Bruna Beber
Bruna Beber Franco Alexandrino de Lima (Duque de Caxias, 5 de março de 1984) é uma poeta, escritora, artista visual, compositora, tradutora e pesquisadora brasileira.[1] Após colaborar, durante os anos 2000, com diversos sites, blogs e revistas impressas de literatura, poesia e música, publica, em setembro de 2006, seu livro de estreia na poesia, A fila sem fim dos demônios descontentes.[2] Em 2007, passa a morar na cidade de São Paulo. Desde a estreia, publica também balés (poesia, 2009), rapapés & apupos (poesia, 2012), Rua da PadariA (poesia, 2013), Ladainha (poesia, 2017), Uma encarnação encarnada em mim: cosmogonias encruzilhadas em Stella do Patrocínio (ensaio, 2022) e VELUDO ROUCO (poesia, 2023). É também autora do livro Zebrosinha, voltado ao público infantil, ilustrado por Beta Maya (prosa, 2013). Participa como autora convidada de diversos eventos literários no Brasil e no exterior, com destaque para a Festa Literária Internacional de Paraty, em 2013,[3] e a Göteborg Book Fair, em 2014, na Suécia, integrando a comissão oficial de escritores que representaram o Brasil.[4] Seus poemas, reconhecidos entre os mais importantes de sua geração, já foram publicados em revistas e antologias no Brasil, Alemanha, Argentina, Espanha, Estados Unidos, México e Portugal.[5] Em 2021, obtém o Mestrado em teoria e história literária pela Universidade Estadual de Campinas com a dissertação "Uma encarnação encarnada em mim - cosmogonias encruzilhadas em Stella do Patrocínio", sob orientação de Eduardo Sterzi.[6] Obras
Em balés, de 2007, Bruna revela ter composto um "livro mais lírico, mais musical, com uma linha definida"[8] cuja dicção sentimental nasce do "caos maravilhoso" do diálogo da autora com a música popular: "respeitoso, porque a admiro, e abusado, por sermos muito íntimas." Nele, Bruna adotou a técnica de "ouvido, reescritura e quebra-cabeça" em que a gravação e audição das primeiras versões dos poemas ditou a experimentação de refazê-los. Em balés, a autora diz debruçar-se "muito sobre o que acaba para compreender todo dia que tudo começa."[9] Rapapés e Apupos, publicado em 2010 em edição limitada a 50 exemplares numerados e reeditado em 2012 em tiragem regular, traz 15 poemas inéditos, escritos entre 2000 e 2005, que ficaram de fora do primeiro livro da autora. Sobre a obra, foi dito que traz "versos, ao mesmo tempo, ácidos e delicados. Busca-se um lirismo despojado e mesmo despoetizado, que pode ser entendido como um impulso para apagar as fronteiras entre a poesia e a vida."[10] Sobre Rua da PadariA, de 2013, Bruna revela ser "um hino às pessoas que vivem em lugares menores, afastadas do centro (...) Lugares com uma outra lógica de vida, uma outra relação com o tempo. Esse ambiente se reflete nos poemas. Onde eu morava, havia pessoas de todos os lugares do Brasil, muitos sotaques diferentes. As casas são grudadas, não há privacidade, uma vizinha dá um passo e já está dentro da sua casa, contando uma história. Sempre falando muito alto... Porque não existe falar baixo na Baixada."[11] Neste livro, foi publicado o poema mais conhecido de Bruna Beber, "romance em doze linhas", sobre o qual a autora disse "não passo uma semana sem que ele não reapareça para mim, não há um lugar que vou que as pessoas não me peçam para lê-lo. Só no Facebook, ele já foi compartilhado mais de cem mil vezes. (...) Já aconteceu de estar em lugares e alguém citar esse poema, sem saber que eu era autora e estava ali (...) outras já fizeram camisetas com ele. Ou seja, esse poema não é mais meu, e ele tem durado."[12] Ainda em 2013, publica Zebrosinha, seu primeiro livro para o público infantil, com ilustrações de Beta Maya, em que uma pequena zebra é "uma criança que é o que é, sem precisar gostar de rosa, azul ou amarelo."[13] Em 2017, lança Ladainha, livro de poemas que Bruna considera "uma espécie de antinomia. Eu quis pôr em conflito meus próprios modos de fazer poesia, quis esmiuçar a vontade do imaginado e me aventurar profundamente no mistério que é escrever, reescrever, fazer escolhas, mudar de ideia e negar tudo em seguida. Foi muito mais que um risco, pois desde sempre me propus desarmada, com poucos negativos e mapas. (...) Eu quis me submeter e me submeti a todo momento. Por isso, vejo o Ladainha como um livro sem filiação, cheio de desabamentos, afogamentos, superoxigenação e recomeços."