Lídia Jorge
Lídia Jorge GCIH (Loulé, Boliqueime, 18 de junho de 1946) é uma escritora portuguesa[1] do período pós-Revolução, autora de romances, contos, ensaios, poesia e crónica. VidaLídia Jorge nasceu no Algarve, em Boliqueime, concelho de Loulé, numa família de agricultores e de emigrantes[2]. Licenciou-se em Filologia Românica[1], pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, graças ao apoio de uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian.[3] Depois de licenciada, foi professora do Ensino Secundário.[4][5] Foi nessa condição que passou alguns anos decisivos em Angola e Moçambique, acompanhando o marido, durante o último período da Guerra Colonial. Décadas depois veio lecionar também, como professora convidada, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, entre 1995 e 1999.[1] Por designação do Governo Português, foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Integrou o Conselho Geral da Universidade do Algarve. Embora próxima do Partido Socialista[6], em 2021, foi nomeada membro do Conselho de Estado, pelo Presidente da Republica Marcelo Rebelo de Sousa, para o período de 2021 a 2026.[7] ObraLidia Jorge surgiu na escrita com o romance O Dia dos Prodígios (1980)[1]. A obra constituiu um acontecimento num período em que se inaugurava uma nova fase da literatura portuguesa e, desde logo, a autora se tornou um dos nomes de maior interesse dessa fase[1]. Os títulos seguintes O Cais das Merendas (1982)[1] e Notícia da Cidade Silvestre (1884) foram ambos distinguidos com o Prémio Literário Município de Lisboa, o primeiro dos quais em 1983, ex aequo com o Memorial do Convento, de José Saramago.[1] Notícia da Cidade Silvestre (1984), reafirma o valor da escritora[1], mas seria com o A Costa dos Murmúrios (1988), livro que reflete a experiência passada na África colonial, que a autora consolida o seu lugar no panorama literário português. Na década de 1990 seguiram-se A Última Dona (1992), O Jardim sem Limites (1995) e O Vale da Paixão (1998). Nos anos 2000 editou O Vento Assobiando nas Gruas (2002), posteriormente adaptado para cinema pela realizadora Jeanne Waltz. Combateremos a Sombra, publicado em Portugal em 2007, recebeu em França o Prémio Michel Brisset 2008, atribuído pela Associação dos Psiquiatras Franceses. Com chancela da Editora Sextante, publicou em 2009, o livro de ensaios Contrato Sentimental, reflexão crítica sobre o futuro de Portugal. Seguiu-se-lhe o romance A Noite das Mulheres Cantoras (2011). Os Memoráveis, publicado em 2014, é um livro sobre a mitologia da Revolução dos Cravos, retomando o tema de O Dia dos Prodígios, seu primeiro livro. Em 2016 publicou O Amor em Lobito Bay e em 2018 Estuário,[8] sobre a vulnerabilidade do tempo atual. Já em 2022, a escritora publicou Misericórdia, [9] uma reflexão sobre a humanidade e uma homenagem à sua mãe, Maria dos Remédios, falecida durante a pandemia de Covid-19. Por este romance, foi distinguida com um conjunto de prémios, como o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores (2022), o Prémio Eduardo Lourenço (2023), o Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues (2023), Prémio do PEN Clube Português de narrativa (2023) ou o Prémio Médicis estrangeiro (2023).[10] Entretanto, estreara-se na poesia em 2019, com o seu primeiro livro, O Livro das Tréguas, apesar de, curiosamente, Lídia Jorge escrever poesia desde muito jovem. Outras publicacoes incluem as antologias de contos, Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2003), e Praça de Londres (2008), para além das edições separadas de A Instrumentalina (1992) e O Conto do Nadador (1992). Em 2020, com o título de Em Todos os Sentidos, reuniu as crónicas que leu, ao longo de um ano, aos microfones da Rádio Pública, Antena 2.[11] Temas
AdaptaçõesTeatro:A sua peça de teatro A Maçon foi levada à cena no Teatro Nacional Dona Maria II, em 1997, com encenação de Carlos Avilez. Também uma adaptação teatral de O Dia dos Prodígios foi realizada e encenada por Cucha Carvalheiro no Teatro da Trindade, em Lisboa. Recentemente, Instruções para Voar foi levada à cena pela ACTA, no Teatro Lethes e no Teatro da Trindade. Esta última teve encenação de Juni Dahr e cenografia de Jean-Guy Lecat. Cinema:O romance A Costa dos Murmúrios foi adaptado (2004) ao cinema por Margarida Cardoso. E o conto Miss Beijo[12] foi adaptado para televisão para a RTP em 2021, com realização de Miguel Simal. O romance O Vento Assobiando nas Gruas foi adaptado para cinema pela realizadora Jeanne Waltz.