade e anexa o país de acordo com o pacto germano-soviético (também conhecido como Pacto Ribbentrop-Molotov) de 1939, feito pelo acordo entre os ministros dos Negócios Estrangeiros Viatccheslav Molotov (URSS) e Joachim von Ribbentrop (Alemanha), com a invasão a Letônia passou a se chamar República Socialista Soviética da Letônia (RSS da Letônia). Exceto por um curto período de ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial, a Letônia permaneceu como um território ocupado pela união soviética. A integração ao comunismo soviético é obtida à custa de repressão, e a resistência antissoviética só é derrotada em 1952. Milhares de camponeses, removidos de sua terra, são presos, deportados ou executados. Os soviéticos promovem uma maciça imigração de russos para o país, até que as reformas da glasnost estimularam o movimento de independência letão. O país tornou-se novamente independente a 21 de agosto de 1991. Desde então tem reforçado seus laços com o Ocidente; em 1 de maio de 2004 tornou-se membro da União Europeia e também da OTAN e em 2016 acedeu à OCDE. GeografiaLetónia situa-se na margem oriental do mar Báltico sobre o nível da parte noroeste da plataforma do Leste Europeu, entre a Estónia e a Lituânia; também faz divisa com a Rússia. Cerca de 98% do país está acima dos 200 m de altitude. O clima úmido assemelha-se ao da Nova Inglaterra. Com exceção da planície costeira, a Letónia era glacial, dividindo-a em três grandes regiões. A Letónia detém mais de 12 000 rios, dos quais apenas 17 têm mais de 90 km, e mais de 3 000 pequenos lagos, a maioria dos quais estão eutrofizadas. Os principais rios incluem o Daugava, o Lielupe, o Gauja, o Venta e o Salaca. Mais de metade da área florestal é composta por pinheiros, que cobrem cerca de 41% do país. Excepto a turfa, a dolomita e o calcário, os recursos naturais são escassos. A Letónia tem 531 km de litoral arenoso, e os portos de Liepaja e Ventspils fornecem água quente e abrigam importantes áreas da costa báltica. O mar Báltico banha a costa da Letónia, que abunda nas praias arenosas e chama o golfo de Riga. No interior, quase toda a superfície é ocupada por grandes planícies, apenas interrompido por baixas colinas que exceder 300 m. Os mais de 2 300 lagos glaciares, dos quais o maior é o Lago Lubāns, e as turfeiras e pantanosos áreas são os mais importantes elementos da paisagem. O principal é o rio Daugava (Western Dvina tão bem conhecido), nascido na Rússia. A Letónia tem verões frescos e invernos frios com frequentes nevadas. A temperatura máxima recorde na Letónia é 36,4 °C graus e as mínimas de -43,1 °C graus. A WWF inclui o território da Letónia como parte das ecorregiões temperadas, cuja cobertura florestal é conhecida como floresta mista sarmática.[necessário esclarecer] DemografiaA Letônia tinha uma população de 1 934 379 habitantes em 2018.[8] A população de origem letã representa pouco mais de metade dos habitantes do país (62,1%) tendo sido minoritária em Riga, a capital letã por muitos anos, quadro que recentemente tem se alterado gradualmente. Outros grupos étnicos são os de origem russa (26,9%), bielorrussa, polonesa, ucraniana e lituana. Com o objetivo de evitar tensões entre as diferentes nacionalidades, em 1998 os letões votaram a favor de facilitar a obtenção da nacionalidade, o que só foi aproveitado por parte dos imigrantes. Destes muitos continuam a não saber falar letão. Composição étnicaA composição da Letônia é de 62% de letões, 27% de russos, 3% de bielorrussos, 2% de polacos, 2% de ucranianos e 4% de outros povos. IdiomaO idioma oficial da República da Letônia é o letão.[1][2][3][4][5] A língua letã, assim como o lituano e a extinta língua prussiana antiga são línguas bálticas, da família das línguas indo-europeias. O russo vem perdendo seu espaço do passado para o inglês, principalmente entre as faixas etárias mais jovens, mas ambos idiomas são conhecidos por grandes seções da população. Em fevereiro de 2012, um plebiscito foi realizado, consultando o povo acerca da aceitação da adoção do russo como língua oficial no país, porém três quartos dos votos foram contrários à proposta, fazendo com que apenas o letão tenha status de idioma oficial.[17] ReligiãoA maioria da população da Letónia, 78,9%, é cristã. O grupo mais numeroso é o dos luteranos, que representam 34,2%; seguido pelos católicos, 24,1%; e os ortodoxos 17,8%. Outras crenças cristãs representam 2,8%; outras religiões e os que seguem nenhuma religião representam 21,1% da população.[18] A comunidade judaica na Letônia, conta com aproximadamente 10 000 membros, muitos oriundos de outras partes da antiga União Soviética.[19] Antes da Segunda Guerra Mundial, viviam na Letônia 93 000 judeus, dos quais aproximadamente 75 000 foram exterminados pelo regime nazi.[19][20] Em setembro de 2018 o Papa Francisco realizou uma viagem apostólica no país. Cidades mais populosas
