Ficou conhecido como o capitão da Seleção Sul-Africana que se sagrou campeã da Copa do Mundo de Rugby de 1995, na própria África do Sul. Este título foi extremamente importante para o país, pois aconteceu pouco depois do fim do Apartheid e contra uma lenda do rugby, os All Blacks (Nova Zelândia, que chegou à final com grandes goleadas, como os 145 a 17 no Japão, além da liderança em pontos, tries, conversões e drop goals[2]), cuja geração do momento é considerada uma das melhores dentre todos os esportes.[3] Por sua vez, a seleção sul-africana de rugby, esporte preferido dos brancos locais, era associada ao antigo regime de discriminação social e, com isso, desprezada (juntamente com este esporte) pelos negros.[4][5][6]
Recém-eleito, o presidente Nelson Mandela defendeu o apoio ao selecionado, cujo sucesso ajudou a oferecer um sentimento de união a um país marcado pela segregação, encontrando um meio-termo entre as aspirações da maioria negra oprimida e os temores da minoria branca, com sua hegemonia secular no poder interrompida;[5] a foto em que Mandela entrega a Taça Webb Ellis a Pienaar é uma das mais famosas do esporte sul-africano.[4]
Pienaar chegara à seleção em 1993, após uma carreira de quatro anos onde fazia sucesso na seleção provincial do Transvaal (hoje, convertida no clube profissional Golden Lions[7]). Por esta, ele jogou mais de cem partidas, sendo 89 como capitão, e no mesmo ano de 1993 vencera a Currie Cup (o campeonato sul-africano) e a edição inaugural do Super 10 (embrião do atual Super Rugby, principal competição clubística do hemisfério sul[8]). Na Copa do Mundo, liderou uma campanha de adversidades até a final: a estreia foi diante da detentora do título, a Austrália, invicta havia um ano e que perdeu por 18-27. Contra a França, a semifinal foi jogada sob chuva torrencial. Diante dos neozelandeses, ele foi um dos que exerceram marcação especial sobre o astro adversário Jonah Lomu.[1]
Após a Copa, porém, ele não durou muito na seleção, pela qual totalizou apenas 29 partidas; o novo técnico, Andre Markgraaf, o retirou sem cerimônias após o Três Nações 1996 (primeira edição do principal torneio anual de seleções do hemisfério sul [9]) e Pienaar não voltou a jogar pelos Springboks. Prosseguiu a carreira no campeonato inglês, contratado em 1997 pelo Saracens, ao qual liderou no ano seguinte ao primeiro troféu do clube em 127 anos e onde aposentou-se em 2000. Prosseguiu no Saracens como CEO e técnico até 2002 e hoje é um diretor não-executivo da equipe.[1]
Ele, que jogava como terceira linha, é considerado um dos dezesseis melhores jogadores que já passaram pelos Barbarians, equipe que consiste virtualmente em uma "seleção do mundo" no rugby union.[10] É também um dos membros do júri responsável por eleger anualmente o melhor jogador de rugby do mundo para a International Rugby Board.[11] O ESPN Scrum, site de estatísticas de rugby union, concluiu, em perfil destinado a Pienaar, que "como um jogador, era uma rocha defensiva; como um capitão, era um líder corajoso; e como um sul-africano, ele tornou-se uma lenda".[1]
↑ABREU, Dado (novembro de 2011). All Blacks dos anos 90. Revista ESPN n. 25. Editora Spring, p. 58
↑ABREU, Dado; LEAL, Ubiratan; MENDES JÚNIOR, Leonardo; SÍMON, Luís Augusto; TOSTÃO (novembro de 2011). 50 maiores equipes da história. Revista ESPN n. 25. Editora Spring, pp. 48-59
↑ abZANINI, Fábio. White power. Viagem & Turismo n. 169-A. Editora Abril, p. 23
↑ abcMEDAGLIA, Thiago (fevereiro de 2010). Uma alma invencível. Revista ESPN n. 4. Editora Spring, p. 94
↑SÍMON, Luís Augusto (novembro de 2009). Um novo país. Revista ESPN n. 1. Editora Spring, p. 91