República Centro-Africana
A República Centro-Africana, também chamada de República da África-Central e Centráfrica,[5] é um país localizado no centro da África, limitado a norte pelo Chade, a nordeste pelo Sudão, a leste pelo Sudão do Sul, a sul pela República Democrática do Congo e pela República do Congo, e a oeste pelos Camarões. A capital do país é a cidade de Bangui. A maior parte da República Centro-Africana consiste em savanas, mas o país também inclui uma zona Saaral-sudanesa no norte e uma zona de floresta equatorial no sul. Dois terços do país estão na bacia do rio Ubangui (que desemboca no rio Congo), enquanto o terço restante está localizado na bacia do Chari, que desemboca no Lago Chade. O que hoje é a República Centro-Africana foi habitada há milênios. No entanto, as fronteiras atuais do país foram estabelecidas pela França, que governou o país como uma colônia a partir do final do século XIX. Depois de conquistar a independência da França em 1960, a República Centro-Africana foi governada por uma série de líderes autocráticos. Na década de 1990, as chamadas para a democracia culminaram nas primeiras eleições democráticas multipartidárias em 1993, quando Ange-Félix Patassé se tornou presidente. Em 2003, através de um golpe de Estado, o general François Bozizé destituiu Patassé é e assumiu o poder. A guerra civil no país iniciou-se em 2004 e, apesar de um tratado de paz em 2007 e outro em 2011, eclodiram combates entre o governo, muçulmanos e facções cristãs em dezembro de 2012, levando a uma limpeza étnica e religiosa e deslocamentos populacionais massivos em 2013 e 2014. Apesar de suas jazidas minerais significativas e outros recursos, tais como reservas de urânio, petróleo, ouro, diamantes, madeira e energia hidrelétrica, bem como quantidades significativas de terras aráveis, a República Centro-Africana está entre os dez países mais pobres do mundo. HistóriaEm 1920, foi criada a África Equatorial Francesa e o Ubangui-Chari foi administrado a partir de Brazzaville. Seguindo o modelo do Estado Livre do Congo de Rei Leopoldo, as concessões foram atribuídas a empresas privadas que se esforçavam por esvaziar os activos da região da forma mais rápida e barata possível, antes de depositarem uma percentagem dos seus lucros no tesouro francês. As empresas concessionárias obrigavam as populações locais a colher borracha, café e outros produtos sem remuneração e mantinham as suas famílias como reféns até cumprirem as suas quotas. Entre 1890, um ano após a chegada dos franceses, e 1940, a população diminuiu para metade devido a doenças, fome e exploração.[6] Durante as décadas de 1920 e 1930, os franceses introduziram uma política de cultivo obrigatório de algodão, foi construída uma rede de estradas, foram feitas tentativas para combater a tripanossomíase africana e a doença do sono e a missão protestante. Foram estabelecidas missões para difundir o cristianismo. Foram também introduzidas novas formas de trabalho forçado e um grande número de ubangianos foi enviado para trabalhar no caminho de ferro Congo-Oceano. Muitos destes trabalhadores forçados morreram de exaustão, de doença ou das más condições de trabalho, que vitimaram entre 20% e 25% dos 127 000 trabalhadores.[7] Em 1928, uma grande insurreição, a rebelião Kongo-Wara ou "guerra do cabo da enxada", eclodiu em Ubangi-Shari Ocidental e continuou durante vários anos. A extensão desta insurreição, que foi talvez a maior rebelião anti-colonial em África durante o período entre guerras, foi cuidadosamente ocultada do público francês, porque constituía uma prova de forte oposição ao domínio colonial francês e ao trabalho forçado. Em 1958, tornou-se república dentro da Comunidade Francesa e totalmente independente em 1960. Em 1976, seu presidente, Jean-Bédel Bokassa, declarou-a império e a si próprio imperador. Após denúncias de atrocidades, ele foi deposto em 1979, e o país voltou a ser República. A instabilidade política persistiu e, em 1981, o general André Kolingba tomou o poder. O governo civil foi restaurado em 1986, com Kolingba ainda presidente. Houve reivindicações por eleições multipartidárias e o Movimento Democrático pela Renovação e Evolução na África Central (MDREC) foi constituído. Uma conferência constitucional fracassou em 1992 e o líder do MDREC foi aprisionado. Em 1993, ocorreram eleições livres, vencidas no segundo turno por Ange-Félix Patassé, ex-primeiro-ministro do governo Bokassa. Em 2003, um golpe de Estado depôs Patassé, e o líder rebelde François Bozizé assumiu o poder. Dois anos depois, ele organizou eleições presidenciais e as venceu em segundo turno.