Os Faíscas
Os Faíscas foram a primeira banda portuguesa de punk rock, formada em Lisboa, em 1977, por Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres Magalhães, Jorge Lee e Emanuel Ramalho. Introduziram em Portugal um estilo musical inovador, baseado no poder da redução do rock aos dois ou três acordes essenciais. Tiveram uma passagem efêmera, terminando a atividade em 1979, com a gravação apenas de uma maqueta na Rádio Comercial. HistóriaFormação e primeiros temposA chegada da música punk a Portugal foi da responsabilidade do radialista António Sérgio que, no pós 25 de Abril, começou a tocar discos importados na Rádio Renascença. Entusiasmado com a simplicidade do novo estilo musical, lançou um disco pirata e, apesar de não existir movimento punk estabelecido, resolveu produzir a primeira banda revolucionária portuguesa.[1] Convidou os jovens Paulo Pedro Gonçalves 'aka Rocky Tango–Rock Assassino' (voz e guitarra), Jorge Lee 'aka Finuras Punhos de Renda' (guitarra), Pedro Ayres Magalhães 'aka Dedos de Tubarão' (baixo) e Emanuel Ramalho 'aka Gato Dinamite–Flash Gordon' (bateria) para formarem Os Faíscas. A decisão da escolha de pseudónimos, ocultando os nomes verdadeiros, revelou a vontade da banda em contrariar a normalidade.[2][3] Os jovens músicos eram influenciados pelo movimento e cultura punk que despontou na década de setenta em Inglaterra e Estados Unidos e que se baseava numa forte contestação ao sistema capitalista. Os quatro rapazes de Lisboa importaram para Portugal os valores de contracultura iniciado pelo movimento hippie na década de sessenta e que o punk deu continuidade mas com algumas diferenças ideológicas.[4][5] Efêmera carreiraOs Faíscas competiam diretamente com os Aqui d’el-Rock, também formados em 1977, e essas duas bandas abriram caminho a outros praticantes de punk rock, caso dos Minas & Armadilhas, UHF ou Xutos & Pontapés. Pedro Paulo Gonçalves reitera a origem do punk em Portugal à sua banda:
Realizam o primeiro concerto no dia 31 de março de 1978 no 1º festival da revista Música & Som em que tocaram treze temas, alguns covers, e os inéditos "Não Perdes Pela Demora" e "Faca Na Barriga".[3] Seguiram-se vários concertos na discoteca Brown's e no Bar É, em Lisboa. Sob a orientação do road manager Zé Pedro (que viria mais tarde a formar os Xutos & Pontapés) os Faíscas começaram a organizar concertos na Sociedade Filarmónica Alunos de Apolo criando a tradição das matinés de sábado, onde terão inspirado o nascimento de outras bandas, caso dos Xutos & Pontapés e dos UHF. Na ausência de bandas punk para preencher a primeira parte, os Faíscas criaram uma banda paralela chamada Jô Jô Benzovac & Os Rebeldes, como recorda Pedro Gonçalves: "Tocamos um set de rock'n'roll (Elvis, Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis) depois saímos do palco, vestimos uns amigos com a nossa roupa, meias de seda, vieram ao palco tiraram as meias, agradeceram ao público e nós começámos o set dos Faíscas".[1] Faziam a sua própria divulgação distribuindo fanzines com informação da banda, uma vez que o rock que se fazia no mundo não era divulgado pelas rádios, jornais e televisão. A desatenção geral em relação ao que se passava com o novo género de música cantada em português era de tal ordem que não há registos fotográficos dos concertos dados pelos Faíscas nem registos audio dos seus temas.[2] Realizaram uma pequena digressão pelo país com destaque para o concerto no dia 27 de maio de 1978, no Sabugal, em que protagonizaram em palco uma atitude provocatória nunca antes vista em Portugal.[3] Sem interesse e apoio das editoras, a banda terminou o percurso dando o último concerto no dia 13 de janeiro de 1979 na sala dos Alunos de Apolo num espetáculo integrado nas comemorações dos 25 anos do rock n'roll.[6][7] Para memória da sua atividade ficou apenas o registo de uma maqueta gravada na Rádio Comercial.[1] Com o final dos Faíscas, Paulo Pedro Gonçalves, Pedro Ayres Magalhães e Emanuel Ramalho decidiram não desistir do sonho que os havia unido e formaram com outros três músicos os Corpo Diplomático, a primeira banda portuguesa de new wave. Ayres Magalhães e Pedro Gonçalves estariam na origem da formação dos Heróis do Mar, em 1981, que atingiu enorme sucesso na década de 1980.[8] Membros
Referências
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