Argentina na Copa do Mundo FIFA de 1958
A seleção de Argentina foi uma das 16 participantes na Copa Mundial de Futebol de 1958, que se realizou em Suécia. Foi eliminada em primeira rodada ao cair por 6:1 frente a Checoslovaquia. O treinador era Guillermo Stábile e o capitão era Néstor Rossi. O torneio supôs o regresso de Argentina à Copa do Mundo após 24 anos e viu-se protagonista de um dos grandes fiascos de sua história. PreparaçãoArgentina, que se tinha postulado para ser sede da Copa Mundial de Futebol de 1938, perdeu na votação final contra França e desistiu de participar. Em 1950, Argentina anunciou que não participaria do Mundial devido a diferenças existentes entre a AFA e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e também pelo éxodo de seus principais jogadores a Colômbia. Em 1954, também pelo éxodo, a Selecção Argentina se negou a participar do torneio. Argentina chegava a cita mundialista com o título de campeão sul-americano obtido um ano antes no Peru. Graças a uma atuação demolidora do ataque apelidado "Os Carasucias", formado por Antonio Angelillo, Humberto Maschio e Omar Sívori. O nome provinha do filme Anjos com caras sujas, popular na Argentina da época, que contava a história de jovens impulsivos e rebeldes. O jovem trío atacante de Argentina marcou 20 dos 25 golos da equipa em América do Sul. Suas atuações chamaram a atenção do Futebol italiano. Antonio Angelillo foi traspassado ao Internazionale, Humberto Maschio ao Bolonha e Omar Sívori ao Juventus. No entanto, os clubes europeus não estavam obrigados a ceder a seus jogadores para o Mundial. Aparte dos clubes italianos, o Real Madrid também não liberou o seu goleiro Rogelio Domínguez. O presidente da AFA, Raúl Colombo, minimizou a ausência das estrelas internacionais e declarou: "não há problema, temos jogadores de sobra". Os jogadores Campeões sul-americanos queixaram-se à federação por não terem sido convocados. Humberto Maschio disse: "Não fomos a Suécia porque nunca nos chamaram. E nunca soubemos por que. Acho que poderíamos ter contribuído com mais ritmo, mais luta contra as equipes europeias, mais experiência. Mas nunca saberemos o que poderia ter passado".[1] Sob a direção técnica de Guillermo Stábile, o conjunto argentino atingiu a classificação após eliminar a Bolívia e a Chile. Nas eliminatórias, o desempenho do seu ataque: Goleadores
Assistentes
Antes da Copa do Mundo, o capitão Pedro Dellacha previu dificuldades: "Será muito difícil jogar na Suécia. Porque os times europeus correm muito, eles têm um ritmo e uma velocidade diferentes".[2] Faltando um mês para a competição, em 18 de maio de 1958, as bolsas de apostas inglesas colocavam a União Soviética, medalha de ouro nos Futebol nos Jogos Olímpicos de Verão de 1956, com boa vantagem como favorita na proporção de 3.5. O Brasil, que tinha uma geração de jovens jogadores que chamavam a atenção, era o segundo favorito pagando 6.0 e a Argentina, com sua hierarquia, em terceiro lugar com 7.[3] CampanhaNa partido inaugural contra Alemanha Ocidental, depois de perder o sorteio pelos uniformes, como unicamente levaram um jogo de camisas, a seleção argentina pediu emprestada camisetas amarelas a um clube local, o IFK Malmö.[4] Argentina foi derrotada por 3-1. A equipa argentina tinha um sério problema de lentidão, pela própria constituição física de seus jogadores, especialmente os defensores, do que por problemas de treinamento. O seleccionador alemão, Sepp Herberger ordenou então a Rahn que retrocedesse atraindo a seu marcador Vairo, com o qual provocava um enorme vazio no sector esquerdo da defesa argentina, já que o volante desse lado, Varacka, jogava naturalmente adiantado. Ali colocava-se como receptor Fritz Walter, atraindo ao marcador central Dellacha. Enquanto, pelo outro lado, chegava Uwe Seeler, às costas de Néstor Rossi. Como Rahn chegava cortado pelo centro e Scäefer se fechava pela esquerda, o ataque alemão estabelecia uma superioridade de quatro contra duas na zona de definição. Argentina abriu o marcador com um golo de Orestes Corbatta depois de um passe longo de Eliseo Prado no minuto 2. Foi a única partido de Eliseo Prado no torneio. No minuto 33, Fritz Walter encontrou a Helmut Rahn. 1-1. Uwe Seeler deu a volta ao partido no minuto 40. 