PolíticaO parlamento unicameral, chamado Saeima é atualmente o mais alto órgão de autoridade do estado na Letônia. Ele discute e aprova as leis propostas pelo primeiro-ministro letão. O primeiro-ministro possui total responsabilidade e controle sobre seu gabinete, e o presidente da república tem apenas uma função cerimonial como chefe de estado. Atualmente conta com 100 membros. No outono de 1991, a Letônia reimplantou partes significativas de sua constituição de 1922, e na primavera de 1993 o governo realizou um recenseamento para determinar quem estava apto a votar. Após quase três anos de debates, a Letônia concluiu uma lei sobre cidadania e naturalização no verão de 1994. Pela lei, aqueles que eram cidadãos da Letônia em 1940 e seus descendentes podem pedir a cidadania. Cerca de 40% da população do país não pertence à etnia letã; ainda assim, muitos dos eslavos étnicos (geralmente russos) estão aptos a requerer residência. O critério de naturalização inclui um conhecimento do idioma letão em nível de conversação, um juramento de lealdade, renúncia à cidadania anterior, e um conhecimento da constituição letã. Permite-se a dupla cidadania para aqueles que foram forçados a abandonar a Letônia durante a ocupação soviética, e adotaram outra cidadania. Criminosos condenados, viciados em drogas, ex-agentes dos serviços de inteligência soviéticos e alguns outros grupos estão excluídos do direito à cidadania. A 19 de março de 1991, o Conselho Supremo aprovou uma lei explicitamente garantindo "direitos iguais a todas as nacionalidades e grupos étnicos" e "garantias a todos os residentes permanentes na república, independente de sua nacionalidade, aos mesmos direitos ao trabalho e a salários". A lei também proíbe "quaisquer atividades voltadas à discriminação por nacionalidade, ou à promoção de supremacia ou ódio nacional". Partidos principais: Harmonia, Unidade, União de Verdes e Camponeses, Aliança Nacional. Subdivisões (–2009)A Letónia está dividida em 26 distritos (rajoni, singular: rajons; ou ainda apriņķi, singular: apriņķis) e 7 cidades independentes (lielpilsētas, singular: lielpilsēta). Apesar das cidades estarem localizadas geograficamente dentro dos distritos elas possuem estatuto diferenciado e são administradas separadamente.
EconomiaPIB US$ 26 530 milhões (em 2004) PIB - taxa de crescimento: 10,2% (em 2005) PIB - per capita: US$ 11,5 (em 2004)
CulturaA cultura letã está muito marcada pela relação com a natureza. Marca disso mesmo é o facto de um dos seus eventos mais conhecidos, o Festival Jani, ser a celebração do dia mais longo do ano, estando relacionado ao solstício de verão. O respeito pelo ambiente é visível no carinho com que as cegonhas são tratadas no país. A Letônia é mais conhecida no campo cultural, pelos intérpretes e compositores de música erudita, como é o caso de Gidon Kremer e vários cantores de ópera, para além dos seus coros, premiados internacionalmente. As Latvju Dainas, canções populares, compiladas por Krišjānis Barons e Smits nos séculos XIX e XX, são também motivo de orgulho nacional. A produção poética é extensa. A epopeia "O Matador de Ursos" (Lacplesis) de Andrejs Pumpurs é um símbolo nacional. No campo literário, os mais antigos testemunhos são do século IX. Como em outros países da região, existe uma rica tradição de contos, refrães, lendas e lírica religiosa e popular conservadas graças a tradição oral. No século XVI, com a Reforma Protestante e o uso da língua vulgar, surgiram os primeiros livros impressos. Georg Manzel e Christopher Fürecker são os expoentes da literatura no século XVII. O filólogo Gotthart Friedrich, no século XVIII, publicou uma gramática da língua letã e um dicionário letão-alemão. Já no século XIX, criou-se a Sociedade de Literatura de Riga e apareceu o primeiro jornal letão em 1822. Desse período destacam-se os nacionalistas românticos como Juris Alunans (1841–1902), Andrejs Pumpurs e Mikelis Ansekilis (1850–1979). A tendência realista inclui, entre outros, os autores Juris Neikens (1826–1868), R. Blaumanis (1863–1908), Anna Brigadere (1861–1933) e Janis Poruks (1871–1911). EsportesO hóquei no gelo é considerado o esporte mais popular na Letônia. O país teve muitas estrelas famosas do hóquei como Helmuts Balderis, Artūrs Irbe, Kārlis Skrastiņš e Sandis Ozoliņš e, mais recentemente, Zemgus Girgensons, a quem o povo letão tem apoiado fortemente em jogos internacionais e da NHL, expresso através da dedicação de votar em Zemgus para colocá-lo no All-Star Fan Vote da temporada 2015.[21][22][23] Sediou o Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo de 2006.[24] Ver tambémReferências
Ligações externasInformation related to Letónia |