Chester WilliamsChester Mornay Williams (Paarl, 8 de agosto de 1970 – Cidade do Cabo, 6 de setembro de 2019) foi um jogador sul-africano de rugby union. Atuava na posição de ponta.[1] Foi campeão da Copa do Mundo de Rugby Union de 1995, na própria África do Sul. Atuando como fullback, ficou conhecido como o único negro naquele elenco da Seleção Sul-Africana,[2] historicamente associada aos brancos no rugby (e com isso normalmente desprezada pelos negros do país), naquele mundial. O título do torneio foi usado pelo recém-eleito presidente Nelson Mandela justamente para unir um país marcado pela segregação [3] e rendeu o livro Conquistando o Inimigo, de John Carlin, que por sua vez inspirou o filme Invictus, de Clint Eastwood.[4][5] No filme, Williams é interpretado por McNiel Hendriks. Apesar dessa fama, Williams, a rigor, não era qualificado como negro durante o regime de segregação racial, e sim como coloured (mestiço). Ele foi o primeiro não-branco a defender os Springboks a partir de 1992, quando, com o fim do apartheid, os Boks passaram a verdadeiramente representar toda a nação; até então, havia uma seleção própria para os mestiços e asiáticos (apelidada de Proteas), uma outra para negros (chamada de Leopards) e tentativas de equipes multirraciais através da versão sul-africana dos Barbarians e com a seleção apelidada de Mbabalas, embora só os Springboks (restritos aos brancos) fossem considerados a seleção oficial do país. No geral, Williams foi o terceiro não-branco a ser aproveitado pelos Boks; nos anos finais de segregação oficial, a seleção dos brancos usou primeiramente Errol Tobias e depois Avril Williams, tio de Chester. Ambos também eram qualificados oficialmente como mestiços.[6][7][8] Williams estreou pelos Springboks em 1993, contra a Argentina, marcando um try.[1] No início, chegou a sofrer preconceito, incluindo dos próprios colegas: "Havia apelidos e algumas piadas ofensivas, mas só no começo. Todos viam as minhas habilidades, e formamos um time".[9] Foi visto por Nelson Mandela, ainda presidente recém-eleito na época da Copa de 1995, como símbolo da oportunidade de demonstrar que não existiam diferenças entre as etnias e cores sul-africanas, e acabou tornando-se um dos jogadores mais próximos do presidente: "ele foi a chave do nosso sucesso. Para mim, ele significava o mundo, era minha fonte de inspiração", disse sobre Mandela.[9] Naquela Copa, uma lesão pouco antes do mundial afastou Williams das primeiras partidas. Sua vaga ficou com Pieter Hendriks, que acabou suspenso após confusão no jogo contra o Canadá. Recuperado, Williams estreou na competição contra Samoa Ocidental, marcando quatro tries e sendo mantido entre os titulares. Ao fim da carreira, se posicionou contra o racismo em sua autobiografia Chester, mas também criticou o sistema racial de cotas empregado no rugby union sul-africano. Jogou por seu país até 2000.[1] Faleceu em 6 de setembro de 2019 aos 49 anos, vítima de um ataque cardíaco[10] na Cidade do Cabo.[11] Sua morte foi vista como um impulso para a campanha sul-africana na Copa do Mundo de Rugby Union de 2019, realizada semanas depois;[8] com efeito, os Boks venceram-na, em um título marcado pelo ineditismo de protagonistas "oficialmente" negros (a incluir o próprio capitão, Siya Kolise) pelos antigos padrões racistas do país.[6] Referências
|