[8] Em 2013, Bozizé foi deposto por um novo golpe, após a coalizão rebelde Seleka assumir o controle da capital e forçar a fuga do ex-presidente para os Camarões.[9] GeografiaA República Centro-Africana é um dos poucos países africanos sem saída para o mar. O terreno é pouco acidentado, tendo as suas maiores altitudes nos restos do maciço de Adamaoua, que chega dos Camarões, a noroeste, e no maciço dos Bongo, a nordeste. A sul, é marcado pelos vales dos rios Ubangui e Bomu. A floresta tropical resume-se à extremidade sudoeste e a algumas zonas dispersas pelo sul, sendo o restante território ocupado por savana, cada vez mais seca à medida que se caminha para norte e se aproxima do Sahel. A maior cidade é, de longe, a capital, Bangui. O Monte Ngaoui é o mais alto do país e situa-se sobre a fronteira com os Camarões, no oeste do país. DemografiaVer artigo principal: Demografia da República Centro-Africana
A população quase quadruplicou desde a independência. Em 1960, a população era de 1 232 000, enquanto em 2009 a população já era de 4 444 000. Nota: As estimativas para este país levam em conta os efeitos do excesso de mortalidade devido à SIDA, o que pode resultar em menor expectativa de vida, alta mortalidade infantil e taxas de mortalidade, menor população e as taxas de crescimento, e as mudanças na distribuição da população por idade e sexo do que seria esperado. As Organizações das Nações Unidas estimam que cerca de 11% da população entre os 15 e 49 anos é portador do vírus do HIV.[10] Apenas 3% do país tem a terapia antirretroviral disponível, em comparação com 17% de cobertura nos países vizinhos do Chade e da República do Congo.[11] A nação está dividida em mais de 80 grupos étnicos, cada um com sua própria língua. Os maiores grupos étnicos são os baya (33%), banda (27%), mandjia (13%), sara (10%), mboum (7%), m'baka (4%) e yakoma (4%), com os outros 2%, incluindo descendentes de europeus, principalmente franceses. A principal língua, ou língua-franca, é o sango (que também é língua materna para 17% da população), enquanto a língua oficial e de negócios é o francês. Outras línguas nacionais incluem: mbum, zande, gbanu, caba, kako, kare, laka, mbay, ngam, mbaka, pana e yaka. ReligiãoVer artigos principais: Religião na República Centro-Africana e Igreja Católica na República Centro-Africana
Os cristãos formam 66% da população, enquanto 18% da população mantém elementos das religiões tradicionais africanas. O islão é praticado por cerca de 15% da população do país.[carece de fontes] Há muitos grupos missionários que operam no país, incluindo os luteranos, batistas, católicos, os mórmons e as Testemunhas de Jeová. Embora estes missionários sejam predominantemente dos Estados Unidos, França, Itália e Espanha, muitos são também da Nigéria, República Democrática do Congo e outros países africanos. Muitos missionários deixaram o país devido aos combates entre rebeldes e forças do governo em 2002 e 2003. Muitos já voltaram para o país e retomaram as suas atividades. Cidades mais populosas
Língua oficialO país possui duas línguas oficiais: o francês e o sango (também chamado shango), uma língua crioula baseado na língua ngbandi, tendo semelhança com muitas palavras francesas. É um dos poucos países africanos a ter uma língua africana como oficial. PolíticaA República Centro-Africana é uma república presidencialista. O presidente é o chefe de Estado e o chefe de governo, eleito por voto popular para um período de seis anos. É ele quem indica o primeiro-ministro e preside o conselho de ministros. Até o golpe de Estado contra François Bozizé, em 2013, o país contava com uma Assembleia Nacional composta por 105 membros, eleitos para um período de cinco anos através de eleição em dois turnos.