2-1. Argentina pressionou na segunda parte e, num contragolpe, Fritz Walter assistiu a Helmut Rahn para fechar o partido no minuto 79.[5] Na segunda partida, Argentina recuperou-se e venceu a Irlanda do Norte por 3-1. Segundo Guillermo Stábile depois da partida, o veterano Ángel Labruna, de 39 anos, que não jogou no primeiro partido, pôs ordem na equipa argentina. Danny Blanchflower centrou e Peter McParland abriu o marcador no minuto 3. Willie Cunningham pôs a mão na bola e Orestes Corbatta lançou o pênalti no minuto 38. 1-1. Norberto Menéndez recolheu o recuse da defesa para dar a volta ao partido no minuto 55. Ludovico Avio arrematou a golo um centro de Orestes Corbatta no minuto 59 para sentenciar o partido. 3 a 1.[6] Na última partida da fase de grupos, o fiasco com a derrota por 6-1 ante a selecção nacional de futebol de Checoslovaquia. O partido conheceu-se na imprensa como o Desastre de Suécia. Embora tenha lamentado a ausência do seu ataque "Os Carasucias", a seleção Argentina apresentou uma defesa débil, sofrendo 10 gols em 3 partidas, sendo vazado em todos os jogos. RepercussãoGuillermo Stábile renunciou à direcção técnica depois deste episódio, cargo que mantinha desde 1939 e no qual tinha conseguido 6 títulos de Campeonato sudamericano. Depois da partida, o guardameta Amadeo Carrizo foi o maior culpado da derrota. O guardameta recorda ter "sofrido muito, disseram-me coisas horríveis, minha casa estava coberta de pintura, meu carro quase destroçado". Carrizo recorda a sensação depois da partida: "Após a partida nos fechamos no hotel e não queríamos sair, ninguém esquece algo assim. Às vezes põem imagens daquele Mundial na tv, mas eu não quero nem o ver e mudo de canal". Para Carrizo, o futebol argentino estava defasado: "Não sabíamos o que passava na Europa e o futebol estava em seu apogeu. Na Inglaterra, Alemanha e França já tinha tido um progresso espetacular, com grandes jogadores, e nos passaram por cima."[7] Amadeo Carrizo renunciou à selecção de seu país à qual voltou, no entanto, em 1964 para a Copa das Nações. Depois revelaria: "Quando chegamos ao país, após a eliminação, o avião teve que aterrar numa chacra de Monte Grande para que não nos matassem. Alguns jornalistas argentinos que estavam em Suécia lhe tinham pedido à gente que nos procurassem com paus e pedras, tinha muita bronca, nos queriam matar, diziam que éramos "vendepatria". Ninguém achava que a Argentina carecia de organização e que nenhum de nós cobrou um peso para jogar esse mundial."[8] Pedro Dellacha: “Nós estávamos acostumados a jogar somente nos domingos e a treinar terças-feiras e quintas-feiras. Essa foi a grande causa de nossa derrota. Pagamos o preço de achar que, com o que tínhamos, era o suficiente para derrotar os europeus. O futebol internacional não era tão difundido na Argentina e isso determinou que não compreendêssemos a importância de um Mundial.”. Ángel Labruna: "Fomos com os olhos vendados, às cegas. Não estávamos preparados nem física nem tecnicamente para enfrentar três partidas numa semana".[9] Por outro lado, a crónica posterior à partida na revista O Gráfico criticava à preparação física: "Os futebolistas criollos vivem do futebol, mas são poucos, muito poucos quem vivem para o futebol. Que é outra coisa. Não se submetem, não se prestam à preparação física rigorosa. Não vivem para o futebol. Não são como os alemães, que às 9 da manhã do outro dia estavam a treinar novamente, enquanto os argentinos dormiam. Não se pode falar de falhas na equipa argentina; foi superado visivelmente pela velocidade, estado atlético, organização, sobriedade, sentido prático que têm os checoslovacos.".[10] PlantelParticipação
Fase de gruposGrupo 1
Goleadores
Assistentes
Veja tambémReferências
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