[13] O filme estreou nos cinemas portugueses a 29 de fevereiro de 2024. RepresentaçãoA agência literária que a representa, a Literarische Agentur Dr. Ray-Güde Mertin - da professora de literatura e agente literária homónima -, hoje dirigida por Nicole Witt, tem sede em Frankfurt. AcademiaOs romances de Lídia Jorge encontram-se traduzidos em diversas línguas. Obras suas, além de edições no Brasil, estão traduzidas em mais de vinte línguas, designadamente nas línguas inglesa, francesa, alemã, holandesa, espanhola, sueca, hebraica, italiana e grega, e constituem objecto de estudo nos meios universitários portugueses e estrangeiros, tendo-lhes sido dedicadas várias obras de carácter ensaístico. A escritora portuguesa é inquestionavelmente uma voz singular e reconhecida no panorama da literatura portuguesa contemporânea. Comprovam-no a receptividade do público e da crítica; as repetidas edições das suas obras; as traduções para outras línguas; as teses e os ensaios académicos que se vão apresentando sobre os seus textos em vários países; os prémios nacionais e internacionais que têm distinguido a sua obra; e ainda os volumes monográficos que se debruçam sobre a sua criação literária – por exemplo, o dossiê temático na prestigiada revista norte-americana Portuguese Literary & Cultural Studies, 2, 1999;[14] ou o volume colectivo Para um Leitor Ignorado (Ensaios sobre a ficção de Lídia Jorge), Ana Paula Ferreira (org,), Texto Editora, 2009.[15] Em 2015, Maria Graciete Besse publicou Lídia Jorge et le sol du monde – une écriture de l'éthique au féminin, Edição L'Harmattan. A Universidade do Algarve, a 15 de dezembro de 2010, atribuiu-lhe o doutoramento Honoris Causa.[16] Em 2020, o número 205 da Revista COLÓQUIO LETRAS foi-lhe dedicado. Em 2021, a número 136 da Revista Espanhola TURIA também lhe dedicou o seu dossier principal. Em setembro desse ano, a Universidade de Genebra,[17] na Suíça, inaugurou a Cátedra Lídia Jorge. Em abril de 2022, na Universidade de Massachussets UMass Amherst, foi inaugurada uma Cátedra Lídia Jorge.[18] E em março de 2024 foi inaugurada a Cátedra Lídia Jorge na Universidade Federa de Goiás,[19] no Brasil. A Universidade de Aveiro, por ocasião do seu 51.º aniversário, a 18 de dezembro de 2024, atribuiu o doutoramento Honoris Causa[20] a Lídia Jorge, descrevendo a autora algarvia como "provavelmente a mais internacional das escritoras portuguesas contemporâneas, cujos livros percorrem o mundo, traduzidos nas mais diversas línguas”. HomenagensA 17 de dezembro de 2004, a Câmara Municipal de Albufeira inaugurou em sua homenagem a Biblioteca Municipal Lídia Jorge.[21] A assinalar o 30.º aniversário da publicação de O Dia dos Prodígios, a Câmara Municipal de Loulé promoveu uma grande exposição bio-bibliográfica[22] Trinta Anos de Escrita Publicada, entre novembro de 2010 e março de 2011, no Convento de Santo António dos Olivais. Em Portugal, o Presidente da República, Jorge Sampaio, a 9 de março de 2005, condecorou-a com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[23] O Presidente da República Francesa, Jacques Chirac, a 13 de abril de 2005, condecorou-a como Dama da Ordem das Artes e das Letras de França, sendo posteriormente elevada ao grau de Oficial, a 14 de julho de 2015. Em 2006, a autora foi distinguida na Alemanha, com a primeira edição do Prémio de Literatura Albatros da Fundação Günter Grass, atribuído pelo conjunto da sua obra. A União Latina, a 5 de maio de 2011, atribuiu-lhe o Prémio da Latinidade, João Neves da Fontoura. A Associación de Escritores en Língua Gallega atribuiu-lhe em Maio de 2013 o título de Escritora Galega Universal. Em Portugal, à exceção do livro de ensaios Contrato Sentimental, todos os seus livros têm a chancela das Publicações Dom Quixote. Dispõe de um texto biográfico (publicado pela editora Guerra e Paz em 2016): Lídia Jorge: a Literatura é o prolongamento da Infância, um diálogo com José Jorge Letria. A escritora é colaboradora assídua do Jornal de Letras e tem assinado crónicas para os jornais Público[24] e El País.[25] Em 2022 é uma das galardoadas com o Prémio do Clube das 25 (associação feminista espanhola) que distingue mulheres que se destacaram pela luta pela igualdade de oportunidades.[26] Em 2023, a sua obra Misericórdia foi a primeira obra em língua portuguesa a receber o Prémio Médicis para melhor livro estrangeiro. Jorge recebeu a distinção ex-aequo com a escritora coreana Han Kang.[27] Condecorações
LivrosRomances:
Contos:
Literatura Infantil:
Ensaio:
Teatro:
Poesia
Crónicas:
Prémios literários
Ligações externas
Referências
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