[9] O presidente é eleito por voto popular para um mandato de seis anos e o primeiro-ministro é nomeado pelo presidente. O presidente também nomeia e preside o Conselho de Ministros, que inicia as leis e supervisiona as operações do governo. No entanto, a partir de 2018, o governo oficial não está no controle de grandes partes do país, que são governadas por grupos rebeldes. O presidente em exercício desde abril de 2016 é Faustin Archange Touadera, que acompanhou o governo interino sob o comando de Catherine Samba-Panza. O primeiro-ministro interino é Henri-Marie Dondra. A Assembleia Nacional da República Centro-Africana tem 131 membros, eleitos para um mandato de cinco anos usando o sistema de duas rodadas. Como em muitas outras ex-colônias francesas, o sistema legal da República Centro-Africana é baseado na lei francesa. O Supremo Tribunal Federal do país, ou Cour Supreme, é composto de juízes nomeados pelo presidente. Há também um Tribunal Constitucional, e seus juízes também são nomeados pelo presidente.[13] SubdivisõesVer artigo principal: Subdivisões da República Centro-Africana
A República Centro-Africana divide-se em 14 prefeituras administrativas, 2 prefeituras econômicas e 1 comuna autônoma. As 14 prefeituras são:
EconomiaVer artigo principal: Economia da República Centro-Africana
É um país de economia bastante agrícola: agricultura de subsistência (mandioca, milhete, inhame, milho, etc.) e de exportação (café e algodão), e criação de gado. A principal fonte de riqueza mineral é a produção de diamantes. A industrialização limita-se ao beneficiamento de produtos minerais e vegetais. As rendas provenientes do turismo não cobrem seu déficit comercial, o que o torna um dos países mais pobres do mundo. Tal situação é agravada pelo isolamento geográfico, que contribui para desaquecer a exploração de urânio (em Bakuma), além de limitar as exportações (café, algodão, madeira, diamantes) do país. O turismo é a nova e crescente fonte de divisas. InfraestruturaTransportesBangui é o centro de transportes da República Centro-Africana. Desde 1999, oito estradas conectam a cidade para outras cidades principais no país, além do Camarões, Chade e Sudão do Sul. Entre estas estradas, poucas estão pavimentadas. Durante a estação chuvosa de julho a outubro, algumas estradas ficam intransitáveis.[14][15] Balsas navegam a partir do porto fluvial em Bangui para Brazavile e Congo. O rio pode ser navegado a maior parte do ano, entre Bangui e Brazavile. A partir de Brazavile, as mercadorias são transportadas por via ferroviária para Pointe-Noire, porto atlântico do Congo.[16] O porto fluvial lida com a esmagadora maioria do comércio internacional do país e tem uma capacidade de movimentação de carga de 350 000 ton; que tem 350 m de comprimento do cais e 24 000 m2 de espaço de armazenagem.[14] O Aeroporto Internacional de Bangui M'Poko é único aeroporto internacional da República Centro-Africana. O aeroporto detém voos diretos para Brazavile, Casablanca, Cotonu, Duala, Kinshasa, Lomé, Luanda, Malabo, Jamena, Paris, Ponta Negra e Iaundé. Pelo menos desde 2002 tem havido planos para ligar Bangui por linhas ferroviárias ao transporte ferroviário em Camarões.[17] SaúdeVer artigo principal: Saúde na República Centro-Africana
A expectativa de vida feminina ao nascer era de 48,2 anos e a do sexo masculino era estimada em 45,1 anos em 2007. A taxa de fertilidade é de cerca de cinco nascimentos por mulher.[18] A despesa pública em saúde foi em estimada em U$ 20 por pessoa em 2006.[18] Havia 8 médicos por 100 000 pessoas em 2004.[19] Despesa pública na saúde era de 10,9% das despesas totais do governo em 2006.[18] CulturaA cultura da República Centro-Africana varia muito entre os povos e grupos étnicos. Um importante grupo étnico é composto pelos Bantus, em particular as pessoas comuns do Congo e Camarões, divididas em miríades de pessoas muito ligadas ao grupo local. Assim, cada "grande" cidade tem o seu povo, seu idioma (próximo do sango) e uma recente história vinculada aos políticos e os seus homens de poder.
Ver tambémReferências
Ligações externas
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