Masculino genéricoEm português, galego[1], e castelhano, o masculino é o gênero não marcado (serve para designar os indivíduos do sexo masculino e toda a espécie sem distinção de sexos) e o gênero marcado é o feminino (serve apenas para designar o gênero feminino no singular e no plural).[2][3] O mesmo se verifica em muitas outras línguas, havendo casos que entrou em desuso, como no inglês.[4] DefiniçãoA Nova Gramática da Língua Espanhola (NGLE)[5] aponta que:
OrigemA origem do masculino como um termo não marcado na oposição de gênero deve ser buscada no antigo indo-europeu, por volta de dois milênios antes da era comum (AEC). Em um primeiro estágio deste idioma, chamado "proto-indo-europeu" (PIE), não havia inflexão de gênero sequer. Essa situação durou até que aos poucos a linguagem se tornou mais complexa. Ocasionalmente, em palavras que denotam seres animados, um *-s começou a ser usado para sujeitos (mais precisamente, para palavras em nominativo e genitivo) e, dependendo dos casos, *-n/-m/-om para complementos diretos (palavras no acusativo). Esse uso logo se tornou mais e mais geral, até que foi totalmente estabelecido. As palavras que denotavam seres inanimados, por outro lado, foram deixadas como estão (ou seja, o tema puro foi deixado sem qualquer inflexão), exceto por algumas exceções e peculiaridades.[6] Esta é considerada a origem da primeira distinção entre gêneros gramaticais: os gêneros animado/inanimado. Sobre o inanimado, Francisco González Luis afirma:
Agora, para designar entidades humanas de qualquer sexo, expressões como criança do sexo masculino ou criança do sexo feminino devem ser usadas (onde criança não tem conotação de sexo; apenas designa uma determinada entidade animada). Não foi até o indo-europeu III (IE III) que essa maneira de especificar o sexo do referente viu seu fim, especialmente no latim que emergiu no ramo itálico das línguas indo-europeias. Nesta fase, segundo o filólogo Francisco Villar (1991, p. 237), o *-ā final foi retirado da antiga palavra *-gwenā ('mulher') e foi usado como marca para todas as palavras que mulheres designadas ou animais fêmeas. Dessa forma, já em latim vozes como filia ('filha') eram obtidas do antigo *dhug(h)ətḕr, ou também avia ('avó') do antigo *anos.[8] Portanto, o gênero linguístico feminino (é claro, dentro do gênero das palavras animadas) nasceu. As palavras que não possuíam tal marca (ou seja, as não marcadas) constituíam o gênero linguístico masculino. Assim, toda aquela palavra animada que não tivesse a marca feminina seria simplesmente uma palavra masculina. O gênero feminino, nesse sentido, tendo nascido como uma unidade referente apenas a entidades femininas, tinha um caráter distinto e exclusivo, que o diferenciava de gêneros como masculino ou inanimado (posteriormente denominado neutro em latim). Foi isso que deu ao homem a capacidade de ter uma função inclusiva ou genérica (já que ele não nasceu como unidade exclusiva). Assim, em contextos de designação de ambos os sexos, era o masculino que deveria ser utilizado (por exemplo, filii é uma palavra latina e masculina que significa 'meninos', designando meninos e meninas indistintamente). Tendo isso em mente, em sua Gramática do indo-europeu moderno, Carlos Quiles e Fernando López-Menchero afirmam:
ControvérsiaAlgumas pessoas criticam o uso do masculino como genérico, pois afirmam que seu uso contribui para perpetuar a discriminação por gênero e propõem o uso de alternativas, como expressar o todo com ambos os gêneros (masculino e feminino) ou por meio de desinências.[10] No entanto, embora o uso circunlocutório do masculino genérico seja o mais comum, no caso castelhano a RAE não recomenda seu uso quando o contexto é suficientemente explícito para incluir indivíduos de ambos os sexos.[11] Referências
Bibliografia
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