[12] Para a crítica, Ladainha é "um ponto de viragem" na obra da autora, o livro em que seus poemas estão "tão maduros quanto um fruto doce",[14] um livro que "soa como uma nota beberiana tocada uma oitava abaixo. É um livro mais grave que os anteriores, ele mesmo povoado por setas, por um anseio de rumos e direções que, à poeta em sintonia com seu tempo, nunca estão dados."[15] Em 2022, lança Uma encarnação encarnada em mim: cosmogonias encruzilhadas em Stella do Patrocínio, obra transdisciplinar que coloca a "fala-emanação-vida-poema" de Stella na tradição das cosmogonias, "um ensaio afetivo e rigoroso que evita falar por e opta por uma escuta-entre. Mais do que a defesa de uma poética da diferença, é um diálogo que nasce de uma tentativa de elaborar a arquitetura de uma escuta aberta e com o corpo, de ouvir a fala emanando de outro corpo e deixar-se imantar, de ser atravessada, de ser possuída pela poética e conceitos dessa fala, para além de qualquer recorte, seja ele sociológico, psicanalítico ou antropológico (...) É um ensaio marcado pela proposição de um “lado de fora” para que seu tema possa não apenas respirar, mas ser expandido, contextualizado e, acima de tudo, cantado, porque de uma fala oratório-laico nasce um canto vivo. A seção final do livro é uma decantação da música irradiada por essa divina fala oratória de Stella."[16] Em 2023, lança VELUDO ROUCO, para o escritor e jornalista Ronaldo Bressane, "em versos cheios de ginga e humor, banhados na típica melancolia suburbana da Baixada Fluminense - tão perto e tão longe do mar -, Bruna recupera ambientes, situações e personagens de um tempo que "oficialmente não existe mais", porém permanece soando na memória do corpo, numa ponte inusitada entre Duque de Caxias e a Barra Funda paulistana."[17] Para Luiz Antonio Simas, na orelha do livro em sua primeira edição, "entre beijos, mangas, cheiros de sabonetes vagabundos e sovacos suados, barulhos de trens em trilhos enferrujados, água sanitária, novalginas, novenas, rosas, mosquitos, subúrbios cariocas, o calor de Duque de Caxias e as encruzilhadas de São Paulo, a poesia e a prosa de Bruna passeiam por uma espécie de contrapelo à ideia de que a história humana se movimenta nos grandes salões, campos de batalha, gabinetes e similares." Antologias de poesiaBruna Beber já teve poemas incluídos em dezenas de antologias, no Brasil e no exterior, entre as quais destacam-se: No Brasil
No exterior
Antologias de contos e crônicas
TraduçõesLiteratura geralA partir de 2015, Bruna traduz do inglês livros de poesia, contos, romances, ensaios e dramaturgia de autores clássicos e contemporâneos. Sobre sua tradução de Hamlet, de William Shakespeare, foi dito pela crítica que "seu trabalho não engessa o texto; pelo contrário, valoriza cada linha original. O texto flui, escapando do beletrismo besta que já foi considerado coisa fina."[19] Entre as traduções de Bruna Beber destacam-se:
Literatura para o público infantojuvenilBruna Beber traduz também diversos títulos para o público infantojuvenil. Sobre estas traduções, Bruna já comentou que "algumas coisas precisam ser recriadas. Não tem jeito: você precisa trazer certas referências para o seu leitor. Precisa ser divertido para uma criança do Brasil, que fala português. Eu não sei dizer em termos de porcentagem o quanto é tradução e o quanto é algum tipo de criação. As coisas se misturam, é sempre um equilíbrio".[20] Entre estas traduções, destacam-se:
Exposições e performancesSobre seu trabalho em Artes Visuais, a artista já disse que tudo o que desenvolveu "passa pela palavra – escrita, lida, falada, desenhada. O que não passa? Como toda criança que está aprendendo a escrever, eu gosto de rabiscar todas as coisas. Como toda criança que está aprendendo a falar, eu acho graça em todas as palavras. Como toda criança que está acabando de nascer, tudo para mim é descoberta. E a palavra é isso, começo, o momento próprio de tudo que faço. Então, hoje eu te diria que sim, que a poesia escrita se mistura com tudo."[12] Entre suas exposições – individuais e coletivas – e performances, destacam-se:
CançõesBruna Beber compõe letras de canções em parcerias e também tem alguns de seus poemas musicados:
Referências
Ligações externasInformation related to Bruna Beber |